Pedro d'Anunciação –
Sol, opinião
Marcelo Rebelo de
Sousa advertiu outro dia que Passos Coelho, sempre a dizer uma coisa e o
oposto, ora anunciando uma medida, ora avançando afinal com outra, tinha já
caído no descrédito total.
Um amigo meu
golfista, de resto assumidamente de direita e por isso preferindo este Governo
a um do PS, acha que Passos Governa como no golfe se usa uma bola ‘just in
case’. A bola ‘just in case’ é a que se usa, até se encontrar outra, que não se
tinha a certeza de onde estava. Ora Passos parece vir a seguir esse caminho.
Nunca tem a certeza de nada, de maneira que vai anunciando medidas, que os
cidadãos devem entender como bolas ‘just in case’.
Na realidade, Passos simplesmente não sabe o que diz. Ou então escusava de ter
declarado que as medidas anunciadas em 3 de Maio passado (dispensa de
funcionários públicos, aumento da idade da reforma e contribuição especial
sobre pensões) não «têm consequências directas para os cidadãos» fora da esfera
da administração pública. O primeiro-ministro não terá ainda percebido que o
asfixiar da economia atinge praticamente toda a gente? E que as suas tentativas
de virar cidadãos contra cidadãos (os velhos e reformados contra os novos que
ainda não pensam nas reformas, como fez há tempos, ou agora os funcionários
públicos contra os da privada), além de serem eticamente reprováveis e
esteticamente feias, são simplesmente mentira. Todos apanhamos por tabela.
Enfim, Passos não sabe o que diz. Mas não se lhe vislumbra a alternativa
pronta. Embora eu acredite na Sociedade Civil, como parte da democracia (já
poucos se lembram do que Sá Carneiro e Lucas Pires tentaram explicar sobre o
assunto), e portanto acredite que não só no Parlamento os Governos caem – ainda
não vejo a alternativa afinada.
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