domingo, 3 de junho de 2012

Marcelo: "RELVAS DEVIA SAIR DO GOVERNO PELO SEU PRÓPRIO PÉ"




Victor Ferreira - Público

Marcelo Rebelo de Sousa, antigo líder do PSD e membro do Conselho de Estado, considera que Miguel Relvas "é um peso nas costas do primeiro-ministro". "Está descredibilizado", sentencia Marcelo, aludindo às versões diferentes que Relvas teve, "em oito dias", sobre as suas relações com o ex-espião Jorge Silva Carvalho. Por isso, o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares "devia sair pelo seu pé". do Executivo.

No habitual comentário dominical que faz na TVI, Marcelo elogiou a "serenidade" e o "sentido de Estado" com que Pedro Passos Coelho tratou, durante a semana, este dossier – um elogio que estendeu ao líder do maior partido da oposição, António José Seguro, do PS.

Temperou, porém, com uma crítica, dizendo que acha mal que Passos Coelho tenha praticamente dito, segundo Marcelo, que aconteça o que acontecer, Miguel Relvas continuará no Governo. "Como é que os portugueses podem acreditar num ministro que não se lembra que esteve sentado à mesa com uma pessoa importante, a discutir negócios", questionou Marcelo, aludindo ao facto de Miguel Relvas ter dito primeiro que só estivera com Silva Carvalho numa ocasião quando, depois, admitiu no Parlamento que tinha estado com o ex-espião numa reunião de negócios, antes de ser ministro, entre a Ongoing e a Finertec – empresa da qual era administrador.

"Como é que tem duas versões diferentes? Quantas mais versões haverá, em relação a isto e em relação ao resto?", prosseguiu. "Não é um problema de ilegalidade, é um problema de credibilidade, não é fácil acreditar quando há duas versões tão diferentes, num espaço de oito dias, sobre uma questão que era fácil de explicar no primeiro dia", sublinhou o antigo líder do PSD.

Por isso, Marcelo entende que Miguel Relvas deveria sair pelo seu pé do Governo. Lembrando palavras de comentários anteriores, em que considerou que Relvas estava num estado "semi-morto", Marcelo diz que agora o ministro-adjunto está mais que desgastado. Relvas "devia pensar se não está a criar um problema ao primeiro-ministro. Acham que as pessoas se esquecem, mas no fim isto tem um preço. Eu acho que ele devia sair pelo seu pé, o primeiro-ministro não o tira. Veremos as consequências".

O salário de Borges

Marcelo Rebelo de Sousa abordou também o que disse outra figura do PSD, António Borges, conselheiro do Governo para as privatizações e administrador daJerónimo Martins. Embora o considere "económica e tecnicamente competente", com "uma carreira notável", Borges "está a falar de mais", considerou Marcelo.

"Não é verdade que tenha saído do FMI por incompetência, saiu porque foi marginalizado por Lagarde. Dito isto, primeiro ele está a falar de mais. Ele pode ser conselheiro do Governo e ao mesmo tempo gestor, simplesmente ele na qualidade de conselheiro não pode falar de salários porque deixa dúvidas nas pessoas sobre se é a opinião dele, se é a opinião do Estado, do Governo, das instituições que aconselha permanentemente."

"Em segundo lugar – continuou Marcelo – "foi muito censurável ter ido ao Parlamento falar do caso da Cimpor, para explicar a posição da CGD. Quem deve explicar é a CGD, se é que tem explicação, ou então um membro do Governo".

A rematar, falou dos salários. "Terceira questão: eu faço a leitura de que ele disse que é preciso haver moderação nos salários, mas é evidente que, honesto como é, se disse que é uma urgência baixar salários, então ele vai ser o primeiro a dar o exemplo". O comentador referia-se assim a declarações atribuídas a Borges na imprensa segundo as quais ele teria defendido uma baixa salarial em Portugal.

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