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O Papa Bento XVI chegou, esta quinta-feira, a Berlim, para uma visita de quatro dias à sua terra natal, tendo manifestado, ainda no avião, a sua comprensão para com aqueles que abandonam a Igreja por causa dos escândalos de pedofilia.
A bordo do avião que o levou de Roma à capital alemã, Bento XVI disse "compreender o abandono da Igreja por parte dos que são confrontados com o escândalo de pedofilia".
Questionado sobre o escândalo do abuso sexual de crianças, referiu: "Posso entender que, perante tais informações, especialmente aqueles que estão perto de pessoas afectadas, alguém diga: esta não é mais a minha Igreja ( ...) Eu não posso mais ir a esta "Igreja".
Bento XVI foi recebido no aeroporto Tegel, em Berlim, pelo presidente da República, Christian Wulff, pela chanceler Ângela Merkel e vários ministros.
Esta primeira visita oficial à Alemanha, de quatro dias, tem por objectivo o mundo da alta política e do ecuménico, mas pode ser marcada por manifestações contra o Papa.
Bento XVI também expressou, no avião, o seu entendimento em relação às manifestações previstas, principalmente, em Berlim. "É normal numa sociedade livre, marcada por forte secularização. Tomo nota e não há nada a dizer quando [a contestação] é expressa de uma forma civilizada. Respeito os que assim se exprimem", afirmou.
Trata-se da terceira viagem de Bento XVI à Alemanha desde que foi eleito Papa em 2005, após a Jornada Mundial da Juventude em Colónia, logo após sua eleição, e a sua vinda à sua Baviera natal em 2006.
Depois de Berlim, deve deslocar-se a Erfurt, na antiga RDA, e a Fribourg-en-Brisgau, na região muito católica de Baden-Wurtemberg. O Papa irá encontrar-se com cerca de 20 pessoas e fará 18 discursos nas três etapas da visita, um programa excepcionalmente duro para um homem de 84 anos.
A sua chegada a um país com cerca de um terço de católicos e um número idêntico de protestantes é aguardada sem um fervor muito visível, quando, em 2005, a eleição do primeiro Papa alemão em cerca de 500 anos foi um facto comemorado como um triunfo nacional.
"Um estranho no seu próprio país", titula, esta quinta-feira, o diário de centro-esquerda Berliner Zeitung, com a imagem do Papa de costas e apoiado. Cerca de 6.000 agentes da polícia foram mobilizados em Berlim para a assegurarem a protecção de Bento XVI.
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