Deutsche Welle
Merkel e Horst Seehofer, substituto interino do ex-presidente, disseram respeitar ato de Wulff, enquanto outras lideranças criticaram político envolvido em escândalos. Novo presidente deve ser escolhido até 18 de março.
Após a renúncia do presidente alemão Christian Wulff, nesta sexta-feira (17/02), a chanceler federal, Angela Merkel, disse ter recebido a notícia com "grande respeito" e "profundo pesar". Ela também apreciou a justificativa de Wulff de que não lhe era mais possível executar suas funções.
Com relação ao pedido do promotor de Hannover para retirar a imunidade do ex-presidente, Merkel disse que um ponto forte do Estado de direito é "tratar todos de maneira igual, independente do cargo que ocupam". Para a chanceler federal, com a renúncia, Wulff mostrou sua convicção pessoal de ter agido da maneira correta.
Para a escolha do sucessor de Wulff, Merkel quer agora consultar os partidos de oposição SPD (Partido Social Democrata) e Partido Verde. "Queremos propor discussões com o objetivo de sugerirmos juntos candidatos para as eleições do próximo presidente da Alemanha", disse.
Como presidente do Bundesrat, câmara alta do Parlamento alemão, até a eleição de um novo presidente, Horst Seehofer – governador da Baviera e presidente do partido aliado de Merkel CSU (União Social Cristã) – ocupará o cargo de forma interina.
O político também disse respeitar a atitude de Wulff. "Com esse passo, Wulff colocou a dignidade e a importância do mais alto cargo público em primeiro lugar", declarou, acrescentando que ninguém desejava tal "desenrolar lamentável dos acontecimentos".
Próximos passos
A busca por um substituto para Wulff tirará o foco da atenção de Merkel da crise do euro. Mas para a chanceler federal a escolha também envolve uma questão de poder. Todas as leis decididas pelo Parlamento precisam ser assinadas pelo presidente para entrar em vigor.
Por isso, naturalmente Merkel tem interesse em nomear um sucessor que apresente alguma proximidade com a sua política. Para isso, o candidato teria que obter apoio suficiente da coalizão de governo, formada pelos partidos FDP e CDU/CSU, no grêmio que elege o presidente: a Assembleia Federal (Bundesversammlung, em alemão). A Assembleia precisa reunir-se até 18 de março, no mais tardar, para escolher o novo presidente.
Neste sábado (18/02), as lideranças da coalizão de governo em Berlim irão se encontrar para deliberar sobre possíveis sucessores de Wulff. Merkel, que já teve de cancelar uma viagem à Itália nesta sexta-feira, após a renúncia, terá de alterar seus planos mais uma vez para o dia seguinte.
Um problema que Merkel parece não ter, porém, é quanto à sua imagem pessoal, que, se prejudicada, poderia dificultar seu governo. Nas últimas semanas, a aprovação da chanceler federal chegou até mesmo a subir nas pesquisas de opinião, apesar dos escândalos envolvendo Wulff – candidato que Merkel apoiou para a presidência.
Reações na Alemanha
A renúncia de Wulff suscitou críticas da oposição no país. "Acho que teria sido bom para o próprio presidente, se ele tivesse assumido as consequências antes. Agora o cargo sofreu prejuízos que precisam ser superados", disse Gregor Gysi, presidente da bancada parlamentar do partido A Esquerda.
Cláudia Roth, líder do Partido Verde, também criticou o ex-presidente. "As atividades de Wulff prejudicaram severamente o cargo mais alto do Estado e tiveram um grande impacto sobre o país. Mesmo na renúncia, Wulff mostra-se pouco inteligente, pouco autocrítico ao constatar erros", disse. "Durante todo esse tempo, a mídia fez o que corresponde a uma democracia. Assegurou transparência, esclarecimento e controle democrático."
Já para Andrea Nahles, secretária-geral do partido SPD, com a renúncia, Wulff poupou seu nome e a reputação do país e da presidência. "Estamos aliviados com a renúncia. Esse passo era necessário e já deveria ter acontecido", declarou.
Autores: Wolfgang Dick / Luisa Frey - Revisão: Carlos Albuquerque
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