MSE - Lusa
Díli, 17 mar (Lusa) - O Presidente timorense, José Ramos-Horta, que se recandidata ao cargo nas presidenciais de hoje em Timor-Leste, considera que uma derrota eleitoral significará a sua liberdade pessoal, mas garante que, se vencer, terá motivação para um segundo mandato.
[Se perder é uma] "vitória porque ganho a minha liberdade pessoal, não significa que me esquivo de possíveis responsabilidades", disse Ramos-Horta, durante uma conversa de cerca de 45 minutos com a imprensa nacional e estrangeira, após ter votado na escola primária de Metiaut, em Díli, onde chegou vestido de azul num Mini Moke da mesma cor.
Salientando que muitos partidos políticos já o abordaram para se juntar às listas eleitorais para as legislativas, o Presidente timorense disse que ainda não pensou no assunto, admitindo também a possibilidade, se não for reeleito na eleição de hoje, de se disponibilizar para ajudar o governo na adesão de Timor-Leste à ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático).
José Ramos-Horta disse que, segundo o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, o seu "grande problema" é que não estaria com "motivação pessoal para continuar".
O Presidente timorense reconheceu que não tinha motivação para permanecer no cargo até ter recebido a petição de 120 mil pessoas a pedirem para ele se recandidatar.
"Eu não tinha [motivação], mas 120 mil pessoas subscreveram uma petição autenticada, eu inscrevi-me, disse que não faria campanha e fiz muito pouco como sabem, mas se for reeleito estarei mais do que motivado para honrar a confiança no povo", afirmou.
José Ramos-Horta confirmou também que o processo eleitoral estava a decorrer sem incidentes de maior.
"O que me irritou e parte o coração foi esta lei eleitoral que obriga esta nossa gente pobres, vendedores ambulantes, estudantes, sem dinheiro a terem de se deslocar à aldeia de origem, nestas nossas estradas miseráveis, tirarem o dinheiro do bolso" para ir votar, afirmou, mostrando esperança que se emende a lei para as legislativas, que se devem disputar em junho.
Cerca de 625 mil eleitores, num país com pouco mais de um milhão de habitantes, participam nas eleições presidenciais, disputadas por um total de doze candidatos.
Ramos-Horta ganhou as últimas presidenciais, na segunda volta, contra o candidato apoiado pela Fretilin, Francisco Lu Olo Guterres, que também volta a concorrer nesta votação.
Em 2007, Ramos-Horta beneficiou do apoio do líder do CNRT, de Xanana Gusmão, atual primeiro-ministro, que este ano está, no entanto, ao lado da candidatura presidencial do ex-chefe das forças armadas Taur Matan Ruak.
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