O País (ao)
O Presidente da
República, José Eduardo dos Santos, discursa pela terceira vez consecutiva na
Assembleia Nacional para resumir ao eleitorado o estado da Nação na abertura de
mais um ano legislativo, com a particularidade, neste caso, de conferir alguma pompa
à abertura da III Legislatura do parlamento angolano.
O actual quadro de
dificuldades sociais vividas por largas franjas da população, com realce para
as grandes cidades, onde escasseiam bens essenciais como energia e água, deverá
ter um peso maior na alocução de José Eduardo dos Santos à nação.
A questão, de tão
preocupante, suscitou a intervenção pública do partido CASA-CE, cujos
dirigentes sugeriram mesmo um pedido de desculpas, conferindo-lhe um toque
político e assunto de Estado. Ante o clima de uma certa saturação do eleitorado
com estas penalizações, o chefe do Executivo ver-seá na contingência de
desmistificar algumas respostas que amiúde são ouvidas de responsáveis do
sector da energia e águas, nomeadamente aquelas que articulam a falta destes
dois bens preciosos com o baixo caudal dos rios.
Como deixou
entender em Outubro do ano findo, na mesma casa das leis, o programa “Água para
todos” já tinha beneficiado pouco menos de milhão e meio de cidadãos com a
subida do consumo de 67 para 101 litros por dia de 2008 a 2011, o que era
representativo de uma subida de 51 por cento na taxa de consumo de água
potável. Apesar desta “boa nova” avançada o ano passado, o chefe do Executivo
foi explícito em admitir que ainda havia muita coisa a fazer, ainda que
existissem projectos de média e grande envergadura. “Mas não existe por
enquanto uma carteira nacional de projectos estruturantes que resolvam
satisfatoriamente o problema da água”, disse o presidente da República que
reputou de bem melhor a situação no domínio energético. Diante desta
constatação, também deixou claro que era urgente a preparação e aprovação de um
“Plano Nacional de Águas” que diferenciasse o uso deste recurso nos múltiplos
fins, para que fosse possível aprovar os projectos estruturantes.
Energia lusco-fusco
Não obstante o
reconhecimento de situação melhor no sector de energia do que no das águas, a
actualidade se traduz numa situação caótica no fornecimento de energia
eléctrica só à cidade de Luanda, como exemplo. José Eduardo dos Santos
manifestou mesmo algum optimismo quanto à redução a um nível zero do défice de
energia eléctrica. Disse na ocasião que estava em curso a reabilitação das
barragens do Gove, Mabubas, Lomaum e Cambambe com a conclusão dos trabalhos
prevista para este ano, 2012.
A entrada em
funcionamento destes sistemas geradores de potência deveria adicionar ao
sistema eléctrico nacional cerca de 300 megawatts de energia eléctrica. Tanto
quanto, os cidadãos podem querer ouvir são as reais causas que impedem estas
barragens de gerar a energia de que a população necessita, quando alguns destes
empreendimentos foram vistos ser inaugurados no passado mês de Agosto.
Reputa-se de grande relevância a correcção pontual ali onde há constrangimentos
para que a “Agenda 2025”, a grande fonte inspiradora do programa eleitoral e de
governação do MPLA, siga o seu curso normal até às metas propostas.
Com investimento de
17 biliões de dólares no sistema de geração e transporte de energia, é suposto
resolver-se na prática todos os problemas do sector em cinco anos, quando
Angola passar a produzir 5 mil megawatts de electricidade e interligar os
vários subsistemas eléctricos.
Eugénio Mateus
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