sexta-feira, 23 de março de 2012

ESTIGMA LATINO



Eliakim Araújo* - Direto da Redação

Não dá para negar a força dos latinos nos Estados Unidos. Eles formam um poderoso contingente de 50 milhões de pessoas, que têm o espanhol como segunda (ou primeira, em muitos casos) língua. Pode-se dizer que um em cada seis habitantes da terra do Tio Sam é de origem hispânica.

Canais de TV em espanhol são pelos menos três em rede nacional e uns cinco locais em grandes cidades. A indústria e o comércio têm consciência da força dessa comunidade e, ao sintonizar esses canais, você pode encontrar os mesmos comerciais que passam na TV estadunidense. Da Coca-Cola aos anúncios de venda de automóveis, passando pelas grandes lojas de departamento, estão todos lá, na lingua de Cervantes.

Agora mesmo, as equipes da NBA, a liga que comanda o campeonato nacional de basquete, está comemorando a chamada “noche latina”, quando as equipes adaptam seus nomes ao espanhol. Por isso, não estranhe se você encontrar fotos dos jogos da NBA com os atletas vestindo camisetas dos “El Heat” (Miami), “Los lakers” (Los Angeles), “Nueva York” (Nova Iorque), “Los Bulls” (Chicago), etc.

Alem disso, os latinos têm suas próprias premiações que contam com a divulgação de seus canais em rede nacional e a presença de suas estrelas que fizeram o crossover e hoje brilham no showbiz estadunidense. No cinema e na música, artistas latinos competem hoje em pé de igualdade com os da terra.

Entretanto, apesar de toda essa força e de já contar com representantes nos legislativos estaduais e federais e prefeitos de grandes cidades, o estigma da origem persegue os latinos, especialmente entre os setores mais retrógrados da populacão americana.

Exemplo disso, aconteceu semana passada quando Antonio Villaraigosa, o prefeito de Los Angeles, uma das mais importantes cidades americanas, saía da assembléia estadual, e teve que ouvir de um transeunte “volta pro México”. Vale explicar que Villaraigosa é de origem mexicana, mas nasceu nos EUA.

Villaraigosa limitou-se a sorrir e comentou com um jornalista que estava a seu lado: “o que fazer, se todos os dias escutamos a mesma coisa?”

O jornalista que registrou o fato, Dan Morain, escreveu em sua coluna “a intolerância é quase uma batalha diária para Villaraigosa”.
A posição radical do pré-candidato republicano Rick Santorum contrário ao casamento e a qualquer privilégio aos gays foi desafiada, durante comício no Estado do Illinois, onde foram realizadas as prévias do partido na terça-feira.

Dois homens interromperam aos gritos o discurso de Santorum e quando toda a platéia se virou para o local onde estavam, inclusive as câmeras, eles se abraçaram e se beijaram na boca por alguns segundos.

Não demorou e logo um segurança estava ao lado deles mandando que se retirassem do local. Do lado de fora, cerca de 50 manifestantes das entidades que apoiam o casamento homossexual aplaudiram os dois.

A cena do beijo de protesto está no video abaixo. O video é longo, mais de 8 minutos, mas o desafio dos gays começa no minuto 3:37. Vale a pena dar uma olhada.


* Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora em Pembroke Pines, perto de Miami. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.

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