sábado, 25 de fevereiro de 2012

Cruz Vermelha começa a retirar feridos da cidade síria de Homs




Isabel Gorjão Santos, com agências – Público – ontem

Amigos do Povo Sírio pedem o fim da violência e propõem novas sanções

Após três semanas de bombardeamentos pelas forças do regime sírio, a Cruz Vermelha começou nesta sexta-feira a retirar os primeiros feridos da cidade de Homs. Representantes de 70 países e organizações internacionais reunidos na Tunísia apelaram ao fim imediato da violência e a novas sanções contra o regime de Bashar al-Assad.

Pelo menos sete feridos foram retirados do bairro rebelde de Bab al-Amr, em Homs, ao mesmo tempo que decorriam negociações entre o Comité Internacional da Cruz Vermelha, as autoridades e os opositores sírios para que sejam retirados do local os corpos dos dois jornalistas ocidentais que morreram em Homs e de outros dois que ficaram feridos.

As ambulâncias começaram a chegar ao local depois de ter havido acordo para a retirada, após negociações que começaram ao início do dia. “Três ambulâncias que tinham entrado em Bab al-Amr saíram do bairro e retiraram sete vítimas sírias, mas as negociações continuam com as autoridades e a oposição para tentar retirar todas as pessoas”, adiantou à AFP o porta-voz do Comité Internacional da Cruz Vermelha em Damasco, Saleh Dabbakeh.

A jornalista francesa Edith Bouvier, do Le Figaro, e o fotógrafo britânico Paul Conroy, que ficaram feridos na sequência dos bombardeamentos, já tinham pedido para ser retirados, através de vídeos colocados na Internet, e deverão ser incluídos nesta operação de evacuação, adiantou Saleh Dabbakeh. Também deverão ser retirados os corpos da jornalista norte-americana Marie Colvin, do Sunday Times, e do francês Remi Ochlik, que morreram num bombardeamento ocorrido na quarta-feira.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha tinha anunciado através de uma mensagem no Twitter que estava a negociar com representantes do regime sírio e com as autoridades “para retirar todos os feridos, sem excepção”. Os bombardeamentos que ocorreram durante as últimas três semanas deixaram Homs sem comida e sem medicamentos e com cada vez mais pessoas a precisar de ajuda, denunciou a oposição. Desde o início da repressão dos protestos contra o regime de Bashar al-Assad, há quase um ano, já morreram mais de 7000 pessoas.

Fim da violência e acesso à ajuda humanitária

O acesso da Cruz Vermelha a Homs ocorreu no mesmo dia em que, em Tunes, representantes de cerca de 70 países e organizações internacionais se juntaram numa conferência para pressionar o regime de Bashar al-Assad a pôr fim à violência.

Na declaração final dos Amigos do Povo Sírio foi pedido “o fim imediato de qualquer forma de violência” e o acesso à ajuda humanitária. E foi ainda reiterado o empenho “na tomada de medidas para aplicar e reforçar as sanções contra o regime” de Bashar al-Assad.

O grupo sublinhou a necessidade de uma “solução política” para a crise e decidiu “avançar com as discussões” sobre uma proposta apresentada pela Liga Árabe ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que defende a criação de uma força conjunta da Liga Árabe e da ONU para a manutenção da paz.

No que se refere a sanções, foi proposta a interdição de viajar para os membros do regime sírio e o congelamento dos seus bens, bem como a redução das ligações diplomáticas.

O Conselho Nacional Sírio foi reconhecido pelos vários países como “um representante legítimo dos sírios que procuram uma mudança democrática pacífica” e o grupo comprometeu-se a disponibilizar “um apoio efectivo” à oposição, mas sem adiantar mais detalhes.

A reunião não contou com a participação da Rússia ou da China, que já vetaram, no Conselho de Segurança da ONU, uma resolução contra o regime sírio. Mesmo antes de ter sido divulgada a declaração final do encontro, a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton alertou para a urgência da ajuda humanitária e disse que o regime sírio “terá mais sangue nas mãos” se não permitir que se salvem vidas.

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