quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Pequim, Lisboa e Macau preparam "plataforma" para o ensino do português na China



DM - Lusa

Macau, China, 16 jan (Lusa) - As Universidades de Lisboa e Pequim e o Instituto Politécnico de Macau (IPM) preparam-se para criar uma "plataforma muito importante" para o ensino da língua portuguesa na China, afirmou hoje em Macau o reitor da Universidade de Lisboa.

De acordo com António Sampaio da Nóvoa, a proposta partiu do vice-ministro da Educação, Hao Ping, que recebeu em Pequim a delegação portuguesa. "Sugeriu-nos a criação de uma plataforma para o ensino da língua portuguesa na China e estamos a trabalhar na criação dessa plataforma que nos parece poder ser muito importante", disse.

Segundo o reitor da Universidade de Lisboa, Hao Ping transmitiu o desejo de Pequim de duplicar para 30 o número de instituições chinesas que oferecem formação na área do português "dentro de dois a três anos".

Esta meta temporal é "extremamente ambiciosa" na perspetiva de António Sampaio da Nóvoa.

A plataforma pressupõe "desde logo haver um lugar e um espaço onde se possa dar a formação dos professores que vão ensinar língua e cultura portuguesa na China" e prevê "a existência de um espaço de intercâmbio e de trabalho", "onde os professores possam dialogar e actualizar-se", explicou.

"Significa, em terceiro lugar, um espaço onde se possam produzir materiais didáticos, manuais escolares que facilitem o ensino da língua portuguesa na China", acrescentou.

A Universidade de Lisboa, a Universidade de Pequim e o IPM formam o "núcleo inicial" ou "fundador" da plataforma que não cingirá a este trio, na medida em que "é essencial" que se alargue ao universo da lusofonia, defendeu, dando o exemplo das universidades brasileiras ou angolanas "que têm hoje um papel muito importante do ponto de vista da difusão da língua portuguesa no mundo".

António Sampaio da Nóvoa falava aos jornalistas no IPM à margem da abertura dos cursos de doutoramento em Administração Pública e Língua e Cultura Portuguesa, fruto da "colaboração muito importante" que existe entre as partes e que pode trazer outras novidades em breve.

"As negociações para o doutoramento em Educação já estão bastante avançadas", revelou, indicando que faltam apenas decisões formais. "Imagino que dentro de três a quatro meses estaremos em condições de anunciar a abertura e o início dos cursos na área da Educação", acrescentou.

Além da Educação, há outros potenciais campos de investimento. "Há muitas perspetivas de trabalho em muitas áreas que se têm vindo a abrir, não só com o Politécnico, mas também com a Universidade de Macau", avaliou.

António Sampaio da Nóvoa ressalvou, por outro lado, que "é preciso ir passo a passo", "construir confiança" e "sermos credíveis e muito exigentes naquilo que fazemos para podermos depois atingir outros patamares na nossa cooperação".

O reitor anunciou ainda a decisão unânime tomada pelo senado da Universidade de Lisboa de conceder o grau de Doutor Honoris Causa ao presidente do IPM, Lei Heong Iok, distinção que a Universidade "concede muito raramente".

"Creio que é a primeira vez que se concede a uma personalidade chinesa e é, por isso, um momento particularmente importante e com grande simbolismo académico", concluiu.

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