Os jovens detidos e condenados a prisão efetiva depois de realizarem uma manifestação contra o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, estão com a "moral elevada", disse hoje um dos líderes do Bloco Democrático, que os visitou na cadeia.
"(Os jovens) estão com a moral muito elevada, estão determinados nas suas convicções. Pensam que estão presos injustamente, porque não cometeram nenhum crime, e não será a prisão que vai quebrar a sua determinação", declarou hoje Nelson Pestana à Agência Lusa.
Vários manifestantes foram detidos a 03 de setembro, em Luanda, enquanto protestavam contra o Presidente José Eduardo dos Santos. Vinte e um deles foram levados a julgamento, três foram absolvidos e os restantes foram condenados a penas entre 45 e 90 dias de prisão efetiva.
"Carbono" Casimiro, um dos principais organizadores da manifestação, foi um dos cinco condenados a três meses de prisão efetiva.
Nelson Pestana referiu que visitou os jovens na quarta-feira, na prisão de Caboxa - província do Bengo, a 70 quilómetros de Luanda -, na companhia de Luís do Nascimento, um dos advogado dos detidos e que também pertence ao Bloco Democrático.
"Em relação aos jovens, há por parte dos funcionários dos serviços penitenciários e por parte dos outros detidos um certo reconhecimento e estão a ser tratados como presos políticos. O ambiente relativamente aos demais presos tem sido de simpatia", disse Luís do Nascimento, também em declarações à Lusa.
Segundo Nelson Pestana, os jovens "têm aproveitado para ler muito, nomeadamente publicações que tenham a ver com a história da resistência civil em Angola, com a ditadura do partido único, e também estão a escrever poesia e música", como no caso do rapper "Carbono" Casimiro.
Um bloco da prisão, segundo o dirigente partidário, foi totalmente desocupado para os jovens, que têm pouco contacto com os restantes presos, que demonstram "admiração e respeito" pelos manifestantes.
De acordo com a mesma fonte, as visitas aos jovens manifestantes só foram permitidas a partir do domingo passado e agora os familiares já podem visitá-los dois dias por semana, nas quartas-feiras e nos sábados.
Tanto Nelson Pestana como Luís do Nascimento protestaram contra a lentidão na análise e decisão de um recurso e de uma reclamação relativos ao julgamento dos jovens, que já foram apresentados ao Tribunal Supremo.
A reclamação foi feita porque o juiz poderia ter convertido as penas de prisão em multas e também por o magistrado ter indeferido o pedido de liberdade sob caução dos jovens após a interposição do recurso, acrescentaram.
Outras 27 pessoas detidas depois de uma manifestação realizada a 08 de setembro em Luanda, de apoio aos primeiros jovens presos por se manifestarem contra o Presidente angolano, foram levados a julgamento e absolvidos no dia 19 de setembro.
No domingo passado, em Luanda, foi realizada uma outra manifestação para exigir a libertação dos 18 jovens que estão a cumprir penas de prisão.
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