Depois de nos anos
70 ter conhecido a futura mulher finlandesa, foi de Portugal para a Suécia,
onde residia até ser morto pela polícia, o que revoltou os jovens dos subúrbios
de Estocolmo.
Alexandre Costa,
Anabela Natário e Cristina Peres - Expresso
O homem de 68 anos cuja morte às mãos da polícia sueca está na origem dos
tumultos que abalam os arredores de Estocolmo há cinco noites, chama-se Lenine
Relvas-Martins, é português, casado com uma finlandesa, e encontrava-se a viver
na Suécia há mais de 30 anos, soube o Expresso.
Lenine Relvas
Martins foi morto pela polícia no passado dia 12, durante um episódio ainda
mal-esclarecido. O certo é que os agentes dispararam contra o emigrante
português, dentro de casa deste em Husby, perto da capital sueca.
A polícia afirma
ter sido chamada por habitantes do bloco de apartamentos, que se queixavam de
um desacato, que um homem armado com uma faca estaria a ameaçar a mulher.
Quando chegou ao local, sustenta, tentou acalmar pelo telefone Relvas-Martins e
como este não desse mostras de abrir a porta resolveu arrombá-la e disparar
sobre o português.
A família tem outra
versão. O cunhado do português, Risto Kajanto, conta que o casal tinha ido
jantar a um restaurante e, à saída, foi importunado por um grupo de jovens que
travou à sua beira o automóvel em que seguia. O caso ficou por ali, mas, já em
casa, quando a polícia bateu à porta, Relvas-Martins pensou tratar-se do
"gangue", resolvendo ir buscar "uma faca de colecão" e
aparecer na varanda empunhando-a.
"Isto é o que
a minha irmã me disse. Mas ela está em estado de choque, o que realmente
aconteceu provavelmente ninguém sabe bem", disse ainda Risto Kajanto, a
viver na Finlândia, ao tabloide sueco "Aftonbladet". Adianta que a
irmã se encontra num hotel acompanhada por um sacerdote, tentando ultrapassar o
facto de ter visto o marido ser morto.
Apesar das dúvidas,
o cunhado afirma que Lenine Relvas-Martins, cujo nome não tinha sido divulgado
até agora, não era uma pessoa violenta e nunca faria mal à mulher. Kajanto diz
ter vivido com eles - casados há mais de 30 anos - durante um período de tempo
e que Lenine era "um homem feliz, com um grande humor".
Kajanto até percebe
que a polícia se tenha precipitado por não saber exatamente o que se passava,
mas essa razão não justifica a atitude. Além disso, não entente a razão dos
disparos para dominar um homem de estatura pequena como era o seu cunhado.
Perante o facto da
morte de Relvas-Martins ter desencadeado os tumultos, Risto Kajanto deixou no
"Aftonbladet" um apelo para o fim da violência.
Na noite passada,
os distúrbios, encabeçados por jovens, prosseguiram em diversos locais
dos subúrbios de Estocolmo.
Foram incendiados
cerca de 30 carros e algumas escolas, provocando a revolta de moradores mais
velhos.
A polícia de Estocolmo
solicitou reforços para fazer frente à situação, considerando no entanto que os
atos de destruição, que há cinco noites se repetem, estão a diminuir.
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