ANTÓNIO VERÍSSIMO
TERRORISMO DE ESTADO – DE RAMOS HORTA A OBAMA
A notícia é fresquinha, saída há pouco da forja que está a moldar o que há de relacionado com a presumível morte de Bin Laden. Presumível porque até hoje não foram mostradas provas de que os alegados polícias, juízes, carrascos e cangalheiro de Bin Laden fizeram aquilo que divulgaram. Mesmo assim a notícia da matança de Bin Laden é credível por conhecermos a cultura de vingança e de desprezo pela vida manifestada pelos responsaveis estadunidense. Também porque encontramos bastante plausibilidade nas reações de reprovação do mundo árabe junto com o seu luto. Ainda por mais, mas basta de alongar a escrita.
Na Europa, submissa lacaia dos crimes dos EUA, ainda há pessoas decentes. Desta feita um juiz processou a neonazi Ângela Merkel devido ao seu exuberante contentamento pelo crime de invasão de um país estrangeiro e assassinato de Bin Laden, em total violação do direito internacional. Futuramente iremos saber se o juiz alemão vai manter a sua decisão e se não lhe acontecerá o mesmo que a Baltazar Garzon, em Espanha, ao querer fazer valer consequências dos crimes do fascista Franco. Garzon foi excomungado até por seus colegas juízes e muito mais pelo sistema pronazi (a que chamam liberal) que prevalece em Espanha, como por quase toda a Europa e muito por todo o mundo. Daqui por mais uns tempos poderá acontecer que saibamos das agruras do juiz que processou Angel Merkel.
A legislação que deu azo a que Merkel fosse processada existe na maior parte dos países do mundo ocidental. Merkel foi processada “ao abrigo de um artigo do Código penal germânico que coloca a aprovação de delitos sob a alçada da lei”. Nem mais. Sabemos que Merkel não foi a única dirigente política do mundo a rejubilar com o crime made in EUA e a manifestar-se publicamente. Vimos Durão Barroso, um par destes personagens pró-crime – um sério cúmplice de Bush e dos crimes praticados no Iraque – mostrar-se exultante e parabenizar o regime Obama pela ação e execução sumária do terrorista Bin Laden. Vimos imensos regozijos da classe política mundial ter a mesma reação, de júbilo pelo crime ou pelos crimes. Júbilo manifestado - com maior ou menor exuberância - e concordante com violações do direito internacional.
Como não podia deixar de acontecer também o presidente Ramos Horta saiu à liça e teve a mesma reação de todos os que lambem o trazeiro e apertam os atacadores dos sapatos aos EUA. Algures pelas notícias encontrarão as suas palavras e o seu regozijo. Mas de Horta não será de admirar. Horta é um sério adepto da pena de morte, já assim se manifestou, e das execuções sumárias.
Vimos exatamente isso em sua casa em 11 de Fevereiro de 2008, onde atraíram e executaram Alfredo Alves Reinado, major das F-FDTL. Terrível foi que Horta também estava na lista de pessoas a abater e foi vítima de balázios preparados especialmente para ele. Mas salvou-se, felizmente. Salvou-se mas não aprendeu. Posteriormente tudo fez para ilibar os verdadeiros responsáveis pelos acontecimentos daquele dia. Conseguindo-o. Levando a que o Tribunal Distrital de Díli condenasse inocentes… Que ele depois libertou por via administrativa-presidencial. O que provará que ele sabia toda ou quase toda a verdade sobre o 11 de Fevereiro e sobre a execução sumária e criminosa de Alfredo Reinado. Relativamente a Ramos Horta não nos admiremos. E é ele Nobel da Paz.
A propensão para a concordância ou até com a participação em práticas criminosas parece fazer parte de alguns dos laureados nobéis. A lembrar, já aqui, dois. Horta e Obama. O que leva o galardão nobilíssimo a ter cada vez mais semelhanças com as bostas do gado que anda a pastar pelos prados. Pior ainda porque as bostas fertilizam os solos e aqueles Nobel não. Como eucaliptos secam quase tudo à sua volta.
Sem muito mais na escrita “promulgo” que se leia a notícia em baixo pespegada sobre a razão desta prosa e também que meditemos urgentemente sobre o aparente sindicato de crime organizado e terrorismo de estado que envolve os atuais dirigentes mundiais, do maior ao menor. Sobre a hipocrisia, desumanidade, mentes criminosas e práticas ilícitas impunes destes políticos e dirigentes de países que mostram ter o maior desprezo pela vida dos seus semelhantes. Sejam Bin Laden, Reinado, ou principalmente absolutos inocentes – que são os que eles mais aprovam assassinar, direta ou indiretamente, em maior número. Classificando-os depois de “danos colaterais”.
Uma boa atitude seria processar todos os dirigentes de países que exultaram e aprovaram os crimes praticados pelos EUA, para ver se aprendiam que se devem submeter às leis e ao direito internacional. Ao respeito pela justiça, democracia e pela vida humana. Até dos que não a respeitaram e que devem ser julgados por tribunais e condenados se for decisão. Como devia ter acontecido neste caso do terrorista Bin Laden.
Em baixo a notícia sobre a dona da Europa, Merkel, extraído de Jornal de Negócios.
Angela Merkel processada por juiz por se ter alegrado com morte de líder da Al Qaida
JORNAL DE NEGÓCIOS – 06 maio 2011
Um juiz alemão processou a chanceler Angela Merkel, por esta se ter alegrado publicamente com a morte do líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, num ataque de forças especiais norte-americanas, em no Paquistão.
A queixa-crime contra a dirigente democrata-cristão foi apresentada ao abrigo de um artigo do Código penal germânico que coloca a aprovação de delitos sob a alçada da lei, confirmou hoje o Ministério Público de Hamburgo, Wilhelm Moeller.
Merkel declarou na segunda feira, logo após a Casa Branca ter anunciado o êxito da operação contra Bin Laden, que se congratulava com a morte do chefe da Al-Qaida, o qual assumiu a autoria moral dos atentados de 11 de Setembro de 2011, nos EUA, em que morreram mais de três mil pessoas.
"Alegro-me por terem conseguido matar Bin Laden", disse Merkel na chancelaria federal.
A afirmação já tinha sido criticada por várias personalidades da vida pública alemã, incluindo membros da União Democrata Cristã (CDU), o partido da chefe do governo.
Na opinião do magistrado que apresentou a queixa, Heinz Uthmann, tal afirmação, "proferida pela filha de um pastor protestante, está para além de todos os valores, como a dignidade humana, a misericórdia e os valores do estado de Direito", afirma-se na fundamentação da queixa, entregue na quinta feira no ministério público de Hamburgo.
O jurista, 54 anos, exerce as funções de juiz no Tribunal de Trabalho de Hamburgo há 21 anos, e disse a um jornal de Berlim que é "um cidadão cumpridor das leis e que jurou fazer cumprir a justiça e o Direito", acrescentando que as afirmações de Merkel "revelam um comportamento indigno".
A chanceler tinha entretanto suavizado a sua declaração, através do porta-voz do executivo, admitindo que compreende que haja críticas às palavras que proferiu.
Merkel declarou na segunda feira, logo após a Casa Branca ter anunciado o êxito da operação contra Bin Laden, que se congratulava com a morte do chefe da Al-Qaida, o qual assumiu a autoria moral dos atentados de 11 de Setembro de 2011, nos EUA, em que morreram mais de três mil pessoas.
"Alegro-me por terem conseguido matar Bin Laden", disse Merkel na chancelaria federal.
A afirmação já tinha sido criticada por várias personalidades da vida pública alemã, incluindo membros da União Democrata Cristã (CDU), o partido da chefe do governo.
Na opinião do magistrado que apresentou a queixa, Heinz Uthmann, tal afirmação, "proferida pela filha de um pastor protestante, está para além de todos os valores, como a dignidade humana, a misericórdia e os valores do estado de Direito", afirma-se na fundamentação da queixa, entregue na quinta feira no ministério público de Hamburgo.
O jurista, 54 anos, exerce as funções de juiz no Tribunal de Trabalho de Hamburgo há 21 anos, e disse a um jornal de Berlim que é "um cidadão cumpridor das leis e que jurou fazer cumprir a justiça e o Direito", acrescentando que as afirmações de Merkel "revelam um comportamento indigno".
A chanceler tinha entretanto suavizado a sua declaração, através do porta-voz do executivo, admitindo que compreende que haja críticas às palavras que proferiu.
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