Presseurop - Svenska Dagbladet, Der Standard, România liberă & 2 outros – imagem Ruben L. Oppenheimer
Ao propor uma federação de Estados-Nação, o presidente da Comissão Europeia traçou um caminho ambicioso para a UE. Algo que levanta inevitavelmente questões sobre os poderes de Bruxelas e o lugar dos países-membros, observa a imprensa europeia.
Numa altura crucial para uma União Europeia que luta para sair da crise, José Manuel Barroso quis deixar uma impressão. A 12 de setembro, no seu discurso anual sobre o estado da UE, o presidente da Comissão Europeia formulou várias propostas, entre as quais uma emblemática: “uma federação democrática de Estados-Nação”, que seria instaurada através de um novo tratado europeu.
“Barroso foi explícito”, adianta o Svanska Dagbladet. O diário sueco observa que estava prevista a proposta de uma união bancária para reforçar os controlos. Mas Barroso ainda foi mais longe ao afirmar que a UE “deve” avançar para uma união fiscal que resultará numa federação. Parece não haver limite para os temas que Barroso julga que é razoável ser ele e os seus colegas a gerir. […] A ideia de Barroso não é razoável, nem desejável e podemos questionar-nos se ele próprio a considera realista. A proposta parece no entanto ser uma forma de testar até que ponto a UE pode propor medidas que aumentem o seu próprio poder. Pode parecer teoria da conspiração, mas não é necessariamente o caso. O amor pelo projeto é muito forte em Bruxelas, onde se acredita no lado bom de uma União em que os países se aproximam cada vez mais uns dos outros. No entanto, não torna a ideia mais realista. […] Quanto mais os países no seio da UE se orientam para uma federação, mais claro se torna que esta acabará numa união divida onde os países colaboram em níveis diferentes.
Mais indulgente, Der Standard descobriu um novo Barroso, o “tipo de político que se procurou sem sucesso nos últimos oito anos: um verdadeiro lutador”. Para o diário de Viena, o presidente da Comissão apresentou um bom plano. O que se passou? Durante muito tempo, Barroso foi tristemente conhecido por se limitar a ler as suas notas. A imagem torna-se mais clara quando se tem em consideração o facto de que, quando era um jovem estudante, este conservador português combateu a ditadura do seu país. Este teme um possível desmoronamento caso a comunidade não avance – resultando na queda da democracia, tal como pode ser observado em diversos países em crise na UE.
A visão do futuro da UE do presidente da Comissão, tal como a descreveu perante os deputados europeus, copia claramente a visão alemã de uma “Europa unida”, considera o România liberă em Bucareste. Uma visão que implica uma responsabilidade e uma disciplina fiscal e orçamental, a redução das diferenças de competitividade e de produtividade entre o Norte e o Sul, e uma integração política prudente que não comprometa as diferenças entre as nações. [A decisão do Tribunal Constitucional alemão sobre o fundo de resgate mostra que] Berlim não pretende transformar a federação europeia num super-Estado. […] A vitória do projeto alemão elimina, praticamente, a partir de hoje, qualquer outra visão alternativa.
Mas talvez não haja outra opção para salvar o euro, admite o Times de Londres, no entanto, tradicionalmente oposto a uma maior integração europeia: Os cidadãos do continente nunca se opuseram tanto ao sonho dos pais fundadores de uma união mais estreita. […] A ideia de voltar a ligar a máquina de tortura da negociação dos tratados é a última coisa que os políticos pretendem. Mas o maior paradoxo para o euro é que, apesar da impopularidade da União Europeia, a maioria dos governos, incluindo a Inglaterra, concorde no facto de que a única forma de salvar a moeda única é diminuindo a soberania dos seus Estados-membros. Em português, chamamos a isso “atirar-se de cabeça”.
Esta evolução, observa o Daily Telegraph, vai reforçar o pedido de um referendo sobre a adesão do Reino Unido à UE. O diário chega mesmo a afirmar que o Governo já está a elaborar uma forma, em caso de referendo, de “manter o Reino Unido na UE sem aderir a uma união política”. Mas “nada seria pior para David Cameron” do que ter este debate, porque ocorreria num período próximo às eleições legislativas de 2015 e colocaria esta questão fraturante no centro do debate político.
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