quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Portugal: CARVALHO DA SILVA EXORTA CAVACO A DENUNCIAR MAIS AUSTERIDADE

 

Expresso
 
O ex-secretário-geral da CGTP pediu ao Presidente da República para denunciar o agravamento da austeridade.

O ex-secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, diz que o Orçamento do Estado para 2013 vai agravar ainda mais a austeridade e exortou o Presidente da República e restantes órgãos de soberania a denunciarem a situação.

"A situação que se vive é um escândalo. Mais e mais austeridade não dá futuro. O momento atual impõe que o Presidente da República fale sério ao país porque não se pode manter esta situação", disse Carvalho da Silva em entrevista à agência Lusa.

O antigo sindicalista criticou a postura que tem sido assumida pelo Presidente da República relativamente aos sacrifícios impostos aos portugueses e considerou que Cavaco Silva "não está à altura de fazer a análise que o país precisa nem a responsabilização que se exige".

"Todos os órgãos de soberania têm obrigação de intervir, chamar a atenção para a situação do país e de se pronunciarem. Todas as instituições têm que funcionar na análise e na crítica", disse.

Mais sacrifícios para os portugueses
 
Tendo em conta as medidas de austeridade que já foram anunciadas pelo Governo, nomeadamente na área fiscal, Carvalho da Silva prevê que o Orçamento do Estado para 2013 signifique mais sacrifícios para os portugueses sem melhorar a situação económica do país.

"O Governo não mudou de agulha, o Governo não tem nenhuma proposta para tirar o país deste buraco. Pelo contrário comporta-se como o Governo de um país ocupado", afirmou.

"Quem manda é um Governo externo. Isso é uma evidência e é um drama", acrescentou o ex-sindicalista.

O antigo líder da CGTP considerou ainda que o Governo de coligação PSD/CDS "é um Governo desastroso e sem capacidade técnica", mas determinado em impor "uma agenda ideológica".

O académico considerou, no entanto, que existem alternativas para o país, mas para isso é necessário alterar as prioridades, valorizando as atividades produtivas e o trabalho.

Apelo à mobilização do povo
 
"Mas isso vai obrigar à mobilização do povo e à apresentação de propostas alternativas pelas forças politicas e sociais", afirmou, acrescentando que vale a pena lutar.

Lembrou que foi graças à mobilização dos portugueses que caiu a anunciada intenção do Governo de aumentar a Taxa social Única (TSU) paga pelos trabalhadores.

Salientou, no entanto, que as medidas fiscais anunciadas pelo Governo como alternativa ao aumento da TSU "são igualmente graves".

"O problema é que o Governo não tem senão medidas de austeridade" e por isso "o povo está condenado a movimentar-se cada vez mais", considerou.

"Convulsão descontrolada"

Para Carvalho da Silva "é indispensável a consciencialização, a mobilização e a luta social".

"Todas as lutas que os trabalhadores e o povo em geral possam fazer são bem-vindas. Será bom que a mobilização social atinja o máximo, dentro dos parâmetros da democracia", disse.

O académico alertou, no entanto, para o risco de descontrolo se não houver uma resposta aos protestos.

"Se se continuar sem resposta só há dois caminhos possíveis: a expressão social torna-se numa convulsão descontrolada ou o país cai na negação da democracia", considerou.

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