terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Portugal: TRAPALHADAS SOCIALISTAS




Fernando Santos – Jornal de Notícias, opinião

Patrocinado por António José Seguro, o Partido Socialista constituiu um Laboratório de Ideias e de Propostas para Portugal (LIPP). Já público mas ainda não notório o projeto envolve cerca de cinco mil cabeças, entre socialistas e independentes, a queimarem as pestanas na busca de remédios para Portugal.

Desde a sua constituição até agora o referido Laboratório ainda não apresentou um só desiderato quantificado mas, enfim, haja calma. Tirar coelhos da cartola é mais de mágicos e não encaixa na postura e no tom hermenêutico das generalizações de António José Seguro.

Os tempos estão difíceis para todos - e a busca de alternativas ao buraco no qual está o país metido não é coisa pouca. Mesmo uma segmentação de áreas em análise pelas cinco mil cabeças tem o seu quê de dificuldade e a busca de consensos para a defesa de uma linha comum não é tarefa rápida. Além de todas e quaisquer equações correrem o risco de desautorização sempre e quando não soem a música celestial para os eleitores...

As últimas horas foram eloquentes sobre a forma atrapalhada como o Partido Socialista gere os seus comportamentos. Álvaro Beleza, o coordenador dos socialistas para a área da Saúde, cometeu a "proeza" de defender em entrevista ao JN a extinção da ADSE para pôr fim a um sistema diferenciador dos portugueses. O que o homem foi dizer, logo agora, quando está ao rubro o debate sobre um corte de quatro mil milhões nos custos sociais do Estado e os socialistas agitam o espantalho de eleições legislativas antecipadas! A franqueza (ou ingenuidade?) de Álvaro Beleza valeu-lhe um valente puxão de orelhas e os portugueses ficaram a saber que o senhor, afinal, é coordenador de si próprio!

Esta desinteligência estratégica no Partido Socialista em versão Seguro não lhe augura nada de bom. A falta de sinceridade ou de assunção de responsabilidades e propostas muito menos.

O Partido Socialista, como o fez ao JN, bem pode esgrimir a tese segundo a qual só abre espaço a "um debate [sobre a Reforma do Estado] que se pretende sério, com base em estudos aprofundados e credíveis, com vasta participação de responsáveis e especialistas - e sobre essas questões há um debate a fazer". Terá é muita dificuldade em mostrar-se credível ao ficar apenas pela ideia de que "no momento adequado, o PS dará a conhecer o resultado do trabalho que está a desenvolver". Pede-se-lhe bem mais. E rápido.

O país está farto de esperar. E tem memória. E falta de paciência para chico-espertismos.

O país ainda aguarda, por exemplo, pela proposta de alteração da lei eleitoral - com redução de número de deputados - anunciada e prometida para até ao final de 2012 por António José Seguro num jantar a 5 de outubro, em Alenquer. Será que não resistiu às críticas da oposição interna ou está nos tubos de ensaios do Laboratório de Ideias?

Sem comentários:

Mais lidas da semana