terça-feira, 22 de novembro de 2011

HÁ 50 ANOS AVIÕES DA NATO BOMBARDEAVAM EM ANGOLA – VIII




MARTINHO JÚNIOR, Luanda

1 – Torna-se evidente que o entendimento da NATO com o AFRICOM é cada vez mais perfeito, que Portugal é um intermediário ou um facilitador desse entendimento e da sua acção e isso significa um aumento exponencial das capacidades de ingerência da hegemonia em África, com Portugal intimamente associado a essa hegemonia.

O artigo foi publicado a 22 de Outubro de 2011, já as ingerências da NATO na Líbia estavam a entrar na sua fase final.

Portugal não esteve presente no teatro operacional da Líbia, mas foi, por exemplo, importante na tomada de posição do Conselho de Segurança (Resolução 1973, 17 de Março de 2011 – http://www.un.org/News/Press/docs/2011/sc10200.doc.htm#Resolution).

2 – As elites dos países africanos não estão suficientemente despertas para a “utilidade” de Portugal, sobretudo a partir das visitas de Theresa Whelan, por diversas vezes a Lisboa, imediatamente antes da decisão da criação do AFRICOM, uma delas a 26 de Maio de 2006, para além de experiências tão traumatizantes que advêm do passado, numa profundidade de 50 anos!


“Áreas sem governação em Angola e Moçambique, onde são traficados diamantes, armas e drogas cujo comércio ilícito é passível de financiar o terrorismo, estão a preocupar as autoridades norte-americanas, disse a subsecretária da Defesa para os Assuntos Africanos.

Numa conferência em Lisboa sobre A Política dos Estados Unidos em África, Theresa Whelan centrou a sua intervenção nas chamadas áreas sem governação, definidas como terras de ninguém, remotas e opacas por escaparem à capacidade de controlo dos respectivos governos.

De acordo com a responsável pela política de Defesa do Pentágono para a África Subsaariana, que falava no Instituto de Defesa Nacional perante uma audiência maioritariamente formada por altas patentes militares e diplomatas, as áreas sem governação são espaços de eleição para o terrorismo internacional.

Whelan não escondeu que a comunidade internacional está a viver um tempo perigoso nos planos político, económico e militar, cuja imprevisibilidade só tem paralelo histórico com o período entre as duas guerras mundiais.

Segundo Whelan, África não se encontra, neste momento, no centro da agenda norte-americana, embora também não esteja à margem dela, mas o clima internacional pós 11 de Setembro de 2001 faz com que o Pentágono se detenha nas áreas sem governação, com ênfase nos países totalitários.

Para a configuração deste quadro indicou a persistência da crise política, económica e de segurança na África Subsaariana, o grave problema da corrupção, e a debilidade dos Estados para protegerem as suas fronteiriça e fazerem prevalecer o império da lei.

Face a uma maior dificuldade de previsão das situações anómalas, Whelan defendeu o imperativo de formular a tempo medidas preventivas" e, também, o "trabalho em parceria.

A subsecretária norte-americana identificou áreas sem governação na fronteira entre a África do Norte e o Sahel (grande zona desértica que atravessa transversalmente o continente), no Golfo da Guiné, Senegal, Angola, Delta do Níger (Nigéria), norte do Mali, Sudão, Somália, fronteira do Quénia, norte de Moçambique, África do Sul e Canal de Moçambique.

Sendo a maior prioridade do Pentágono a guerra contra o terrorismo e a proliferação de armas de destruição maciça (ADM), com ajudas expressamente destinadas a este objectivo, mas também à segurança marítima, e ao treino militar e educação, Whelan avançou com um conjunto de propostas de solução das quais, a principal, é estimular os governos a assumir as suas responsabilidades.

A concluir, a subsecretária norte-americana deixou para reflexão oito desafios para quem trabalha com África: Estar ciente das diferenças culturais, do fenómeno da corrupção, da falta de cuidados de saúde e da SIDA, do analfabetismo, do mau funcionamento das instituições democráticas e do sistema judicial, além da pobreza generalizada".

3 – A posição de Portugal em relação aos PALOP e à CPLP, ao contrário da propaganda de muitos, é de facto a de um autêntico “cavalo de Tróia” da NATO e do AFRICOM!

PAZ SIM, NATO NÃO!

Foto: Dois jactos Fiat-G-91 prontos a descolar para missão de ataque ao solo.

Leitura recomendada: A participação da Força Aérea na Guerra de África (1961‑1975) -  http://www.revistamilitar.pt/modules/articles/article.php?id=620


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