Jornal i - Lusa
O bilionário George
Soros considerou hoje que a zona euro está desalinhada face ao resto do mundo
no que diz respeito às medidas consideradas necessárias para sair da crise
económica, especialmente pela recusa de injetar mais dinheiro nas economias.
“A zona euro,
dominada pela Alemanha, está desalinhada com o resto do mundo e, ainda que a
crise do euro esteja mais ou menos controlada, continua a existir uma grande
desacordo sobre a forma de sair da recessão”, afirmou o bilionário americano,
nascido na Húngria, numa entrevista à agência Bloomberg no âmbito do Fórum
Económico Mundial que decorre em Davos, na Suíça.
Este desacordo
“agudizou-se este ano após o Japão decidir mudar de rumo”, afirmou o financeiro
em referência à decisão do Banco Central do Japão de promover uma política
centrada em reanimar uma economia estagnada e presa na deflação, com a compra
de ativos como forma de injetar mais dinheiro na economia (banco central cria
dinheiro para comprar ativos dos bancos, liberta os balanços dos bancos que
acabam por ter mais liquidez para emprestar).
O magnata, que tem
sido muito critico da política económica alemã, explicou que existe um medo,
“principalmente da Alemanha”, que da injeção de liquidez na economia da zona
euro resulte uma aumento descontrolado da inflação e que isso coloque em causa
a recuperação.
O medo da subida da
inflação de forma descontrolada é para o responsável completamente infundado.
Este é um medo recorrentemente apontado aos responsáveis políticos alemães, que
surge depois do episódio de hiperinflação na Alemanha em 1923.
Soros diz que a
chanceler alemã Angela Merkel “fez o que tinha a fazer para salvar o euro
apoiando Draghi [presidente do Banco Central Europeu] em vez do governador do
banco central da Alemanha e agora o euro está para ficar”, mas considera que
“qualquer complacência ou otimismo são prematuros”.
“A Alemanha fez o
mínimo possível para salvar o euro e após salvá-lo, as concessões que fez o seu
Governo [de Angela Merkel] estão-se a desvanecer”, disse.
George Soros
considerou mesmo que foram as políticas de injeção de liquidez na economia
seguidas por alguns países – como é o caso dos Estados Unidos – que permitiram
recuperar o controlo e “evitar o erro cometido durante a Grande Depressão” dos
anos 30.
O bilionário
afirmou ainda que os investidores ainda não conseguem entender como funcionam
os mercados financeiros apesar das medidas tomadas na sequência da crise para
limitar os produtos complexos.
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