Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*
A organização Human Rights Watch (HRW) exorta, volta a exortar, continua a exortar, as autoridades do regime angolano a acabar com a violência contra os protestos anti-governamentais para não afectarem as eleições legislativas deste ano.
Desde o início do ano já se realizaram cinco protestos que terão sido interditados ou reprimidos com violência, tendo 46 participantes sido presos, 11 dos quais condenados a penas de até 90 dias de prisão, adianta a organização não-governamental.
"Acrescente violência contra manifestantes, observadores e políticos da oposição indica um contexto de direitos humanos em deterioração antes das eleições legislativas", vinca a subdirectora do departamento de África, LeslieLefkow.
Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, a repressão dos protestos, que se registaram em Luanda, Benguela e em Cabinda, tanto é feita por polícias fardados como por agentes à civil ou seja, digo eu, pelas milícias que – pelo sim e pelo não – o regime tem em estado de prevenção.
"O governo de Angola deve respeitar os direitos fundamentais dos indivíduos à reunião pacífica e à liberdade de expressão, em vez de punir os críticos e a oposição política", declara Lefkow, dizendo ainda que "as acções repressivas do governo não auguram umas eleições legislativas pacíficas", previstas para Setembro de 2012.
Já agora, recordam-se que a HRW também exigiu ao Governo de Angola que explique onde estão os 25 mil milhões de euros em falta nos cofres do Estado, relacionados com a petrolífera do regime, a Sonangol?
A Human Rights Watch já tinha identificado uma discrepância anterior semelhante nos fundos angolanos - três mil milhões de euros - de receitas petrolíferas que "desapareceram" entre 1997 e 2002 -, levantando suspeitas de "má gestão e corrupção".
Seja como for, mesmo que a Human Rights Watch não fale nisso, 68% da população angolana é afectada pela pobreza, a taxa de mortalidade infantil é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada1.000 crianças.
Seja como for, apenas 38% da população angolana tem acesso a água potável e somente 44%dispõe de saneamento básico, apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade.
Seja como for, 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos, 80% do Produto Interno Bruto angolano é produzido por estrangeiros, mais de 90% da riqueza nacional privada é subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população, 70% das exportações angolanas de petróleo tem origem na sua colónia de Cabinda.
Seja como for, o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder.
* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
Título anterior do autor, compilado em Página Global: PIONEIROS NOS DESPEDIMENTOS COLECTIVOS
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