domingo, 28 de outubro de 2012

Portugal: PASSOS MANHOSO QUER PRATICAR O “MILAGRE DA REFUNDAÇÃO”

 


UGT desconhece o que Passos Coelho quer dizer com "refundação" e afasta cenário de revisão constitucional
 
Lisboa, 28 out (Lusa) - O secretário-geral da UGT, João Proença, disse hoje à Lusa desconhecer o que o primeiro-ministro quis dizer com "refundação do memorando de entendimento" e manifestou-se "totalmente contra" qualquer cenário de revisão constitucional.
 
João Proença falava à Lusa à margem do IX Congresso do MODERP - Movimento Democrático de Reformados e Pensionistas, que juntou cerca de uma centena de pessoas em Lisboa.
 
No encerramento das jornadas parlamentares conjuntas do PSD e do CDS-PP, que decorreu no sábado na Assembleia da República, o primeiro-ministro afirmou que até 2014 vai realizar-se uma reforma do Estado que constituirá "uma refundação do memorando de entendimento" e defendeu que o PS deve estar comprometido com esse processo.
 
Instado a comentar estas afirmações, João Proença disse: "Ainda não sabemos bem o que é que o primeiro-ministro e presidente do PSD queria dizer com essa questão de refundação".
 
No entanto, acrescentou João Proença, existem "três questões que estão nessas discussões".
 
A primeira é que "infelizmente o Governo perdeu claramente de vista que deve haver um grande diálogo entre partidos, nomeadamente com o Partido Socialista, relativamente às medidas do acordo com a troika".
 
João Proença recordou que em maio do ano passado, quando foi assinado o memorando de entendimento com a troika, "o acordo foi feito nessa base e depois o Governo foi deixando cair e hoje há decisões, muitas vezes tomadas nas costas dos portugueses, entre o Governo ou parte do Governo e a troika com total ignorância da população e sem qualquer diálogo com o partido da oposição".
 
Por isso, se as afirmações de Passos Coelho foram "no sentido de haver um maior diálogo e maior compromisso em termos nacionais em relação à troika parece-nos positivo. Esperemos que assim seja".
 
O líder da central sindical apontou como segunda questão o Estado Social, que apesar de ter "carências", responde a "uma grande conquista das pessoas de terem direito à educação, saúde e à proteção social".
 
Apesar de nos últimos tempos se assistir a um "ligeiro desequilíbrio" devido à subida do desemprego, Proença sublinhou que esta é uma situação transitória, mas defendeu que necessário prever a sustentabilidade futura da segurança social.
 
"Da nossa parte há uma permanente abertura ao diálogo sobre estas matérias, nomeadamente cofinanciar o Estado Social", sublinhou o secretário-geral
 
João Proença disse que há abertura para a discussão sobre este tema, mas apontou que "tem de haver um amplo consenso" em relação a esta matéria.
 
"Quando se mexe em questões estruturais não pode ser por decisão do Governo, tem de ter um apoio que garanta a estabilidade das políticas".
 
Em relação à terceira questão, que João Proença apontou como o "desafio" que foi feito ao PS para "entrar num processo de revisão constitucional, a central sindical diz-se "totalmente contra".
 
"Achamos totalmente absurdo que seja a troika ou quaisquer ideias do Governo que possam condicionar o quadro constitucional. A Constituição também deve garantir a estabilidade e confiança dos portugueses", disse.
 
Proença salientou que em Portugal vive-se atualmente momentos de forte insegurança dada a precariedade e queda de rendimento das famílias.
 
"No momento em que há insegurança causar mais um problema merece a nossa total oposição".
 
A Constituição é "um garante de um quadro geral de obrigações, direitos, de organização de Estado democrático. Não pode ser uma mudança conjuntural para responder a obrigações perante a troika ou para responder a imposições externas. Parece-nos absurdo ir por esse caminho", concluiu.
 
ALU/(IEL) // MSP
 
António José Seguro quer saber o que o primeiro-ministro entende por refundação do memorando da troika
 
Almada, 27 out (Lusa) – António José Seguro pediu hoje ao primeiro-ministro para clarificar o que pretende dizer com a proposta de refundação do memorando da troika mas advertiu desde já que o PS "não está disponível para colaborar no desmantelamento do Estado Social".
 
"O primeiro-ministro falhou, meteu-se numa camisa de sete varas", disse o líder socialista, que repetiu a expressão por duas vezes e acrescentou que não poderia responder ao repto de Pedro Passos Coelho para que o PS participasse na refundação do memorando porque o primeiro-ministro não soube explicar o que queria.
 
"Quer dizer o quê com a refundação do programa de ajustamento? Atualização, nós sabemos. É que o primeiro-ministro já fez cinco atualizações do memorando, da sua exclusiva responsabilidade, e não aproveitou essas atualizações para melhorar o nosso programa de ajustamento", disse.
 
Para António José Seguro, a refundação "é uma singularidade no léxico político português e é uma novidade que o primeiro-ministro hoje deixou no seu discurso".
 
Nós socialistas, não nos podemos pronunciar sobre algo que o primeiro-ministro não foi capaz de explicar aos portugueses e que nós pretendemos que ele explique com clareza", acrescentou.
 
O líder do PS, que falava a centenas de militantes num jantar que decorreu no complexo municipal de desportos de Almada, garantiu, no entanto, que não fará qualquer acordo "nas costas dos portugueses" e que não está disponível para colaborar no "desmantelamento do Estado Social".
 
"O PS não está disponível para nenhuma revisão constitucional que ponha em causa as funções sociais do Estado, que são instrumentos para o combate às desigualdades sociais, para a coesão social e para a solidariedade entre gerações".
 
O líder do PS garantiu que "os acessos à saúde, à educação e à proteção social são pilares de uma matriz civilizacional de que o PS nunca abdicará".
 
António José Seguro falava num jantar em que renovou as críticas que tem vindo a fazer ao Governo PSD/CDS pela degradação da situação económica e pelo aumento do desemprego.
 
O líder socialista acusou ainda o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, de o ter criticado, durante as jornadas parlamentares do PSD e do CDS/PP, por falar da situação de Portugal na Europa.
 
"Eu não abdico de dizer a verdade em Portugal e na Europa daquilo que se está a passar no país", frisou, reafirmando que o PS irá votar contra o Orçamento do Estado para 2013.
 
GR // MSP
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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