quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Alfabetização no Timor Leste: ESPECIALISTA FALA SOBRE PESQUISA EM PALESTRA NO BRASIL


KIKO SILVA, Mesmo morando, atualmente, na Inglaterra e realizando seus estudos na Holanda, Estevão Cabral mantém ligação com seu País de origem

DIÁRIO DO NORDESTE

Há dois anos pesquisando sobre a campanha de alfabetização de adultos no Timor-Leste, que começou na década de 1970, o doutor em Literatura Estêvão Cabral, nascido naquele país, esteve em Fortaleza para ministrar palestra sobre leitura e escrita. O evento foi realizado, na semana passada, na Universidade Federal do Ceará (UFC).

Em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, Cabral disse que a pesquisa, da qual outras pessoas também fazem parte, analisa o processo de alfabetização no Timor-Leste entre 1975 e 2002 e os benefícios que a campanha trouxe ao país.

A pesquisa, além de ser baseada em documentos de arquivos encontrados no Timor-Leste, em Portugal e no Reino Unido, também conta com depoimentos de pessoas que, na época, foram professores voluntários.

Em 1975, relembra o pesquisador, quando Timor-Leste (chamado até então de Timor Português) deixou de ser colônia de Portugal, foi invadido pela Indonésia dias depois, sendo ocupado por 24 anos. Ele acredita que a luta do povo timorense em favor da descolonização portuguesa e contra a ocupação indonésia no país só foi possível devido ao processo de alfabetização, que, segundo ele, fez com que a população ficasse mais crítica e lutasse por seus direitos.

"Depois da campanha de alfabetização, o povo ficou mais politizado e disposto a enfrentar as lutas, mesmo perdendo seus bens e seus familiares", afirma, dizendo que os ensinamentos dos professores tinham como base os métodos do educador e filósofo brasileiro Paulo Freire. "Se não fosse a educação, seria difícil convencer o povo a apoiar uma luta de resistência", diz.

Apesar de morar na Inglaterra e de realizar seus estudos na Holanda, Estêvão Cabral mantém ligação com seus país de origem. Reconhece que o Timor-Leste continua com dificuldades, sobretudo administrativas, o que contribui para o alto índice de desemprego. Segundo ele, 60% da população jovem não trabalha. Mas acredita que a educação do país vem evoluindo.

Quanto às impressões que tem a respeito do Brasil, o pesquisador diz que vê o nosso país como uma nação economicamente forte e que caminha para diminuir a "grande divisão entre ricos e pobres" por meio da educação. As mudanças positivas, para ele, podem ser facilmente percebidas em relação ao ano de 1993, quando esteve pela primeira vez no Brasil.

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