quarta-feira, 1 de junho de 2011

FRETILIN recusa acusações do CNRT de envolvimento na divulgação de documento da ONU




MSO - LUSA

Díli, 01 jun (Lusa) -- A FRETILIN, maior partido da oposição em Timor-Leste, rebateu hoje a acusação feita pelo CNRT, partido liderado por Xanana Gusmão, de envolvimento na divulgação de um documento interno das Nações Unidas que "desacredita" o primeiro-ministro.

Em comunicado, o Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) acusou a FRETILIN de se esforçar na divulgação do documento, apresentado numa reunião da Missão das Nações Unidas (UNMIT), em que o primeiro-ministro é mencionado como "um obstáculo ao desenvolvimento e democracia", para tentar ganhar as próximas eleições.

"O CNRT apreciou o esforço da FRETILIN e dos funcionários nacionais e internacionais que o divulgaram (o documento interno da UNMIT). Talvez acreditem que tal afirmação no relatório irá contribuir para a sua vitória nas próximas eleições, mas devem por na mente que pode constituir um vírus poderoso, que pode afetar a mentalidade do povo e criar irracionalidades na sociedade, porque não reflete a realidade", adverte o comunicado do CNRT.

Aquele partido salienta que "o relatório da UNMIT não reporta a realidade e não tem bases", questiona "a capacidade intelectual daqueles que o fizeram e a falta de consciência dos valores da democracia" e acusa os autores de "serem arrogantes e mostrarem o seu colonialismo intelectual".

O CNRT subscreve, no comunicado, a posição de repúdio do presidente do Parlamento, Fernando Lasama, que lamentou os termos do documento, e do Presidente da República, José Ramos-Horta, que condenou as afirmações nele contidas como sendo uma desacreditação dos líderes timorenses, considerando "uma demonstração de falta de nacionalismo" pelos que contribuíram para o alegado relatório.

José Teixeira, porta-voz da FRETILIN, em reação ao comunicado do CNRT, disse à Lusa que "não foram as pessoas da FRETILIN que elaboraram o documento da UNMIT", e que "a FRETILIN nada teve a ver com a sua divulgação".

"É pura mentira dizer que a FRETILIN é que está por trás desse documento. Não tem nada a ver connosco", declarou à Lusa.

Segundo José Teixeira, a FRETILIN limitou-se a fazer uma declaração política, depois do documento ter sido divulgado na Internet pelo jornal "Tempo Semanal".

"Não fomos nós que fizemos esse power-point. Apenas vem ao encontro do que temos vindo a dizer, desde há muito tempo, de que o Executivo não valoriza, minimiza e tenta enfraquecer o Parlamento Nacional na sua missão de fiscalização do Governo", comentou.

O porta-voz da FRETILIN contesta igualmente a crítica de falta de patriotismo, por partilhar as críticas feitas a Xanana Gusmão.

"Na declaração política que fizemos um dia após a divulgação desse documento, dizemos claramente o que pensamos sobre a questão e com isso estamos a reforçar o debate político e democrático neste país", disse.

Numa conferência de imprensa convocada para "esclarecer" a notícia do jornal timorense "Tempo Semanal", a chefe do escritório de informação pública da UNMIT, Sandra McGuire, disse que não se tratou de um relatório oficial da UNMIT, mas sim de um "power-point" apresentado numa reunião interna por um dos elementos, em janeiro, cujas críticas ao primeiro-ministro "de maneira alguma representam a posição das Nações Unidas".

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