ARNALDO NISKIER* - ÁFRICA 21
Como se fosse uma grande novidade, certas correntes da imprensa buscam elementos para provar que só os salários não resolvem. É preciso muito mais. Disso estamos cansados de saber...
A ideia é nobre e merece aplausos: ministrar ensino técnico a 3,5 milhões de trabalhadores brasileiros até o ano de 2014. A presidente Dilma Rousseff, com o seu Pronatec, pretende oferecer 500 mil vagas para jovens só em 2011, com ênfase nos setores considerados os mais frágeis do ponto de vista da apropriação de recursos humanos: construção civil (com a ampliação do PAC), serviços (especialmente hotelaria e gastronomia, com as grandes competições internacionais que o país receberá nos próximos anos) e Tecnologia da informação.
O tema foi amplamente discutido no Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio, sob a liderança do ex-ministro Ernane Galvêas. Falou-se em conteúdo curricular, na criação de novas escolas e na reforma das existentes, na montagem de laboratórios com características modernas, mas lá pelas tantas duas vozes se levantaram para clamar pela prioridade absoluta: o professor.
Tanto o ex-ministro Célio Borja quanto o professor José Arthur Rios foram bastante enfáticos. Se não houver um professor bem preparado e devidamente estimulado, os esforços cairão no vazio, por absoluta falta de consistência.
Como se fosse uma grande novidade, certas correntes da imprensa buscam elementos para provar que só os salários não resolvem. É preciso muito mais. Disso estamos cansados de saber, pois o dinheiro no final do mês, sozinho, não transforma um professor despreparado num mestre eficiente. É um conjunto de fatores, que talvez comece mesmo nas escolas de formação de professores, que continuam deixando muito a desejar. Temos todos saudade dos tempos das escolas normais, com o seu qualificado corpo docente. Os grandes educadores brasileiros passaram pelos institutos de educação, o que hoje não acontece, pelo menos com a mesma frequência.
O Pronatec prevê números generosos. Estima a instalação de mais de 120 escolas na rede federal de educação profissional; a ampliação de 543 escolas e a construção de 176 nas redes estaduais e uma novidade: o reforço na formação do Sistema S (Senai, Sesi, Senac e Sesc), notoriamente capaz de um trabalho de qualidade.
O público-alvo é constituído de estudantes da rede pública de ensino médio, trabalhadores desempregados e atendidos pelo seguro-desemprego e beneficiários do Bolsa Família. Para que sejam atendidas as metas, o MEC autorizou a contratação de 2800 professores e 1800 técnicos administrativos, todos mediante concurso público. Até aí, tudo bem.
Ocorre que serão profissionais provavelmente com deficiências na sua formação, apesar de aprovados em concurso, que deveriam merecer dos meios oficiais um treinamento adicional, para enfrentar de modo competente os desafios dos novos tempos. Devemos lembrar que é preciso trabalhar com se estivéssemos numa guerra, ou seja, com medidas emergenciais que certamente poderiam incluir a modalidade da educação à distância, pois se trata de um projeto nacional. É o desafio para que o Pronatec dê certo, como todos desejamos.
* Arnaldo Niskier é doutor em Educação, integrante da Academia Brasileira de Letras e presidente do CIEE/Rio
O tema foi amplamente discutido no Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio, sob a liderança do ex-ministro Ernane Galvêas. Falou-se em conteúdo curricular, na criação de novas escolas e na reforma das existentes, na montagem de laboratórios com características modernas, mas lá pelas tantas duas vozes se levantaram para clamar pela prioridade absoluta: o professor.
Tanto o ex-ministro Célio Borja quanto o professor José Arthur Rios foram bastante enfáticos. Se não houver um professor bem preparado e devidamente estimulado, os esforços cairão no vazio, por absoluta falta de consistência.
Como se fosse uma grande novidade, certas correntes da imprensa buscam elementos para provar que só os salários não resolvem. É preciso muito mais. Disso estamos cansados de saber, pois o dinheiro no final do mês, sozinho, não transforma um professor despreparado num mestre eficiente. É um conjunto de fatores, que talvez comece mesmo nas escolas de formação de professores, que continuam deixando muito a desejar. Temos todos saudade dos tempos das escolas normais, com o seu qualificado corpo docente. Os grandes educadores brasileiros passaram pelos institutos de educação, o que hoje não acontece, pelo menos com a mesma frequência.
O Pronatec prevê números generosos. Estima a instalação de mais de 120 escolas na rede federal de educação profissional; a ampliação de 543 escolas e a construção de 176 nas redes estaduais e uma novidade: o reforço na formação do Sistema S (Senai, Sesi, Senac e Sesc), notoriamente capaz de um trabalho de qualidade.
O público-alvo é constituído de estudantes da rede pública de ensino médio, trabalhadores desempregados e atendidos pelo seguro-desemprego e beneficiários do Bolsa Família. Para que sejam atendidas as metas, o MEC autorizou a contratação de 2800 professores e 1800 técnicos administrativos, todos mediante concurso público. Até aí, tudo bem.
Ocorre que serão profissionais provavelmente com deficiências na sua formação, apesar de aprovados em concurso, que deveriam merecer dos meios oficiais um treinamento adicional, para enfrentar de modo competente os desafios dos novos tempos. Devemos lembrar que é preciso trabalhar com se estivéssemos numa guerra, ou seja, com medidas emergenciais que certamente poderiam incluir a modalidade da educação à distância, pois se trata de um projeto nacional. É o desafio para que o Pronatec dê certo, como todos desejamos.
* Arnaldo Niskier é doutor em Educação, integrante da Academia Brasileira de Letras e presidente do CIEE/Rio
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