sexta-feira, 6 de maio de 2011

CPLP tem de se empenhar no seu conjunto na divulgação e promoção -- IC




SBR – LUSA

Lisboa, 05 mai (Lusa) -- A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem de se empenhar no seu conjunto na divulgação e na promoção do português no mundo, apelou hoje a presidente do Instituto Camões.

No colóquio comemorativo do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP, que decorre hoje na Sociedade de Geografia de Lisboa, Ana Paula Laborinho frisou que, no atual contexto, os que aprendem português no mundo "cada vez são mais" e a Ásia demonstra um "interesse acrescido pelo português" -- e, por isso, a "batalha" deve ser a da "afirmação do português como língua global".

O Plano de Ação de Brasília, assinado pelos chefes de Estado da CPLP, "é um roteiro fundamental para essa afirmação do português no sistema mundial", que passa pelo ensino do português como segunda língua ou língua estrangeira e pela introdução do português nas organizações internacionais, nomeadamente nas Nações Unidas, sustenta a responsável do Instituto que tem por missão a divulgação da língua e da cultura portuguesas no estrangeiro.

"Todos estes passos têm de ser dados em conjunto pelos países da CPLP", apelou, reconhecendo que o esforço tem partido mais de Portugal e Brasil - "a promoção da língua portuguesa no sistema mundial requer outro tipo de envolvimento".

Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) "têm de ter meios e organização que lhes permitam essa participação ativa", realçou, destacando que esta "começa a existir". Em Moçambique, "já há uma grande investigação em torno da língua portuguesa e Angola "está a criar as suas universidades", exemplificou. "São passos que levam algum tempo", antecipou, sustentando: "Todos juntos faremos mais do que em ações isoladas."

Também orador no colóquio, o professor universitário Adriano Moreira realçou, por seu lado, que há muitas línguas no mundo com importância universal e que dispõem até de institutos para a sua promoção, "mas nenhuma tem CPLP". Claro que, frisou, a CPLP é mais do que a língua, mas esta é "um instrumento sólido e que é preciso consolidar".

Já o secretário executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira, garantiu que "todos [os membros da comunidade], ao nível das suas possibilidades e prioridades, têm desenvolvido" esforços para promover a língua.

Reconhecendo que são necessários um "maior envolvimento" e "uma melhor complementaridade das ações que, muitas vezes, são desenvolvidas de forma individual", Domingos Simões Pereira defendeu o processo em curso de transformar "paulatinamente" os centros culturais de língua portuguesa em "núcleos de língua portuguesa para a CPLP".

Já sobre o Acordo Ortográfico, Adriano Moreira vincou que "nenhuma soberania é dona da língua" e que nada impede "evoluções desconcentradas" de uma língua que "não é nossa, também é nossa".

"A língua não é submissa", tem "sentidos" e "liberdades", realçou. Por isso, questiona um Acordo Ortográfico em forma de tratado: "Diretivas sim, para que as políticas sejam políticas coordenadas, agora um tratado, que é vinculativo, que é obrigatório, para um elemento da cultura que é a própria expressão da liberdade criativa..."

Ora, disse aos jornalistas, isso "é o que acontece com o Acordo Ortográfico", mas "é escusado tentar submetê-la [à língua] a tratados".

Também em declarações aos jornalistas, Ana Paula Laborinho disse que o Fundo da Língua Portuguesa "é um processo que está neste momento travado, por razões óbvias", aludindo à situação económica e política.

Mas, sublinhou, não se pode "falar em suspensão do fundo", que envolve outras instituições para além do Instituto Camões, nomeadamente o IPAD (Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento), ainda que eles esteja a ter "uma execução mais lenta".

Sem comentários:

Mais lidas da semana