segunda-feira, 5 de setembro de 2011

PROTESTOS CONTRA O GOVERNO SE ALASTRAM EM ISRAEL





Israelenses estão descontentes com política de Benjamin Netanyahu, e bradam contra alto custo de vida e distorções nos sistemas de ensino e de saúde. Contudo, equilíbrio dentro da coalizão em Tel Aviv também é instável.

Na noite de sábado (03/09), cerca de 450 mil pessoas manifestaram-se na capital e em outras cidades israelenses contra a política do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Elas exigem reformas fundamentais em quase todos os setores da política.

Aquilo que, há poucas semanas, eram apenas algumas barracas no centro de Tel Aviv, tornou-se um protesto de nível nacional. O governo de Israel prometeu que nomeará uma comissão para estudar as queixas, porém não haverá nenhuma reforma de fundo.

Custo de vida excessivo

Um dos tópicos de protesto é o preço exorbitante das moradias construídas em Israel nos últimos 20 anos. O resultado dessa política falha são aluguéis excessivos, que levaram aos primeiros protestos, em julho, em Tel Aviv. A partir daí, ergueu-se o clamor pela redução dos impostos, assim como por mudança da política de educação e do sistema de saúde.

Acumulam-se os protestos contra os altos preços nas cadeias de supermercados, as quais se encontram nas mãos de alguns poucos monopolistas, os quais usam sua posição de poder para especular. O protesto contra os magnatas da economia conta com o apoio de especialistas como o professor Michael Beenstock, da Hebrew-University. Segundo ele, "seria bom fomentar a concorrência".

Segundo o governo de Israel, a situação da política de segurança no Oriente Médio exige elevados gastos armamentistas. Atualmente, o país emprega 7% do Produto Interno Bruto no orçamento de defesa. Somente o sistema antimísseis Iron Dome custa cerca de 1 bilhão de dólares. Em comparação: a Alemanha investe 1,5% do PIB em gastos militares, os Estados Unidos, 4%.

Jogo de interesses

Por outro lado, no tocante às questões orçamentárias, as mãos do premiê Netanyahu estão atadas: por consideração a seus parceiros de coalizão, ele está impossibilitado de remanejar os gastos públicos. Assim, é difícil reduzir os subsídios estatais ao sistema de ensino ortodoxo, por exemplo, ou cortar o apoio financeiro aos assentamentos na Cisjordânia sem colocar em perigo a existência da coalizão.

Além do Partido Trabalhista, de Ehud Barak, e do nacionalista Israel Beitenu do ministro de Exterior, Avigor Liebermann, o partido ortodoxo Shas também participa do governo. Qualquer reforma orçamentária que atinja a sua clientela representa uma ameaça à estabilidade em Tel Aviv.

Assim, cabe a uma comissão de especialistas avaliar as exigências dos manifestantes e apresentar propostas de solução. Até o momento, sua eficácia é questionável. Mesmo assim, não estão programadas outras grandes manifestações nas próximas semanas.

Na opinião do historiador Dani Gutwein, da Universidade de Haifa, o movimento de protesto "assumirá novas formas, mas não desaparecerá". Essas formas serão determinadas, em parte, pelas propostas de solução que a comissão do governo deverá apresentar no final de setembro.

AV/dpa/dapd/rtr/afp - Revisão: Francis França

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