Correio do Brasil, com Rede Atual Brasil - de São Paulo
Ocupações de terras em Minas Gerais e no sul da Bahia marcaram as primeiras atividades da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, realizada todos os anos no mês de abril.
Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foram ocupadas secretarias e ficou bloqueada a rodovia BR 304, no Rio Grande do Norte.
José Ricardo da Silva, da direção nacional do MST, afirma que a pauta de reivindicações da Jornada é a mesma da apresentada no ano passado ao Ministério de Desenvolvimento Agrário, já que houve poucos avanços.
— Nossa campanha de abril, com certeza, se somará às ocupações de terra, aos trancamentos de rodovias. Ela continuará a lutar pela reforma agrária, contra a reforma do Código Florestal, e a constante luta contra os agrotóxicos, afirma.
— 2011 foi o ano que menos assentou famílias no Brasil, comenta Silva. Em 2011, foram 1.651 famílias assentadas do MST, ante 186 mil famílias acampadas no país, de acordo com o Incra. “A gente reivindica que avance essa pauta.”
As ações são coordenadas regionalmente, mas, em comum, todas as direções deverão bloquear rodovias federais por 20 minutos no dia 17 deste mês para marcar o Dia Nacional de Luta Camponesa, quando se completam 16 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no qual 19 trabalhadores rurais foram assassinados por policiais. “Não foi só em 17 de abril que trabalhadores foram assassinados nesse país. São tantos outros dias.”
Em 1996, na cidade de Eldorado dos Carajás, no Pará, policiais militares assassinaram sem-terras, deixaram centenas de feridos e mutilaram 69 deles, quando estes faziam uma marcha, exigindo a desapropriação de determinadas terras e impedindo a circulação da rodovia BR-155. Passaram-se 16 anos, e os responsáveis pelo massacre ainda estão soltos. “A gente cobra justiça aos massacres desde o Eldorado.”
Nas últimas duas semanas, dois sem-terras foram assassinados em Pernambuco. Até a segunda-feira (2) à noite, o corpo do trabalhador Pedro Bruno, assassinado pela manhã, não tinha sido nem retirado pela polícia do local. O MST acredita que a autoria do crime é da Usina Estreliana.
A jornada ficou conhecida pela imprensa como Abril Vermelho. Desde o massacre de Eldorado de Carajás, o movimento intensifica suas ações em todo mês de abril .
Para Silva, entretanto, ele não é um mês de grandes mudanças. “As ações do MST não só se restringem a pensar o Abril Vermelho, como é conhecido; acho que em todo o ano passado e nesse ano, agimos bastante.”
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