SARKOSY COMBATE A IMIGRAÇÃO
João Novaes – Opera Mundi
Segundo turno será disputado neste domingo; socialista é favorito nas pesquisas
Após quase três horas, os candidatos à Presidência da França, Nicolas Sarkozy e François Hollande, terminaram nesta quarta-feira (02/05) um debate áspero, marcado por acusações dos dois lados e assistido por mais de vinte milhões de pessoas. Por um lado, Sarkozy, que tenta a reeleição, atacou as propostas do adversário, classificando-as como irreais e o chamando-o de mentiroso. Já Hollande, em um tom mais ameno, a cobrou a responsabilidade do atual chefe de Estado pela crise e não cansou de associá-lo à imagem do "candidato dos ricos". Este foi o único duelo eleitoral direto transmitido ao vivo pelos principais canais de televisão do país. O segundo turno da eleição presidencial será disputado neste domingo (06/05).
Os principais temas abordados foram a crise econômica nacional e europeia, o desemprego e a imigração - tema caro à Sarkozy, que radicalizou seu discurso para tentar atrair eleitores da extrema-direita. Hollande, por sua vez, apresentou um recuo ao propor medidas para restingir a imigração em tempos de crise. Mas também defendeu os estrangeiros em outros pontos, como no direito ao voto de imigrantes não-comunitários.
Economia
Os principais temas abordados foram a crise econômica nacional e europeia, o desemprego e a imigração - tema caro à Sarkozy, que radicalizou seu discurso para tentar atrair eleitores da extrema-direita. Hollande, por sua vez, apresentou um recuo ao propor medidas para restingir a imigração em tempos de crise. Mas também defendeu os estrangeiros em outros pontos, como no direito ao voto de imigrantes não-comunitários.
Economia
As grandes diferenças entre os dois candidatos ficaram expostas no campo econômico. Hollande, do PS (Partido Socialista, centro-esquerda), propôs alternativas às medidas recessivas de austeridade fiscal, através de ações que estimulem o crescimento e o emprego. O candidato propõe a taxação de transações financeiras, a criação de títulos europeus, o financiamento de infraestrutura pela União Europeia e o incentivo à pesquisa pelos bancos de investimentos.
Sarkozy, da UMP (União por um Movimento Popular, direita), afirmou que vai usar verbas públicas para gerar empregos e tentou colocar nos socialistas a imagem de maus gerentes no aspecto fiscal - culpou novamente os governos socialistas da Espanha e da Grécia pela crise no Euroe e das dívidas soberanas. Lembrou até mesmo o governo de François Mitterrand (1980-1993), a quem acusa de exagerar nos gastos públicos e "destruir a economia do país".
Acusações
"Quando me compararam a (Francisco) Franco (ditador espanhol), (Pierre) Laval (colaboracionista francês no regime de Vichy), (Phillippe) Pétain (militar e ex-presidente colaboracionista), e até com (Adolf) Hitler, você não disse uma só palavra", disse Sarkozy, sob acusações dos socialistas. "Você faz mal em se passar por vítima", disse o rival, antes de dizer que condena "todos os excessos".
Energia
Sarkozy acusou Hollande de tentar eliminar a energia nuclear. "Por quê sacrificar a energia nuclear em troca de um acordo político miserável (entre socialistas e verdes)? Se nunca ocorreu qualquer acidente? (...) Não temos petróleo, nem gás, nem energias fósseis e a energia nuclear não impede o desenvolvimento de energia renovável. Os 2,5% dos votos que conseguiu Eva Joly [candidata verde] não pode mudar isso". Ele também defendeu a redução de impostos e a flexibilidade do mercado de trabalho, defendendo a livre negociação de contratos de trabalho entre patrões e funcionários.
O socialista, por sua vez, o desmentiu, lembrando que propôs utilizar o grande reator nuclear que está sendo construído na cidade de Flamanville até 2025 com 50% de sua capacidade (contra os 75% de hoje). Sua intenção é diversificar a matriz energética do país. "Pare de caricaturar minha posição!", advertiu.
Imigração
Imigração
Influenciados pelo sucesso do partido ultradireitista Frente Nacional (que obteve a votação recorde de 17,9% dos votos franceses), os dois candidatos apresentaram propostas restritivas à imigração estrangeira fora dos limites da União Europeia. Hollande propôs a redução em momentos de alto desemprego.
Também defendeu o direito de voto aos estrangeiros para eleições locais, desde que eles tenham residência fixa no território nacional."Precisamos de um Islã francês, não do Islã na França. Se você der o direito ao voto aos imigrantes, teremos reivindicações sectaristas nas próximas disputas eleitorais. Horários diferentes nas piscinas, menus diferentes nas cantinas, (...) É irresponsável propor isso quando enfrentamos crescentes tensões comunitárias", rechaçou Sarkozy.
O socialista rebateu em seguida: "O que lhe permite dizer que os estrangeiros não comunitários são muçulmanos? Como você se atreve a dizer isso?".
O debate foi transmitido pelos principais canais franceses, o privado TF1 e o público France 2, e em canais de notícias 24 horas. Segundo as pesquisas de opinião, Hollande seria eleito hoje, mas sua vantagem tem diminuído no decorrer desta semana.
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