Rádio Moçambique
O Ministério da
Saúde (MISAU) reiterou ontem à noite a sua contínua abertura ao diálogo com
vista a solução dos problemas dos médicos, numa altura em que aqueles
profissionais voltam a ameaçar em paralisar os serviços na segunda-feira por
julgarem que ainda não foram satisfeitas as suas reivindicações.
Falando em
conferência de Imprensa, o Ministro da Saúde, Alexandre Manguele, exortou todos
os profissionais do sector a manterem a calma, entrega, dinamismo e
criatividade na solução dos problemas da saúde dos moçambicanos. Acrescentou
que os quadros da Saúde devem manter a confiança na sua instituição.
A comunicação do
ministro surge numa altura em que a Associação Médica de Moçambique (AMM)
exorta os seus membros e todos os demais médicos a paralisarem os serviços a
partir desta segunda-feira, caso as negociações que vêm decorrendo desde início
de Dezembro, terminem hoje sem a satisfação da exigência de aumento salarial.
Questionado sobre o
assunto, Manguele disse que espera que os médicos, "formados no país à
custa do suor do povo" se façam às unidades sanitárias, "uma vez que
têm consciência dos sacrifícios feitos pelos utentes para que fossem o que hoje
são".
Ele acrescentou que
na sequência do aviso de greve de 7 de Dezembro criou-se duas comissões, uma
para apresentar uma proposta de tabela salarial e outros suplementos e outra
destinada a revisão e harmonização do Estatuto do Médico na Administração
Pública.
Quanto ao estatuto
houve consensos. Nos salários, de acordo com o governante, foram elaborados
cenários e estão em negociação, considerando as condições socioeconómicas do
país.
Entretanto, Jorge
Arroz, presidente da Direcção da Associação Médica de Moçambique (AMM), disse
que as partes têm um prazo para se entenderem até o fim do dia de hoje, mas
caso não haja consenso, haverá mesmo grave. “Temos que esperar tudo. Até agora
(ontem) nada mudou. A questão ainda não foi respondida”, disse.
Numa mensagem
enviada aos médicos, a AMM orienta que durante os dias de paralisação, os
profissionais que não estejam escalados nos serviços de urgência, não devem se
dirigir às unidades sanitárias e/ou qualquer outro posto de trabalho.
Havendo
possibilidade, indica a nota, os médicos das nove províncias, excepto
Maputo-cidade e província, vão se concentrar na capital provincial. Caso não,
os profissionais devem permanecer em suas residências, atendendo exclusivamente
as urgências nos sectores não abrangidos pela greve.
Por sua vez,
Aurélio Zilhão, bastonário da Ordem dos Médicos considera haver um extremar de
posições entre a AMM e o MISAU e defende que as partes devem encontrar um
meio-termo para evitar a paralisação dos serviços, que terá consequências
drásticas na vida da população.
“É um assunto
delicado, mas as partes devem fazer cedências e/ou reescalonar os problemas,
resolvendo alguns pontos agora e estabelecer um calendário para a resolução de
outras questões”, disse.
Zilhão, que já foi
ministro da Saúde, esclareceu que a Ordem é por uma discussão até a solução das
inquietações da classe médica e não pela greve.
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