domingo, 6 de janeiro de 2013

Moçambique – Greve na 2ª feira: GOVERNO E MÉDICOS SEM ACORDO




Rádio Moçambique

O Ministério da Saúde (MISAU) reiterou ontem à noite a sua contínua abertura ao diálogo com vista a solução dos problemas dos médicos, numa altura em que aqueles profissionais voltam a ameaçar em paralisar os serviços na segunda-feira por julgarem que ainda não foram satisfeitas as suas reivindicações.

Falando em conferência de Imprensa, o Ministro da Saúde, Alexandre Manguele, exortou todos os profissionais do sector a manterem a calma, entrega, dinamismo e criatividade na solução dos problemas da saúde dos moçambicanos. Acrescentou que os quadros da Saúde devem manter a confiança na sua instituição. 

A comunicação do ministro surge numa altura em que a Associação Médica de Moçambique (AMM) exorta os seus membros e todos os demais médicos a paralisarem os serviços a partir desta segunda-feira, caso as negociações que vêm decorrendo desde início de Dezembro, terminem hoje sem a satisfação da exigência de aumento salarial.

Questionado sobre o assunto, Manguele disse que espera que os médicos, "formados no país à custa do suor do povo" se façam às unidades sanitárias, "uma vez que têm consciência dos sacrifícios feitos pelos utentes para que fossem o que hoje são".

Ele acrescentou que na sequência do aviso de greve de 7 de Dezembro criou-se duas comissões, uma para apresentar uma proposta de tabela salarial e outros suplementos e outra destinada a revisão e harmonização do Estatuto do Médico na Administração Pública.

Quanto ao estatuto houve consensos. Nos salários, de acordo com o governante, foram elaborados cenários e estão em negociação, considerando as condições socioeconómicas do país.

Entretanto, Jorge Arroz, presidente da Direcção da Associação Médica de Moçambique (AMM), disse que as partes têm um prazo para se entenderem até o fim do dia de hoje, mas caso não haja consenso, haverá mesmo grave. “Temos que esperar tudo. Até agora (ontem) nada mudou. A questão ainda não foi respondida”, disse.

Numa mensagem enviada aos médicos, a AMM orienta que durante os dias de paralisação, os profissionais que não estejam escalados nos serviços de urgência, não devem se dirigir às unidades sanitárias e/ou qualquer outro posto de trabalho.

Havendo possibilidade, indica a nota, os médicos das nove províncias, excepto Maputo-cidade e província, vão se concentrar na capital provincial. Caso não, os profissionais devem permanecer em suas residências, atendendo exclusivamente as urgências nos sectores não abrangidos pela greve.

Por sua vez, Aurélio Zilhão, bastonário da Ordem dos Médicos considera haver um extremar de posições entre a AMM e o MISAU e defende que as partes devem encontrar um meio-termo para evitar a paralisação dos serviços, que terá consequências drásticas na vida da população.

“É um assunto delicado, mas as partes devem fazer cedências e/ou reescalonar os problemas, resolvendo alguns pontos agora e estabelecer um calendário para a resolução de outras questões”, disse.

Zilhão, que já foi ministro da Saúde, esclareceu que a Ordem é por uma discussão até a solução das inquietações da classe médica e não pela greve. 

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