sábado, 19 de novembro de 2011

Timor: Desenvolvimento não se traduziu em melhores condições de vida e mais emprego



INFORPRESS - LUSA

Díli, 18 Nov (Inforpress) - A relatora da ONU para os Direitos Humanos e a Extrema Pobreza, Magdalena Sepúlveda, considerou hoje que o desenvolvimento em Timor-Leste não se traduziu em melhorias nos níveis de vida, meios de subsistência e criação de emprego.

"A pobreza continua entranhada e disseminada. Cerca de 41 por cento da população vive com menos de um dólar por dia.

Aproximadamente 58 por cento da população sofre de má nutrição crónica, sendo que outros 19 por cento sofrem de má nutrição aguda”, afirmou a relatora da ONU.

“Estima-se que 70 por cento da população esteja desempregada ou tenha empregos vulneráveis. Num país com uma população jovem, onde mais de metade das pessoas tem menos de 19 anos, 90 por cento dos cidadãos entre 15 e 34 anos não consegue encontrar emprego", acrescentou.

Magdalena Sepúlveda falava em conferência de imprensa após uma visita ao país iniciada domingo e que terminou hoje.

Segundo a relatora da ONU para os Direitos Humanos e Extrema Pobreza, em "Timor-Leste 68 por cento da população sofre privações múltiplas, sendo que 18 por cento está vulnerável".

Salientando que o governo tem trabalhado para erradicar a pobreza, a relatora da ONU destacou contudo que o "desenvolvimento deve ser um processo de baixo para cima no qual a população possa participar".

"Timor-Leste deve procurar um desenvolvimento centrado nas pessoas, que respeite princípios de não discriminação e que garanta participação, transparência, acesso a informações e responsabilização ativas e significativas, salientou.

Para a relatora da ONU, a "desigualdade em termos de níveis de vida entre a população residente em Díli e a residentes em áreas rurais é muito acentuada".

"Os elementos mais ricos da sociedade timorense possuem uma riqueza quase 180 vezes superior à dos mais pobres dos pobres. A pobreza, a insegurança alimentar e o desemprego são sentidos de forma mais acentuada nas zonas rurais, onde residem 75 por cento dos timorenses, a maioria dos quais é cronicamente pobre", insistiu.

Segundo Magdalena Sepúlveda, Timor-Leste "precisa garantir que a afetação de recursos orçamentais é proporcional às necessidades dos setores mais pobres da sociedade".

"Apelo ao governo para aumentar o investimento público em serviços sociais e desenvolvimento humano. É altamente preocupante constatar que, embora o orçamento tenha aumentado nos últimos anos se verifique uma diminuição constante nas despesas públicas com serviços sociais, tais como edução, saúde e agricultura", disse.

Para a relatora da ONU, o "Estado tem muito a fazer para garantir que as suas políticas e programas resultam em desenvolvimento equitativo e inclusivo e que os benefícios do crescimento económico e de assistência internacional são desfrutados por todos os timorenses", afirmou, salientando que é preciso diversificar a economia para reduzir a dependência excessiva dos recursos naturais que são finitos.

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