Martinho Júnior, Luanda
Conforme expressei na intervenção anterior:
“O grupo BILDERBER, particularmente depois do 25 de Abril de 1974, nunca perdeu de vista Portugal: os elitistas mentores desse grupo, avaliaram que Portugal podia constituir uma das plataformas europeias capazes de desempenhar projecções para outras partes do mundo a partir de laços históricos e sócio-culturais acumulados ao longo de séculos, com maior dificuldade em termos de acessibilidade para outros, pelo que se o país pouco valor tinha em si para os mentores do elitismo global com tendência uni polar, tornava-se importante com a dimensão dessa projecção em especial na direcção de África, da América Latina, da Ásia e da própria Europa, uma catapulta a não desprezar!...”
O artigo publicado no Notícias da Amadora de 2 de Fevereiro de 2006, sob o título “Conferências Bilderberg e a frequência portuguesas desde 1988” (pode-se encontrar em http://pt.scribd.com/doc/23164608/Conferencias-Bilderberg-e-a-frequencia-portuguesa-desde-1988), reflecte precisamente esse conceito geo estratégico, concentrado na aposta do BILDERBERG num conjunto muito restrito e criteriosamente seleccionado de entidades portuguesas (entre 1988 e 2005 apenas 39 pessoas), que têm desempenhado papeis sensíveis na política, na economia, nas finanças, nos media e nas geo estratégias da conveniência da aristocracia financeira mundial, as geo estratégias conformes aos seus próprios interesses.
Francisco Pinto Balsemão é o reconhecido “reitor” do BILDERBERG para Portugal e ele tem sido “inexcedível” no quadro desse desafio em função do conjunto de conhecimentos acumulados, assim como de sua capacidade de intervenção não só em relação à tão formatada opinião pública portuguesa, mas em relação às decisões dominantes no círculo de políticos que vêm sendo decisivos no conjunto de Partidos que de há décadas se mantêm no poder, desvirtuando por completo os ideais do 25 de Abril: PS, PSD e CDS.
Essas decisões estimulam os vínculos políticos, económicos e financeiros das elites de forma a consolidar a sua dominação, relegando para a periferia dessas mesmas decisões o que é resistente ou alternativo (não fazem parte dos conceitos do Club, mas em tempos de “democracia representativa” aproveitam-se de sua utilidade).
Consta também consequentemente que Francisco Pinto Balsemão é um dos accionistas do Banco Espírito Santo, o que em nada é de desprezar se tivermos na devida conta a estratégia seguida por esse instrumento financeiro desde o começo deste milénio.
O artigo do Notícias da Amadora fornece muitas pistas sobre os ingredientes sócio-políticos, humanos, económicos e financeiros desses Partidos, uma parte deles forjados até em outras latitudes, como por exemplo os que se formaram em Macau, “a via Macau”:
“A participação em Bilderberg e em instâncias de actividade política e institucional revelou-se muito gratificante para impulsionar a governação corporativa.
O grupo Bilderberg estabelece, de resto, uma estratégia de governação mundial na perspectiva dos interesses dos grupos económicos e corporações de empresas transnacionais.
O caminho para Bilderberg tem muitas vias.
Umas vezes chegam lá por via política outras pela via da governação corporativa.
Em todo o caso, é um caminho geralmente percorrido nos dois sentidos.
Como já referido, na conferência de 1996 participaram Margarida Marante e António Vitorino.
O curriculum vitae do ex-comissário europeu, patente no sítio oficial da Comissão Europeia na Internet, intitula-se De Lisboa para Bruxelas via Macau.
Além da referência ao exercício do cargo de secretário de Estado para a Administração e Justiça no Governo de Macau (1986-1987) e à participação no Grupo de Ligação Sino-Português em representação do Presidente da República Mário Soares (1987-1989), mais nada no currículo esclarece o ênfase que António Vitorino dá à sua via macaense.
No entanto, é conhecida a sua ligação ao chamado grupo de Macau, de que faz parte, designadamente, Jorge Coelho, influente dirigente do PS e também antigo membro do Governo de Macau.
Nesta galeria têm igualmente lugar Francisco Murteira Nabo e Carlos Monjardino, conferencista de Bilderberg em 1991, ex-governador de Macau e representante dos interesses de Stanley Ho em Portugal.
Todos eles fizeram parte do elenco do Governo de Carlos Melancia em Macau.
Este último foi secretário de Estado da Indústria Pesada e da Coordenação Económica (1976-1977), ministro da Indústria e Tecnologia (1978) e ministro do Mar e do Equipamento Social (1983-1985), governos todos chefiados por Mário Soares.
Melancia também passou pela administração da Sorefame como Murteira Nabo.
Carlos Monjardino preside à Fundação Oriente.
Embora hoje seja uma instituição privada com total autonomia administrativa e financeira, a fundação foi criada em 1986 por acordo entre o Governo de Macau e a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), de Stanley Ho.
A doação inicial da STDM à fundação ascendeu a 40 milhões de dólares.
Dois anos após a sua criação, a Fundação Oriente estabeleceu-se em Lisboa.
Tendo iniciado a sua carreira na banca, em Portugal e noutros países europeus, Carlos Monjardino preside e administra actualmente um conjunto vasto de interesses económicos que vão da hotelaria ao jogo, da banca e seguros às energias renováveis.
Pertence também à administração de diversas fundações, entre elas a Fundação Mário Soares e a Fundação Stanley Ho.
A Fundação Oriente é accionista da Companhia de Seguros Sagres e do Banco Português de Gestão (BPG), desde 2001.
Mas tem também interesses nos sectores da água, saneamento, mini-hídricas, energias renováveis, farmácias sociais e microcrédito.
O BPG está associado à Planet Finance Portugal, uma plataforma de microcrédito criada por Jacques Attali, conselheiro especial do Presidente da República francesa, François Mitterand, fundador e primeiro presidente do BERD (Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento).
Da comissão de honra da associação fazem parte Vítor Constâncio, Cavaco Silva, Luís Mira Amaral, Carlos Monjardino, António Guterres e, entre outros, Miguel Horta e Costa.
Algumas destas e outras individualidades, nacionais e estrangeiras, participam nos Encontros da Arrábida, que decorrem no Convento da Arrábida, propriedade da Fundação Oriente.
Os seus organizadores definem o evento como um fórum internacional de discussão de questões políticas e estratégicas, que se reúne anualmente, e de cuja comissão permanente fazem parte 15 personalidades, das quais oito são conferencistas de Bilderberg, entre eles Lord Carrington, que foi secretário-geral da NATO (1984-1988) e presidente das conferências de Bilderberg (1991-1998).
A comissão permanente inclui três portugueses, dois britânicos e dois franceses, e um de cada um dos seguintes países: Alemanha, Brasil, Dinamarca, Estados Unidos, Finlândia, Polónia, Rússia e Suécia.
Os portugueses são Carlos Monjardino, José Cutileiro e Jaime Gama.
Há encontros que são fechados ao público, como foi o caso do que debateu, em 2003, as relações entre os Estados Unidos e a União Europeia.
O Instituto Português de Relações Internacionais (Universidade Nova de Lisboa), de que fazem parte Nuno Severiano Teixeira (ministro da Administração Interna no segundo governo Guterres) e António Vitorino, é outra das entidades que promove seminários no Convento da Arrábida”.
A influência dos interesses ao abrigo do BILDERBERG coletados em Macau, que englobam e integram os capitais obtidos com Stanley Ho, são de tal maneira importantes que o Secretário Geral do PS, Almeida Santos, é um dos executivos dos interesses de Stanley Ho em várias partes do mundo, tendo a “Geocapital” como plataforma Portugal (http://www.forumchinaplp.org.mo/files/FincEnpr/20101113_1500_pt_Jorge_Ferro_Ribeiro.pdf).
Essa mesma “plataforma” está hoje “ombro a ombro” com os interesses no quadro do BES e do “China International Fund” em África.
A fluência de capitais de origens várias num espaço geo estratégico formado ao longo dos séculos a partir das potências coloniais, conjuga-se com a globalização elitista que se confunde com a essência dos propósitos do BILDERBERG e por isso capitais que são aglutinados no BES, na Geocapital (plataforma financeira de Macau na origem), ou no China International Fund (plataforma de Hong Kong na origem), são motivo de incentivos, integrando as personalidades que “bebem” as experiências do próprio BILDERBERG.
Este é um processo elitista de tal ordem que por essa via os elitistas mascaram os interesses uni polares sob o rótulo dos interesses multi polares, tão atrativos para com os incautos “emergentes” que se podem tornar mercenários que são estimulados para os processos de dependência ao gosto do império!
Este “expediente”, entre as múltiplas vantagens para a aristocracia financeira mundial possibilitam, por exemplo, a formação das elites de conveniência em cada país onde se façam sentir os impactos, que automaticamente integram os projetos das “elites globais”; possibilitam ainda a passagem de capitais de domínios públicos para domínios privados, mediante parcerias que tendem a fugir ao controlo dos respectivos estados, como acontece em Angola com o sistema financeiro da “holding” SONANGOL, cada vez mais presente em países CPLP associado a capitais colocados sob a esfera de influência BILDERBERG!
O “reitor” do BILDERBERG em Portugal está também pessoalmente por dentro deste tipo de negócios, pelo menos de há um ano a esta parte (http://economia.publico.pt/Noticia/balsemao-hipolito-pires-e-proenca-de-carvalho-juntamse-a-investidores-angolanos-e-criam-interoceanico_1481903).
Outro “interveniente” é o muito influente Embaixador António Monteiro, que esteve por dentro das negociações mais decisivas em relação a Angola, um “sempre em pé” disponível para as elites, agora a cavalo na “internacionalização” (o modo “simpático” que designa a integração de Angola nos projectos capitalistas neo liberais que se prendem à globalização e se espelham no BILDERBERG), conforme se pode verificar em “A calculada internacionalização da banca angolana” (http://www.angoladigital.net/negocios/index.php?option=com_content&task=view&id=2430&Itemid=48).
Os mecanismos de exploração de enormes massas de deserdados, tornam-se assim mais subtis, de forma a aplicar, por via dos políticos e dos media ao dispor dos grandes poderes, todo o tipo de manipulações e persuasão psico-social, fortalecendo as ingerências de âmbito financeiro, econômico e político, seguindo uma trilha multi cultural, geo estratégica em vários continentes e onde se fundem interesses uni e de aparência multi polar sob influência BILDERBERG!
O regime português da “troika” dos partidos elitistas, submisso a interesses conformes aos estímulos consubstanciados em organizações como o BILDERBERG, aplica as medidas “reflexivas” de auto-punição interna que pulverizam a “Europa social”, estimulando a “austeridade”, ao mesmo tempo que são autênticas “correias de transmissão” que diligentemente visam condicionar todos os países CPLP, agenciando parceiros que confiram maior legitimidade ao que está em curso, conforme o exemplo corrente e flagrante da Guiné Bissau!
Foto: Francisco Pinto Balsemão, “um dinossauro excelentíssimo”, um dos maiores deles se atendermos à sua longevidade!
A CONSULTAR:
- A VERDADEIRA HISTÓRIA DO CLUBE BILDERBERG – Daniel Estulin – http://pt.scribd.com/doc/11660972/Daniel-Estulin-A-Verdadeira-Historia-do-Clube-BILDERBERG; https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnxjcmFiYXN0b3NicmFzaWx8Z3g6NmM4NDQ1MDY4YjA2MGU2Mg
- CLUB BILDERBERG – OS SENHORES DO MUNDO – http://macua.blogs.com/files/senhores-do-mundo-pdf1.pdf
- OS PORTUGUESES DO BILDERBERG – http://portugalglobal.blogspot.com/2011/05/os-portugueses-do-club-bilderberg_29.html
- CONFERÊNCIAS BILDERBERG E A FREQÊNCIA PORTUGUESA DESDE 1988 – http://pt.scribd.com/doc/23164608/Conferencias-Bilderberg-e-a-frequencia-portuguesa-desde-1988
- Balsemão normaliza relação com angolanos – http://merdiadevida.wordpress.com/2011/04/18/balsemao-normaliza-relacao-com-angolanos/
- BALSEMÃO, HIPÓLITO PIRES E PROENÇA DE CARVALHO – http://economia.publico.pt/Noticia/balsemao-hipolito-pires-e-proenca-de-carvalho-juntamse-a-investidores-angolanos-e-criam-interoceanico_1481903
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