Luís Rainha –
Jornal i, opinião
Belíssimo episódio,
a nova cantoria do “Grândola”, agora dedicada ao equivalente-a-ministro Relvas.
Aquele omnipresente sorriso amarelado talvez merecesse uma outra canção do
Zeca, quiçá a que versava o processo de manufactura de canalhas: “No país da verborreia/Uma
brilhante carreira/Dá produto todo o ano.” Nem mais: cada cavadela dá direito a
nova minhoca. O homem não tem o fio de voz do chefe – precisaria mesmo de fazer
de conta que sabe a letra da canção?
O suposto moderador
do debate que respondeu com gritinhos a mandar calar os intrusos também é
produto típico de um certo Portugal. Autodenominado “Pensador”, anima um blogue
em que profusamente fala de si na terceira pessoa e nunca falha como “Convidado
Permanente” nos seus debates. É a “sociedade civil” em versão tuga: se ninguém
se lembra de lhe montar palanque, o próprio trata disso. Mas que haja muito
respeitinho nas tertúlias do Clube; nada de rimas de intervenção a cantar
anarquia na função. E vá lá que não se lembraram de entoar algo como “Os eunucos
devoram-se a si mesmos/Não mudam de uniforme, são venais/E quando os mais são
feitos em torresmos/Defendem os tiranos contra os pais”.
Aplaudamos e façamos coro com esta modalidade canora de desobediência, de
resistência passiva a quem quer embrulhar em debates, parlamentices e outras
cortinas de verborreia o assassinato de um povo. O Zeca é sempre bom
conselheiro nestas coisas: “Mais vale dar numa sarjeta/Que na mão/De quem nos
inveja a vida/E tira o pão.”
Publicitário - Escreve
à quarta-feira
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