Deutsche Welle
Por grande maioria,
deputados barram controvertido imposto bancário, que já abala mercados
financeiros e confiança na União Europeia.
O Parlamento do
Chipre barrou nesta terça-feira (19/03), por grande maioria, as condições
impostas pela zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para a
concessão de um resgate financeiro ao país. Após debate acalorado, 36 dos 56
deputados rejeitaram todas as medidas envolvidas, inclusive o controvertido
imposto sobre as contas bancárias. Um parlamentar não estava presente, e 19
outros se abstiveram.
A rejeição já se
esboçava logo após o fechamento do pacote de resgate pelos países do grupo do
euro – inclusive o próprio Chipre – no último fim de semana, em Bruxelas.
Diante da resistência crescente da população e de políticos, a votação no
Parlamento chegou a ser adiada várias vezes.
A taxação
compulsória tem como objetivo arrecadar 5,8 bilhões de euros, e é a condição
imposta pelos demais países da zona de moeda única e pelo FMI para a concessão
de créditos no valor de 10 bilhões de euros ao Chipre.
Ameaça de falência
Poucas horas antes
da votação no Parlamento, o recém-eleito presidente cipriota, Nikos
Anastasiades, já havia dito não acreditar que os deputados fossem apoiar os
seus planos. "Eles pensam que é injusto e contra os interesses do
Chipre", alertara.
Os protestos em
massa já haviam levado o chefe de Estado conservador a minimizar o impacto da
medida: em vez de ser aplicada a todos os correntistas, ela só afetaria aqueles
com mais de 20 mil euros no banco.
No entanto, isso
não bastou para conquistar a aprovação dos parlamentares. Durante o debate,
vários deles afirmaram ser "uma questão de honra dizer 'não'". Ao
mesmo tempo, do lado de fora do Parlamento, um grupo protestava: "Salvem
os cidadãos, não os bancos!" e "não vamos ser os escravos do século
21!", eram algumas das frases gritadas. Um jovem manifestante empregou uma
imagem drástica: "Eles nos dão a opção de nos suicidarmos ou sermos
fuzilados".
O anúncio da
taxação causou indignação internacional, sobretudo na Rússia e na Ucrânia,
países que têm bilhões investidos no Chipre. Mesmo nos mercados financeiros, a
medida é considerada uma quebra de tabu, podendo aniquilar os progressos no
combate à crise de endividamento na zona do euro. O anúncio chegou a afetar
negativamente as cotações em Wall Street nesta terça-feira – tendência
reforçada pelos boatos de que o ministro das Finanças do Chipre, Michael
Sarris, estaria cogitando renunciar.
Referindo-se ao
inesperado imposto, o empresariado cipriota falou em "genocídio
financeiro". Os bancos do país permanecerão fechados no mínimo até esta
quarta-feira. Mesmo assim, o banco central teme uma incontrolável onda de
retiradas.
Agora, após a
decisão do Parlamento, a imprensa europeia se refere ao Chipre como estando
"preso na armadilha" ou "à beira do abismo", podendo se
tornar o primeiro país da união monetária europeia a entrar de fato em
falência.
AV/dpa/rtr
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