terça-feira, 21 de junho de 2011

OBAMA, VOCÊ É SUA ÚNICA ESPERANÇA





Obama está preso a circunstâncias econômicas sombrias, algumas criadas por ele mesmo, e o tempo de sua presidência está acabando. Os traços de caráter que o levaram à Casa Branca - o estilo frio de evitar o choque frontal e mediar as diferenças políticas - agora ameaçam transformá-lo em um presidente de um só mandato. Caráter é destino. A essa altura, apenas Obama pode salvar Obama, mas, para fazer isso, ele precisa mudar a si mesmo.

Esse prognóstico negativo pode soar prematuro, mas as más notícias econômicas confirmam o que temos advertido há meses: a estratégia do presidente está fracassando.  As pessoas sabem disso. Quanto mais Obama insistir em alegar que as coisas estão no rumo certo, mais prejudicará sua credibilidade. O apuro econômico grave é o que derrota presidentes (vide George H. W. Bush e Jimmy Carter).

Já é tarde demais para Obama arquitetar uma reviravolta econômica. Mesmo se ele propuser novos e abrangentes projetos de lei, o Partido Republicano certamente irá bloqueá-los. Os cínicos republicanos sabem muito bem que o que é ruim para a economia é bom para eles. Desconsiderem, portanto, suas alegações moralistas. Eles estão decididos a tornar as coisas piores cortando os gastos do governo, embora a economia precise desesperadamente de mais demanda agregada. Ainda mais bizarro é o fato de Obama colaborar com este esforço, agradando inimigos que têm as mãos em seu pescoço.

É isso que precisa mudar se Obama quiser se salvar. Ele precisa forçar seus oponentes a se expor e transformar seu vergonhoso comportamento em uma vantagem política. Ele pode fazer isso mostrando concretamente de que lado está. Primeiro, Obama precisa admitir que, embora seu estímulo original tenha ajudado a evitar uma depressão, ele não produziu uma recuperação robusta.

Depois, o presidente deve propor uma bateria de medidas de emergência dirigidas diretamente aos cidadãos que estão sofrendo - criação de empregos, impedimento da execução de hipotecas, processo de banqueiros fraudadores e outras intervenções que ajudarão os cidadãos comuns a sobreviver aos tempos difíceis. Ele não deve exagerar nas promessas de resultados, o que já se caracterizou como um erro de sua presidência. Mas deve deixar claro que pretende ajudar as pessoas a resistir, independentemente de quanto durarem os problemas.

Esse ativismo pode parecer distante do caráter de Obama, mas grandes líderes mudam em circunstâncias adversas. Este presidente não parece entender que ganhará transparência aos olhos dos eleitores se explicar a verdadeira natureza de seus oponentes, se expuser claramente as diferenças, prometendo ao povo que lutará por ele. Não há necessidade de demagogia - basta simplesmente ater-se aos fatos.

Obama deu um pequeno passo nesta direção quando disse que o plano do Partido Republicano de desmontar o Medicare contrariava os valores norte-americanos. Os republicanos
chiaram, mas as acusações encontraram eco entre a população. Precisamos ouvir mais - muito mais.

Uma agenda de recuperação de emergência mudaria o assunto da redução do déficit para o conforto de cidadãos em situação desesperadora. Também reavivaria a possibilidade de ação no Congresso. Os republicanos querem se opor a essas medidas humanas? Bem, passemos uma lista de presença. De repente, eles estariam diante de escolhas difíceis. Testemos suas frias convicções frente ao público.

Uma constelação de progressistas está envolvida na causa, lançando ações de base a fim de aumentar a pressão popular pela renovação. Está programada para este verão a turnê nacional Reconstruindo o Sonho Americano, com patrocínio do Fundo de Ação do Congresso Progressista. Os ativistas deveriam advertir a Casa Branca que Obama enfrenta um exército crescente de eleitores descontentes. Nosso conselho aos manifestantes: não sejam sutis.

*Artigo publicado originalmente no site The Nation.


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