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Sidney, Austrália, 03 nov (Lusa) - O fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, que viu ser-lhe recusado o recurso contra um pedido de extradição das autoridades suecas na terça-feira foi "crucificado", afirmou hoje a sua mãe.
Segundo Christine Assange, o homem que fez tremer os Estados Unidos ao publicar na internet documentos classificados do exército norte-americano e cerca de 250 mil telegramas diplomáticos, tendo sido alvo de perseguição por ter defendido o seu ideal de "verdade e de justiça".
Christine Assange encontra-se na Austrália, tendo já solicitado a Camberra a negociação de um acordo com Estocolmo com vista a obter a garantia por parte das autoridades suecas de que o filho não será extraditado para os Estados Unidos, onde pode ser julgado por espionagem.
"Ensinei o meu filho a dizer a verdade, a crer na justiça. Ele foi criado a pensar que vivemos numa democracia onde ele estava para reparar qualquer injustiça que testemunhasse", declarou, ao acrescentar que hoje já não acredita nisso.
Em caso de acordo, "eu não creio que Julian iria para a Suécia sem contestar" a sua extradição, disse, ao sustentar que o que Assange teme é a justiça norte-americana. Também o advogado do fundador do WikiLeaks, Geoffrey Robertson, exortou a Austrália a exercer o seu "dever de ajudar os australianos em perigo perante tribunais estrangeiros".
O tribunal superior britânico recusou na terça-feira o recurso do fundador do portal WikiLeaks contra um pedido de extradição das autoridades suecas por alegações de violação.
Dois juízes tornaram pública a decisão, três meses e meio após as audiências no mesmo tribunal, perante o qual Assange refutou novamente as acusações de coerção sexual e violação por parte de duas mulheres suecas.
A sentença confirma a deliberação do tribunal de Belmarsh, em primeira instância, de dar provimento em fevereiro ao mandado de detenção europeu emitido pela justiça sueca.
O australiano de 40 anos tem agora 13 dias para pedir um recurso ao Supremo Tribunal britânico, mas só se este considerar que a questão é de "importância pública".
Na eventualidade de ser rejeitado pelo tribunal de última instância, a lei determina que a extradição para a Suécia seja efetuada no espaço de dez dias.
Julian Assange pode ainda pedir que o caso seja analisado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
O australiano encontra-se sob medidas de coação que implicam o uso de uma pulseira eletrónica e que permaneça numa residência no oeste de Inglaterra, a cerca de 200 quilómetros de Londres.
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