terça-feira, 26 de abril de 2011

Brasil: CHUVAS NO RIO DE JANEIRO PROVOCAM DESTRUIÇÃO E MORTE




Grajaú-Jacarepaguá só será liberada depois de remoção de pedaços de rocha

O DIA – 26 abril 2011

Rio - O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou que não há previsão para liberar o tráfego na Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, uma das vias de ligação entre as Zonas Norte e Oeste do Rio. A rocha que rolou para a via devido à chuva da última segunda-feira tem 300 metros cúbicos e foi implodida. Técnicos da prefeitura implantaram explosivos dentro da pedra, que, com a implosão, foi fragmentada. A via só poderá ser liberada para o tráfego após a remoção dos pedaços da rocha e a limpeza das pistas.

Equipes do Instituto de Geotécnica da Prefeitura do Rio (Geo-Rio) estão no local, em frente ao Morro da Árvore Seca, para fazer uma avaliação da encosta. A pista está bloqueada desde o início da madrugada. O deslizamento da pedra, que tem o tamanho de um caminhão, não causou vítimas.

Com a interdição da autoestrada, os motoristas de Jacarepaguá que seguem para a região da Grande Tijuca e para o centro têm como opção a via expressa Linha Amarela e o Alto da Boa Vista. No sentido contrário, as alternativas são as mesmas.

De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura, a região da Grande Tijuca foi a que registrou o maior volume d’água durante a chuva – 274 milímetros em nove horas. Foi a quinta maior chuva desde 1997, quando foi criado o sistema de alarme da prefeitura carioca, o Alerta Rio.

Implosão

O bloco de 600 toneladas que rolou após as fortes chuvas na Grajaú-Jacarepaguá foi implodido parcialmente nesta terça-feira. Foram utilizados 50 quilos de dinamite na operação. Moradores da região tiveram que deixar a área para que operários da Prefeitura pudessem realizar a operação.

Ainda não há previsão para a reabertura da pista. Agentes da CET-Rio e Guarda Municipal orientam os motoristas no local e através de painéis com mensagens variáveis. Os motoristas devem evitar a autoestrada. A melhor opção de rota, no sentido Jacarepaguá, é o Alto da Boa Vista e Linha Amarela, e no sentido Grajaú, a Estrada do Pau Ferro e a Linha Amarela.

Outras vias devem ser evitadas. É o caso das ruas no entorno da Praça da Bandeira e da avenida Francisco Bicalho. A prefeitura trabalha na remoção de ônibus e veículos de passeio que ficaram retidos no local. Cerca de 10 reboques operavam no local por volta das 4h30. A região da Leopoldina também apresenta problemas, retenção no trânsito e muita lama.

Consequências trágicas

Um homem morreu afogado e uma mulher foi atingida por descarga elétrica durante o temporal que castigou o Rio na noite de segunda e madrugada desta terça. Uma pedra gigantesca - de 300 metros cúbicos - rolou sobre a Estrada Grajaú-Jacarepaguá, sentido Zona Oeste, e atingiu o carro da ex-BBB, Inês Carolina.

Pela primeira vez desde que foram implantadas, a Defesa Civil Municipal acionou a sirene de alerta em 10 comunidades da Tijuca, bairro mais atingido pela chuva. Mais de 120 moradores de áreas de risco deixaram suas casas e seguiram para os pontos de apoio, orientados por agentes comunitários. No mesmo bairro, uma mulher foi atingida por uma descarga elétrica na Rua Conde de Bonfim e foi levada para o Hospital do Andaraí.

Transtorno, limpeza muita paciência

Quando as águas dos rios Maracanã, Trapicheiros e Joana começaram a baixar, por volta das 4h desta terça, comerciantes e moradores da Praça da Bandeira arregaçaram as mangas para limpar lojas, portarias e casas.  O excesso de lixo acumulado nas ruas foi apontado como um dos grandes vilões da enchente deste ano.  O prefeito Eduardo Paes admitiu que a Comlurb teve dificuldades para fazer a frota de caminhões circular pela cidade, o que prejudicou a coleta.

"Na Rua Bela, em São Cristóvão, por exemplo, os caminhões tiveram dificuldade para sair, mas está previsto nas obras do PAC 2 a transformação da região da Praça da Bandeira, que há anos sofre com alagamentos. Com certeza, até o fim do ano, as obras vão começar. Não é uma obra rápida, acho que a população ainda vai sofrer um pouco com a Praça da Bandeira, mas o importante é que a obra será de suma importância para a cidade", garantiu o prefeito. 

Na esquina da Pereira de Almeida e Matoso, o comerciante e sócio do Augusto's Bar Mário Luís Rodrigues Gonzaga, 41 anos, disse que a enchente deste ano foi a pior de todas. "A água bateu na minha cafeteira, que fica sobre o balcão e olha que o bar tem um degrau grande que o separa da rua, mesmo assim encheu tudo muito rápido", revelou ele, que tentou evitar um prejuízo maior colocando peso sofre o freezer que  a água ameaçava levar.

Já o advogado aposentado Alceu Lima, 70, procurou manter o bom humor ao ver o seu carro arrastado pelas águas. "Não adianta a gente chorar, o jeito é manter a calma e ver o que pode ser feito. No meu caso, não tive saída porque a chuva me pegou quando fazia a travessia para a Zona Norte", explicou ele.  Outro que sofreu ao ver o carro sobre um frade de rua foi o livreiro Marco da Silva Antunes, 39. "É preciso paciência mesmo. Quero saber como a gente vai sediar a Copa do Mundo sem condições de fazer a água escoar", comentou.

Sufoco de quem ficou preso no trânsito


O Elevado Paulo de Frontin virou estacionamento por causa da forte chuva. Orientados por operadores de tráfego da CET-Rio e protegidos por uma patrulha da Polícia MIlitar, mais de 80 motoristas não tiveram dúvidas em transformar a pista do viaduto, sentido Zona Norte e Centro, em estacionamento.

"Minha
mãe me ensinou que sem paciência não se vai a lugar algum, portanto é melhor ficar aqui até porque escutei pelo rádio que a Praça da Bandeira estava alagada", explicou assistente administrativo Márcia Silva, 53, que saiu de Ipanema em direção ao Grajaú. O trajeto, feito em 30 minutos, levou mais de seis horas.

O comerciante Raimundo do Carmo Pereira, 48, estava irritado com o tempo perdido sobre o viaduto. "Achei melhor parar, avisei a família, mas a verdade é que dá uma vontade danada de enfrentar a enchente. O problema é que o carro é da minha mulher", disse ele, que completou seis horas à espera da fluidez do trânsito para seguir viagem pela Ponte Rio-Niterói.

Em companhia da filha Bernardete da Silva, 17, a esteticista Júlia dos Santos, 34, criticou a conduta dos responsáveis pelo viaduto. "Eles poderiam rebocar os carros parados para que pudéssemos atravessar a Praça da Bandeira",  sugeriu ela, que saiu da Lagoa em direção à Vila Isabel.

Para o médico Ronaldo Vegni, 47, a viagem de Botafogo para Niterói foi transformada numa verdadeira aventura devido à chuva. "Pelo menos a gente viu a prefeitura mobilizada, a PM por aqui, caso contrário acho que não haveria um carro sequer", previu ele. Sob o viaduto, o motorista da Viação Fabio's Gilson Geraldo Marques, 42, disse que a experiência do ano passado serviu como experiência para suportar outra enchente. "É um fenômeno da natureza, por isso é preciso paciência. E não vou perder a minha até porque era para eu ter largado às 22h30 de segunda-feira mas já são 4h30 da manhã de terça e ainda estou aqui", lamentou.

Motorista aguarda o reboque por seis horas

Cirlene Pires de Magalhães, 39, é motorista de ônibus há quatro anos. Na madrugada desta terça-feira, ela sentiu na pele o verdadeiro sentido de uma das principais virtudes do bom motorista: a paciência. Ela esperou seis horas para ser resgatada pelo reboque da Viação Tijuquinha, que não conseguiu atravessar para atender o chamado. Ilhada por causa da chuva na Rua Joaquim Palhares, no Estácio, Cirlene culpou o excesso de água pela pane elétrica.

"Quando passei pela Conde de Bonfim, senti que o veículo ficou estranho. Ele parou e não quis pegar mais. Os passageiros trocaram de carro e, como ele pegou de novo, eu segui para levá-lo em direção à garagem, mas no engarrafamento que eu peguei aqui no Estácio, o ônibus não andou mais", explicou ela, que trabalha na linha Barra-Rodoviária. "Fiquei com medo de ficar por aqui, principalmente quando o trânsito voltou a andar porque ficou muito deserto", lamentou.
**Com informações de Agência Brasil


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