segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Portugal: UM PAÍS QUE VEIO À RUA

 

jorge fliscorno - Aventar
 
Quando cheguei, já a manif ia adiantada. Estava eu nas Praça de Espanha, em Lisboa, e procurei fazer como em 2008, nas manif dos profs: andar em contra corrente e fotografar os rostos da revolta. Não consegui. Fiz a Av. de Berna, voltei à Praça de Espanha, subi até ao Corte Inglês, desci até ao Marquês e não encontrei os extremos. Do que ouvi na rádio sobre as outras cidades e do que aqui vi, o país saiu à rua.
 
Entre fotografias apressadas dei por mim a pensar que ainda não olhara para as pessoas. Parei um pouco e comecei a observar. Famílias inteiras, muitos jovens, idosos e crianças aos ombros desfilavam à minha frente. Em alguns olhos a zanga, noutros ansiedade e noutros ainda a alegria-tristeza de quem vê um povo a reagir e a ter que reagir. Vi também originalidade e a simplicidade de um “Não”, a única palavra num cartaz. E “Os bancos que salvaste querem a tua casa”. Quanta verdade!
 
Ao voltar a casa ouvi o CAA no seu papel de deputado (ou seria de blogger?) apresentar a sua leitura da manifestação. Segundo ele, as pessoas estavam ali porque não tinham percebido as medidas. Que era preciso explicar-lhes. Essencialmente, conclui-se, as pessoas estavam ali porque são burras; porque têm défice de compreensão. Acontece que estas pessoas perceberam muito bem que lhes querem ir ao bolso para transferir o seu salário directamente para o patronato. É triste ver ao ponto que um deputado (ou será um blogger?) consegue descer, chegando ao ponto de usar a mesmíssima linha argumentativa daqueles que tanto criticou enquanto blasfemo.

Ligo a televisão para ver o que se passou no resto do país e está a RTP a em directo a partir do Parlamento. Uma multidão, muito jovem, está lá. São nove e quarenta da noite e uma chuva de pedras da calçada cai neste momento sobre a polícia. Alguns querem sangue, é a única explicação. Esses estão ali apenas para agredir e, neste momento, já perderam a razão. Atirar pedras não é direito a manifestação. Já desde 2008 que ouço os suspiros de por cá não haver tumultos. Que péssimo serviço que fazem à manif. Em troca da satisfação do seu ego, roubam o protagonismo ao milhão de pessoas que saiu à rua. Espero que a polícia consiga fugir ao confronto.
 
Hoje o país veio à rua mas não acredito que loucos que nos governam tenham ouvido. Há que continuar até que a mensagem chegue aos moucos.
 

2 comentários:

Anónimo disse...


La crise des dettes en Europe et aux USA, un complot politico-financier :

http://wp.me/p1WnGr-3X

Anónimo disse...

La finance américaine, des requins avides et sans scrupule

http://wp.me/p1WnGr-hh

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