Tiago Mesquita –
Expresso, opinião
"Bento XVI
demite-se por não se sentir em condições de exercer o cargo de Papa."
Esta obsessão da Igreja Católica em ordenar Papas com o prazo de validade de um sveltesse de
morango não tem dado grande resultado. Querem ter um homem de 75 anos de idade com
a vitalidade de uma hospedeira de bordo na casa dos vinte e disposto a fazer as
mesmas deslocações. Não dá. Uma semana depois estão cansados, alguns meses
volvidos mal conseguem levantar o braço e acenar aos crentes dentro daquele
aquário com rodas a que chamam papamóvel, e se chegarem ao primeiro ano a dizer amen temos
beatificação a caminho.
Não estou por
dentro dos requisitos mínimos exigidos para que alguém possa ser ordenado chefe
máximo da Igreja católica, agora tenho a certeza absoluta de que não será nada
a que o ministro Relvas não consiga ficar habilitado com meia dúzia de aulas no
seminário em regime pós-laboral. E não deixa de ser engraçado verificar que
Bento XVI saiu contra todas a expectativas enquanto Relvas permanece no governo
contra todas as expectativas. Bem vistas as coisas, é quase tão idiota
Relvas vir a ser o novo Papa como continuar a ser ministro.
Conclave? Esqueçam.
Farto de comissões parlamentares está o senhor ministro. Os cardeais se
quiserem brincar às nomeações que façam um Secret Story Vaticano. Quando
o fumo branco sair da chaminé é sinal de que o Papa Relvas está pronto para
começar a privatizar tudo o que estiver dentro de muros do Vaticano. Dois dias
depois, os chineses vão andar a pintar pagodes no tecto da capela
Sistina.
E quanto a
demitir-se por não se sentir em condições de exercer o cargo, é coisa que
jamais aconteceria com o Papa Relvas. Mais depressa as 140 estátuas de santos e
mártires, papas e fundadores de ordens religiosas que ornamentam a praça de
Praça de São Pedro se juntam no centro do recinto e fazem uma rave. Com
Miguel Relvas de anel de pescador no dedo é quase certo que a próxima renúncia
papal vai ser novamente daqui a 600 anos. Amen.
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