JOSÉ PAULO SILVA – CORREIO DO MINHO
A liberdade vivida cá dentro pode ser mais importante que a liberdade lá fora”, disse ontem o bispo emérito de Díli, D. Ximenes Belo, a algumas dezenas de reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga.
O prelado timorense encerrou a VII Semana de Fé e Cultura, organização do grupo de voluntários do Seminário Conciliar de Braga e dos professores de educação de adultos que intervêm na cadeia bracarense.
O Nobel da Paz levou sobretudo palavras de ânimo à jovem população prisional bracarense, declarando: “vocês não são pessoas inúteis. Podeis desenvolver aqui as vossas capacidades”.
“Por circunstâncias várias estais aqui, mas isso não quer dizer que sois pessoas menos afortunados do que nós que estamos lá fora”, disse o bispo actualmente radicado em Portugal.
Ximenes Belo revelou que todos as sextas-feira reza pelas pessoas que sofrem no mundo, incluindo os reclusos nesse grupo
Nesta visita ao Estabelecimento Prisional de Braga, o bispo emérito relatou alguns episódios do massacre do cemitério de Santa Cruz, ocorrido a 12 de Novembro de 1991, momento em que viveu “um sentimento de revolta” pela morte de dezenas de pessoas indefesas, “pelo assassínio da juventude sem uma razão”.
No diálogo com os presos, D. Ximenes referiu que o massacre perpetrado pelas forças indonésias que ocupavam Timor Leste teve o condão de despertar o mundo para a opressão do seu povo.
Quando questionado sobre o que sentiu quando foi nomeado Nobel da Paz, respondeu: “nada. Estava a celebrar a missa e entregaram-me um bilhetinho a dizer que tinha ganho o Prémio Nobel. Guardei o bilhetinho e continuei a celebrar a missa”.
Os detidos da prisão bracarense ficaram ontem a conhecer de perto o bispo que procurou ser “a voz dos que não tinham voz”.
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