quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Portugal: CRISE, POBREZA E BARRACAS

 

Diário de Notícias, editorial
 
As barracas nos centros urbanos estarão de volta em breve, como vaticinou Helena Roseta, vereadora da Habitação na autarquia lisboeta? Depois do esforço insano, financiado pela, ao tempo, CEE e pelo Estado central e posto em prática por incansáveis municípios para debelar essa chaga no tecido urbano por esse País fora, será que vamos voltar à criação de um "sector informal" de habitação em Portugal?
 
Infelizmente, tal como as finanças do País se apresentam e do rumo que o Governo parece estar disposto a seguir no respeitante aos apoios sociais, a resposta deverá ser: sim. A crise, de que toda a gente se queixa, manifesta-se de forma diferenciada nas diversas classes de rendimento em Portugal. Se o alarme na classe média se deve ao facto de ela se sentir esmagada por impostos, contribuições e sobretaxas, a ponto de pôr em perigo a capacidade de pagar a tempo todos os compromissos contraídos junto da banca, há toda uma outra classe em vias de resvalar abaixo do limiar da pobreza.
 
Essa fatídica fasquia está fixada em 421 euros (e o indexante para apoios sociais situa-se nos 419,22 euros). Chega-se a este valor calculando 60% da mediana do rendimento líquido dos 11% da TSU para os trabalhadores por conta de outrem. Para que os idosos com pensões sociais pudessem chegar (ao menos!...) a esse limiar é que se criou o complemento solidário para idoso. E o rendimento social de inserção deveria garantir aos agregados familiares marginalizados rendimento alinhado com este objetivo. Com as recentíssimas propostas do ministério da tutela para cortar nestes apoios, bem como no subsídio mínimo de desemprego, quem estranhará o regresso em força da "informalidade" em todas as suas formas, incluindo o reerguer de casas por via artesanal?
 

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