Expresso
O ex-secretário-geral
da CGTP pediu ao Presidente da República para denunciar o agravamento da austeridade.
O
ex-secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, diz que o Orçamento do
Estado para 2013 vai agravar ainda mais a austeridade e exortou o Presidente da
República e restantes órgãos de soberania a denunciarem a situação.
"A situação que se vive é um escândalo. Mais e mais austeridade não dá futuro. O momento atual impõe que o Presidente da República fale sério ao país porque não se pode manter esta situação", disse Carvalho da Silva em entrevista à agência Lusa.
O antigo sindicalista criticou a postura que tem sido assumida pelo Presidente
da República relativamente aos sacrifícios impostos aos portugueses e
considerou que Cavaco Silva "não está à altura de fazer a análise que o
país precisa nem a responsabilização que se exige".
"Todos os órgãos de soberania têm obrigação de intervir, chamar a atenção
para a situação do país e de se pronunciarem. Todas as instituições têm que
funcionar na análise e na crítica", disse.
Mais sacrifícios
para os portugueses
Tendo em conta as
medidas de austeridade que já foram anunciadas pelo Governo, nomeadamente na
área fiscal, Carvalho da Silva prevê que o Orçamento do Estado para 2013
signifique mais sacrifícios para os portugueses sem melhorar a situação
económica do país.
"O Governo não mudou de agulha, o Governo não tem nenhuma proposta para tirar o país deste buraco. Pelo contrário comporta-se como o Governo de um país ocupado", afirmou.
"Quem manda é um Governo externo. Isso é uma evidência e é um drama",
acrescentou o ex-sindicalista.
O antigo líder da CGTP considerou ainda que o Governo de coligação PSD/CDS
"é um Governo desastroso e sem capacidade técnica", mas determinado
em impor "uma agenda ideológica".
O académico considerou, no entanto, que existem alternativas para o país, mas
para isso é necessário alterar as prioridades, valorizando as atividades
produtivas e o trabalho.
Apelo à mobilização
do povo
"Mas isso vai
obrigar à mobilização do povo e à apresentação de propostas alternativas pelas
forças politicas e sociais", afirmou, acrescentando que vale a pena lutar.
Lembrou que foi graças à mobilização dos portugueses que caiu a anunciada intenção do Governo de aumentar a Taxa social Única (TSU) paga pelos trabalhadores.
Salientou, no entanto, que as medidas fiscais anunciadas pelo Governo como
alternativa ao aumento da TSU "são igualmente graves".
"O problema é que o Governo não tem senão medidas de austeridade" e por isso "o povo está condenado a movimentar-se cada vez mais", considerou.
"Convulsão descontrolada"
Para Carvalho da Silva "é indispensável a consciencialização, a mobilização e a luta social".
"Todas as lutas que os trabalhadores e o povo em geral possam fazer são
bem-vindas. Será bom que a mobilização social atinja o máximo, dentro dos
parâmetros da democracia", disse.
O académico alertou, no entanto, para o risco de descontrolo se não houver uma
resposta aos protestos.
"Se se continuar sem resposta só há dois caminhos possíveis: a expressão
social torna-se numa convulsão descontrolada ou o país cai na negação da
democracia", considerou.
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