quarta-feira, 21 de setembro de 2011

ONU: OBAMA DIZ QUE “NÃO HÁ ATALHO” PARA A PAZ NO MÉDIO ORIENTE


Obama admitiu que os palestinianos têm razões para estar frustrados com a falta de progressos (Shannon Stapleton/Reuters)


O Presidente norte-americano admitiu hoje estar “desiludido” com o impasse no processo de paz no Médio Oriente, mas disse não acreditar em “atalhos” para pôr fim às décadas de conflito entre israelitas e palestinianos. Uma posição assumida na altura em que se intensificam os esforços diplomáticos para evitar que Mahmoud Abbas peça a adesão à ONU de um Estado palestiniano independente.

O discurso de Barack Obama na Assembleia Geral da ONU surge como um contraponto à intervenção naquele mesmo lugar, em 2010, quando disse acreditar que seria possível chegar “no prazo de um ano” a um acordo para a criação de um Estado palestiniano – esperanças depois frustradas pela recusa de Abbas em continuar as negociações perante a falta de garantias israelitas de que a colonização na Cisjordânia seria suspensa.

“Estou convencido que não existe um atalho para o fim de um conflito que dura há décadas. A paz dá trabalho. A paz não nascerá de declarações ou de resoluções da ONU. Se fosse assim tão fácil, isso já teria sido feito”, declarou Obama, sublinhando que só através de negociações será possível “chegar a acordo sobre assuntos que dividem as duas partes” da fixação das fronteiras, ao direito de regresso dos refugiados ao estatuto de Jerusalém.

O Presidente norte-americano admitiu razões para a frustração dos palestinianos – “há muito que um Estado palestiniano tem sido adiado” –, mas reafirmou que os Estados Unidos continuam empenhados na solução de dois Estados. Afirmou, contudo, que “o compromisso da América com a segurança de Israel é inabalável” e qualquer acordo que venha a ser proposto “tem de incluir as preocupações de segurança” de um país que “está rodeado de nações que lhe moveram guerras ou atacaram o seu território com rockets”. “Cada lado tem aspirações legítimas”, afirmou Obama, sublinhando, porém, que o actual impasse exigirá compromissos dolorosos de parte a parte e só será possível “quando cada um aprender a viver o mundo pelos olhos do outro”.

Num discurso em que sublinhou a “extraordinária transformação” operada no mundo desde a última sessão da Assembleia Geral – “há um ano as esperanças do povo tunisino eram suprimidas” e “o Egipto não conhecia outro Presidente há 30 anos” –, Obama elogiou a reacção das Nações Unidas ao conflito na Líbia e disse ter chegado “a altura de a ONU sancionar o regime sírio” que continua a reprimir, matar e a torturar.

Antes de Obama, subiu à tribuna da ONU a Presidente do Brasil (o primeiro país, por tradição, a discursar na Assembleia Geral). Dilma Roussef afirmou que Brasília apoia a “plena representação” da Palestina nas Nações Unidas, argumentado que só quando o país for “livre e soberano poderá responder aos legítimos desejos de Israel em matéria de paz e segurança”.

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