JSD - Lusa
Cidade da Praia, 04 abr (Lusa) - O chefe da missão de observação eleitoral da CPLP à primeira volta das presidenciais guineenses manifestou hoje alguma apreensão quando à possibilidade de a segunda volta ser adiada ou suspensa, mas mostrou-se convicto que a "situação complexa" será ultrapassada.
Armindo Maurício, igualmente secretário-geral do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder), reiterou o que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) disse após a primeira volta da votação, a 18 de março último, lembrando que o escrutínio foi "livre e democrático".
"Há uma situação delicada, independente das questões formais e legais que existem. Formalmente, as eleições (segunda volta) estão marcadas para 22 de abril. Como já dissemos, as eleições (primeira volta) foram democráticas e livres. Há, porém, uma situação complexa a nível interno a que importa dar resposta", disse.
Cinco candidatos - Kumba Ialá, segundo mais votado, Henrique Rosa, Serifo Nhamadjo, Afonso Té e Serifo Baldé -, têm-se recusado a reconhecer os resultados da primeira volta, acusando o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) de "fraude eleitoral" e exigindo a anulação da votação.
Armindo Maurício referiu que os organismos regionais e internacionais estão a trabalhar para resolver o impasse eleitoral, defendendo ser necessário que haja uma "aproximação" entre "o grupo dos cinco candidatos que até agora tem negado reconhecer os resultados e a própria candidatura de Carlos Gomes Júnior".
"Terá de haver uma aproximação, mas é uma questão interna, e todos os guineenses têm de ter isso em consideração. É preciso aproximar as posições, que haja um período de estabilidade para resolver essa questão e legitimar os órgãos, que estão praticamente sem legitimação", sustentou.
Nesse sentido, frisando que aguarda com "ansiedade e preocupação" o desfecho da situação, manifestou esperança de que os guineenses "saibam refletir e avaliar" a situação interna para que se chegue a um entendimento, sobretudo na legitimação dos órgãos e na defesa da República e dos ideais da democracia.
Questionado sobre as vozes que se levantam na região oeste-africana a pedir a mediação do ex-presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, ou do atual, Jorge Carlos Fonseca, uma vez que o "grupo dos cinco" rejeita Alpha Condé, Presidente da Guiné-Conacri, o chefe da missão de observação eleitoral da CPLP respondeu desconhecê-las, realçando que o atual mediador "está já a trabalhar".
"Não tenho dados sobre isso. Só sei que o presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, está encarregado de mediar o conflito que existe e sabemos que está a trabalhar nesse sentido. A CPLP também está empenhada no processo e defende que todas as soluções que sejam para o bem, tranquilidade, paz e estabilidade na Guiné-Bissau serão sempre bem-vindas", respondeu.
Sobre a possibilidade de a segunda volta das presidenciais guineenses poder ser adiada ou mesmo suspensa, Armindo Maurício admitiu, porém, que essas questões estão a ser "avaliadas e ponderadas".
"Não sabemos. Em princípio, as datas são para ser respeitadas. De todo o modo, essa questão será avaliada e ponderada e as soluções surgirão", concluiu.
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