Sol - Lusa
O testemunho do
activista angolano Rafael Marques fará parte de um relatório a apresentar ao
Parlamento Europeu sobre a ligação entre corrupção e direitos humanos em países
terceiros, que está a ser elaborado pela eurodeputada Ana Gomes e que deverá
ser apresentado até ao verão.
Em declarações à
agência Lusa, Ana Gomes explicou que foi incumbida pela subcomissão de direitos
humanos do parlamento europeu para avaliar as situações de violações de
direitos humanos directamente relacionadas com casos de corrupção num relatório
que será distribuído aos eurodeputados durante os próximos meses.
Na quinta-feira,
naquela que foi a primeira audição no âmbito deste relatório, o jornalista
angolano foi ouvido na subcomissão de direitos humanos no Parlamento Europeu a
par da perita Julia Pettengill, perita britânica sobre a Rússia, e de Gareth
Sweeney, da Transparência Internacional.
“A corrupção não
deve ser vista de forma isolada, mas também tendo em conta a forma como afecta
os direitos humanos” nos países terceiros com quem a União Europeia se
relaciona, salientou Ana Gomes, que espera ter concluído um primeiro esboço do
relatório até março para que seja depois discutido ainda antes do verão.
“O Parlamento
Europeu deve analisar a situação dos outros países à luz das violações dos
direitos humanos” e por isso o objectivo destas audições é “recolher
contribuições e elementos” de fontes próximas dos países em causa.
Angola foi um dos
casos escolhidos porque “não é um país que aparece muito no radar [da violação]
dos direitos humanos” mas que é “bem conhecido pelos elevados índices de
corrupção”, salientou Ana Gomes.
E o jornalista e
activista Rafael Marques “tem demonstrado que há uma verdadeira ligação entre a
violação de direitos humanos e a corrupção”, acrescentou a eurodeputada, que
defende uma política externa da UE que tenha em conta esta realidade.
“As violações de
direitos humanos ocorrem em países com elevados níveis de corrupção” e esse é
um assunto “que tem de estar em cima da mesa” de discussão dos eurodeputados e
das autoridades comunitárias.
Rafael Marques tem
insistido na denúncia daquilo que considera serem casos de corrupção em Angola,
mas também tem criticado as opções políticas da União Europeia de apoio ao
regime angolano.
Para Ana Gomes, o
relatório visa sensibilizar também os eurodeputados, com “casos concretos” para
a importância da relação entre a corrupção e a violação dos direitos humanos.
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