Mauro Santayana –
Jornal do Brasil, opinião
Em momentos
históricos como os que estamos vivendo, é melhor recorrer às idéias simples,
aos lugares comuns, ao reconhecimento do óbvio. Liberdade de expressão e de
reunião, de forma pacífica, sem armas, é direito de todos, e não de alguns. Nos
regimes democráticos, nos parlamentos e nas ruas, os adjetivos podem ser duros,
e veementes os confrontos verbais. Mas todos devem ser ouvidos.
O que parecia a
reunião pacífica e até mesmo alegre dos jovens se tornou uma incontrolável
manifestação de ódio contra as instituições nacionais. A hora exige a
identificação e o isolamento dos baderneiros que se encontram a serviço dos
inimigos internos e externos da nação de brasileiros.
O pronunciamento,
esta noite da Presidente Dilma Rousseff, propondo-se a receber os líderes dos
movimentos, que já passaram a ser diversos e não vinculados aos primeiros
manifestantes, é uma demonstração de responsabilidade que deve ser reconhecida.
Ela poderia ter sido menos contida, na defesa das medidas de caráter econômico
e social tomadas pelo seu governo, na retomada dos investimentos, na educação e
na saúde. Mesmo assim, e dentro da sobriedade que o momento exige, ela
transmitiu confiança aos que a ouviram.
Democracia exige
partidos políticos e não “redes anônimas”, sem ideologia e sem programas. Desde
que existe política existem partidos, que se dividem entre os conservadores e
os inovadores. Foi assim na Grécia, foi assim em Roma, é assim em todos os
países em que se respeita o homem e sua liberdade de escolher seu destino coletivo.
Conservadores e
inovadores têm o mesmo direito de pregar as suas idéias, desde que respeitem os
princípios basilares da democracia. Fora disso, o que temos são os projetos
tirânicos e criminosos, como os do fascismo. A tolerância democrática tem seus
limites. Como lembrou Marcuse, Hitler poderia ter sido contido a tempo, se os
democratas da República de Weimar não houvessem sido tão tolerantes com a sua
pregação liberticida.
A democracia tem
todo o direito de se defender contra seus inimigos.
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