DESTAK – LUSA
ENTREVISTA
A União Europeia (UE) nunca será uma superpotência, disse em entrevista à Lusa o antigo comissário europeu das Relações Exteriores e atual presidente da BBC, Chris Patten, para quem a ajuda aos países em crise é do interesse alemão.
“É justo dizer que a retórica europeia sempre foi mais forte do que aquilo que somos capazes de fazer (…) A Europa já fez muito, mas nós não vamos ser um super-estado, não vamos ser uma superpotência. O que vamos continuar a ser é um grupo de estados-nação que conseguem, a um grau notável, partilhar a sua soberania”, afirmou Chris Patten.
Patten, que é também Chanceler da Universidade de Oxford, defendeu que a atual crise da dívida soberana nos países periféricos da zona euro – como Portugal, a Grécia ou a Irlanda – vem levantar novas questões sobre a sobrevivência da união económica e monetária.
“A questão que toda a gente na zona euro tem de perguntar é se as disciplinas impostas por estar na zona euro são democrática, socialmente e economicamente aceitáveis. Não sou eu que devo dizer aos portugueses, ou aos gregos o que fazer, o que espero é que o [plano de resgate] atual funcione, e que funcione incrivelmente bem”, referiu.
Chris Patten salientou também que a contribuição maioritária da Alemanha para os empréstimos de resgate à Grécia, à Irlanda e a Portugal não se deve só à generosidade de Berlim, e que essa participação é também no interesse alemão.
Patten lembrou que o êxito das exportações alemãs tem origem “na forma incrivelmente bem sucedida com que a Alemanha tem conseguido controlar os custos de produção enquanto os países do Sul da Europa têm deixado os custos de produção disparar”, mas frisou que os exportadores alemães têm também beneficiado de uma taxa de câmbio competitiva do euro comparativamente ao que aconteceria se a economia alemã mantivesse a antiga moeda, o marco.
“Outra das razões pela qual é do interesse alemão que Grécia, Portugal, a Irlanda e Espanha recuperem é que os bancos alemães têm uma grande exposição à dívida destes países. Não é só por ser boa samaritana, a Alemanha tem também um interesse económico muito forte em que isto funcione bem”, disse Patten.
Portugal vai receber um empréstimo de 78 mil milhões de euros nos próximos três anos ao abrigo de um acordo de ajuda financeira com o Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia.
A Alemanha é o maior contribuinte individual para este fundo de resgate a Portugal, tal como já o foi nos casos da Irlanda e da Grécia.
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*Foto em Lusa
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