quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Moçambique: EX-ESPIÕES INDIGNADOS, OS ADVOGADOS E O “NEGÓCIO ILEGAL”




Ex-espiões moçambicanos protestam à porta dos serviços de informações

20 de Fevereiro de 2013, 18:43

Maputo, 20 fev (Lusa) - Cerca de 250 ex-espiões moçambicanos manifestaram-se hoje à porta da sede dos serviços de informações em Maputo, contestando despedimentos e exigindo o pagamento de pensões.

Na manifestação dos veteranos, muitos dos quais do tempo da Guerra Fria e formados em Cuba e países do bloco soviético, alguns ex-agentes afirmaram que só eles podem por cobro a uma onda de raptos que assola a capital.

Adolf Beira, porta-voz dos manifestantes, afirmou que em "nenhuma outra parte do mundo" um agente dos serviços de informações pode ser dispensado" como aconteceu em Moçambique.

Os manifestantes acusam o governo de os ter dispensado injustamente e substituído por agentes mais jovens e menos experientes.

"Se nos marginalizarem, seremos todos testemunhas da tragédia que se está a desenrolar no nosso país", afirmou Beira.

Os ex-agentes afirmam que indivíduos no poder estão envolvidos na onda de raptos que começou no final de 2011, que tem visado a comunidade empresarial.

"Estes raptos não deveriam estar a acontecer, mas há pessoas cujo interesse é que eles continuem, porque lhes rende dinheiro fácil", disse à agência AFP um ex-agente, que se escusou a identificar-se.

"Eles sabem que nós podemos combater isto", disse outro ex-agente.

Mais de 30 empresários e familiares de homens de negócios foram sequestrados no ano passado em Moçambique e quase todos foram libertados mediante o pagamento de avultados resgates.

No último fim de semana, um conhecido empresário da área da restauração de Maputo, foi raptado, por pessoas que vestiam uniforme da Polícia moçambicana.

Segundo a imprensa moçambicana, o empresário continua em cativeiro e a família tem estado em negociações com os raptores para o pagamento de resgate.

O vice-comandante da polícia moçambicana, Jaime Basílio Monteiro, considerou "preocupantes" os crimes cometidos por pessoas trajadas com uniforme da polícia, declarando ser urgente atacar as "fraquezas" que se verificam na corporação.

Jaime Basílio Monteiro admitiu "alguma fraqueza" da polícia no combate aos sequestros, adiantando, sem pormenorizar, que estão em curso ações para estancar o problema.
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Bastonário dos advogados moçambicanos diz que parcerias com portugueses disfarçam exercício ilegal da profissão

21 de Fevereiro de 2013, 09:49

Maputo, 21 fev (Lusa) - O bastonário dos advogados de Moçambique considera que as parcerias de escritórios locais com portugueses são "um disfarce" do exercício ilegal da advocacia em Moçambique, apontando a prática como "um dos maiores desafios" da Ordem.

Gilberto Correia, que vai abandonar a liderança da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), afirma, em editorial do Boletim Informativo da OAM, que, a coberto dos acordos de cooperação com escritórios de advogados locais, os advogados portugueses instalam-se em Moçambique para exercer ilegalmente a atividade.

"Várias vezes, sob o disfarce da formação, transmissão de conhecimento, gestão da parceria, harmonização informática, entre outros, alguns advogados portugueses instalam-se nos escritórios dos alegados parceiros em Maputo, onde praticam de forma mais ou menos disfarçada atos próprios da profissão de advogado em benefício de terceiros - clientes aqui em Moçambique", diz Gilberto Correia.

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