sábado, 13 de outubro de 2012

Angola: PR DEVERÁ ESCLARECER CRISE DE ÁGUA E ENERGIA

 

O País (ao)
 
O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, discursa pela terceira vez consecutiva na Assembleia Nacional para resumir ao eleitorado o estado da Nação na abertura de mais um ano legislativo, com a particularidade, neste caso, de conferir alguma pompa à abertura da III Legislatura do parlamento angolano.
 
O actual quadro de dificuldades sociais vividas por largas franjas da população, com realce para as grandes cidades, onde escasseiam bens essenciais como energia e água, deverá ter um peso maior na alocução de José Eduardo dos Santos à nação.
 
A questão, de tão preocupante, suscitou a intervenção pública do partido CASA-CE, cujos dirigentes sugeriram mesmo um pedido de desculpas, conferindo-lhe um toque político e assunto de Estado. Ante o clima de uma certa saturação do eleitorado com estas penalizações, o chefe do Executivo ver-seá na contingência de desmistificar algumas respostas que amiúde são ouvidas de responsáveis do sector da energia e águas, nomeadamente aquelas que articulam a falta destes dois bens preciosos com o baixo caudal dos rios.
 
Como deixou entender em Outubro do ano findo, na mesma casa das leis, o programa “Água para todos” já tinha beneficiado pouco menos de milhão e meio de cidadãos com a subida do consumo de 67 para 101 litros por dia de 2008 a 2011, o que era representativo de uma subida de 51 por cento na taxa de consumo de água potável. Apesar desta “boa nova” avançada o ano passado, o chefe do Executivo foi explícito em admitir que ainda havia muita coisa a fazer, ainda que existissem projectos de média e grande envergadura. “Mas não existe por enquanto uma carteira nacional de projectos estruturantes que resolvam satisfatoriamente o problema da água”, disse o presidente da República que reputou de bem melhor a situação no domínio energético. Diante desta constatação, também deixou claro que era urgente a preparação e aprovação de um “Plano Nacional de Águas” que diferenciasse o uso deste recurso nos múltiplos fins, para que fosse possível aprovar os projectos estruturantes.
 
Energia lusco-fusco
 
Não obstante o reconhecimento de situação melhor no sector de energia do que no das águas, a actualidade se traduz numa situação caótica no fornecimento de energia eléctrica só à cidade de Luanda, como exemplo. José Eduardo dos Santos manifestou mesmo algum optimismo quanto à redução a um nível zero do défice de energia eléctrica. Disse na ocasião que estava em curso a reabilitação das barragens do Gove, Mabubas, Lomaum e Cambambe com a conclusão dos trabalhos prevista para este ano, 2012.
 
A entrada em funcionamento destes sistemas geradores de potência deveria adicionar ao sistema eléctrico nacional cerca de 300 megawatts de energia eléctrica. Tanto quanto, os cidadãos podem querer ouvir são as reais causas que impedem estas barragens de gerar a energia de que a população necessita, quando alguns destes empreendimentos foram vistos ser inaugurados no passado mês de Agosto. Reputa-se de grande relevância a correcção pontual ali onde há constrangimentos para que a “Agenda 2025”, a grande fonte inspiradora do programa eleitoral e de governação do MPLA, siga o seu curso normal até às metas propostas.
 
Com investimento de 17 biliões de dólares no sistema de geração e transporte de energia, é suposto resolver-se na prática todos os problemas do sector em cinco anos, quando Angola passar a produzir 5 mil megawatts de electricidade e interligar os vários subsistemas eléctricos.
 
Eugénio Mateus
 

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