terça-feira, 5 de julho de 2011

Futebol: VIETNAME PÕE MACAU FORA DO MUNDIAL




VÍTOR REBELO - PONTO FINAL - Macau

Duas goleadas sofridas em dois jogos. A diferença confirmou-se em campo, mas a selecção da RAEM conseguiu pelo menos marcar um golo em casa, num desaire por 7-1.

Havia talvez mais adeptos do Vietname do que de Macau ontem à noite nas bancadas do Estádio da Taipa. O interesse pelo futebol local é reduzido e mais uma vez se confirmou, apesar de se tratar de uma partida a contar para as eliminatórias do Campeonato do Mundo de Futebol, cuja fase final se irá realizar no Brasil em 2014.

Já se sabia que as ambições de Macau eram praticamente nulas e o primeiro adversário, o Vietname, tinha um potencial bem acima do de Macau. Tudo se confirmou e o onze da RAEM, orientado pelo técnico de Hong Kong Leung Sui Wing, não conseguiu sequer disfarçar a enorme diferença que existe entre as duas selecções.

Depois de ter perdido em Ho Chi Minh por claros 6-0, numa partida em que o Vietname não criou muitas mais oportunidades do que os próprios golos, a formação do território estava condenada à eliminação. Mas pretendia dar uma melhor resposta (ou imagem) e um dos objectivos era, sem dúvida, marcar golos. Apontou um, por Leong Ka Hang, aos 60 minutos.

Ao intervalo a desvantagem era já considerável (4-0), com tentos apontados por Le Cong Vinh (3, 29 e 43 minutos) e Quang Hai (24). Macau arriscou mais na segunda metade, dando a possibilidade ao português Nicholas Torrão de jogar mais solto e com a companhia do jovem Sub 23, Leong Ka Hang.

Só não se compreenderá por que razão o treinador não apostou, desde o início, nesta dupla de elementos mais tecnicistas. É que a equipa, em termos ofensivos, melhorou bastante, ainda que continuassem a pertencer os melhores lances ao Vietname, noutro patamar do futebol asiático.

Foi mais veloz o desafio da primeira mão em Ho Chi Minh, principalmente por iniciativa dos vietnamitas e talvez porque a eliminatória estava no início. Aqui, no Estádio da Taipa, a formação que meses atrás ainda era treinada pelo português Henrique Calisto (substituído no cargo pelo alemão Falco Gotz), fez uma exibição mais pausada, dominando territorialmente e fazendo mudanças de flanco.

Foi esse sistema que “baralhou” o sistema táctico de Leung Sui Wing, até porque desde cedo (aos três minutos), o Vietname colocou-se na frente do marcador, com uma falha defensiva de Macau, que proporcionou o “chapéu” da vedeta Le Cong Vinh ao guardião Ho Man Fai, que substituiu o experiente Leong Chon Kit.

Le Cong Vinh, o goleador

Com o decorrer do desafio, o Vietname foi como que aguardando os momentos certos para dar continuidade à goleada da primeira mão, conseguindo mais três tentos nos segundos 45 minutos: Le Cong Vinh (75 e 82) e Huynh Quang Thanh (86). Macau respondia agora com futebol mais agressivo, mas sem argumentos para a qualidade do adversário.

O Vietname alcançou a mesma diferença (seis golos) que tinha obtido diante dos seus adeptos, quatro dias antes, seguindo em frente no apuramento do Mundial. O conjunto de Falco Gotz está em fase de desenvolvimento, como aliás disse em conferência de imprensa o técnico, procurando ganhar a confiança que existia aquando da orientação de Henrique Calisto, que deu ao Vietname um campeonato do Sudeste Asiático.

No final do encontro de ontem, o germânico reconheceu que a motivação dos seus jogadores não era muito elevada, em virtude do resultado da primeira mão, mas a equipa conseguiu manter certos níveis de qualidade e ganhar igualmente por números dilatados. “O principal objectivo, como eu sempre disse, era assegurar um bom resultado em casa, e manter a exibição e o progresso que temos vindo a registar, tendo em vista os próximos jogos.”

Erros cometidos

Do lado de Macau, Leung Sui Wing reconheceu a superioridade do Vietname: “Nunca esteve em causa a diferença entre estas duas selecções. Eles são muito fortes e nós pouco poderíamos fazer.” Apesar do resultado, “não posso dizer que não tenha ficado satisfeito com os meus jogadores, pela forma como se bateram. Mais não poderiam fazer. Sofremos aquele golo cedo e cometemos erros que não podemos ter, até porque isso nos desconcentrou”.

O PONTO FINAL ouviu também o médio e capitão da selecção de Macau, Geofredo Sousa. “O Vietname vinha jogar aqui à vontade face ao resultado, mas não utilizou tanto a velocidade como havia acontecido em Ho Chi Minh”, constatou. “Mas mesmo assim não nos deu hipótese, ainda por cima porque tivemos falhas na defesa. Dois ou três golos foram facilitados. Não há comparação entre as duas equipas. Marcámos um golo e poderíamos ter feito mais no conjunto das duas mãos.”

Relativamente a outras partidas também efectuadas ontem, a contar para esta pré-eliminatória do Mundial, zona asiática, Timor-Leste havia perdido no Nepal por 2-1 e agora foi claramente goleado por 5-0.

As Filipinas surpreenderam pela positiva. Venceram o Sri Lanka por 4-0 em Manila, depois de um empate no primeiro desafio.

Seguem igualmente para a fase seguinte o Myanmar (0-1 na Mongólia e 2-0 em casa), Palestina (1-1 ontem no seu ambiente, após 2-0 no Afeganistão) e Laos (dois desafios com vitórias repartidas e iguais, 4-2, mas com o prolongamento a ditar o afastamento do Camboja).

Torneio de Taiwan

Depois de cerca de um mês com três jogos oficiais (estes dois com Vietname e o triunfo no Interport diante de Hong Kong), a selecção da RAEM irá parar os treinos, recomeçando lá para Agosto, uma vez que a Associação de Futebol de Macau voltou a aceitar o convite para participar no Torneio Internacional de Taiwan.

A competição realiza-se no início de Setembro, em Taipé, e a edição deste ano passa de quatro para seis equipas. Além dos conjuntos do território e da casa, vão marcar presença Hong Kong, Filipinas, Indonésia e, em princípio,  Jordânia, ainda por confirmar.

Ao nível interno do futebol de Macau, o Ka I, campeão, e os Sub 23, em terceiro lugar no campeonato, vão discutir a Taça, em jogo marcado para a próxima sexta-feira.

Entretanto, daqui a mais alguns dias, comecem as inscrições para a bolinha, cujo regulamento deverá ser sensivelmente o mesmo da época passada, ou seja, duas séries de oito equipas, com os dois primeiros posicionados a disputarem a final no sintético do Colégio D. Bosco.

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