Económico com Lusa
As tensões que têm
vindo a público entre Bruxelas e o FMI podem ditar o fim da 'troika', noticiou
hoje o diário espanhol El País.
Na manchete do
jornal lê-se "A 'troika' entra em crise devido às tensões entre Bruxelas e
o FMI", com o jornal a citar várias fontes comunitárias para quem a equipa
constituída por Comissão Europeia (CE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e
Banco Central Europeu (BCE) tem os dias contados.
Segundo
"fontes próximas do FMI", a Europa "continua em Estado de
negação com a Grécia", que necessita de uma nova reestruturação da dívida,
e também "com Portugal e Irlanda", que vão precisar de outro tipo de
apoios e "algo mais no caso português". Quanto ao Chipre, diz a mesma
fonte, está no "caminho do desastre".
"Morte à
troika", resume de forma mais dura um alto funcionário de Bruxelas, que
diz que este vai ser o resultado dos erros cometidos nos resgates aos países da
periferia europeia, sobretudo na Grécia e em Chipre e, em menor medida, em
Portugal e na Irlanda.
Por estes motivos,
diz o El País, o casamento entre Bruxelas e o FMI está à beira do divórcio,
talvez porque começou mal. Em 2010, explica o jornal, com a Grécia em graves
problemas, a Comissão Europeia apresentou aos Estados-membros o esboço de um
Fundo Monetário Europeu para gerir resgates, mas a Alemanha negou de imediato.
Berlim não confiava na CE devido à sua inexperiência em resgates e receava os
riscos de politização.
No entanto, lê-se
no El País, a excelência técnica da 'troika' acabaria por não surgir o que
levou recentemente a acusações mútuas entre a CE e o FMI, com o BCE a estar
semiausente da discussão.
No início de Junho,
o FMI fez 'mea culpa', num relatório em que admitiu "erros notáveis"
na abordagem do programa do primeiro resgate financeiro à Grécia (2010), o que
foi visto como um ataque a Bruxelas.
O Fundo veio ainda
dizer que é impossível lidar com uma miríade de primeiros-ministros, ministros
das Finanças, comissários, funcionários do Eurogrupo e falcões do BCE e que o
programa de ajustamento feito em Atenas se baseou em pressupostos irrealistas.
Bruxelas não gostou
da deslealdade e, a 07 de Junho, o comissário europeu para os Assuntos
Económicos acusou o FMI de "lavar as mãos e deitar a água suja para os
europeus".
Apesar destas palavras
duras, em público, Olli Rehn continua a afirmar que os programas seguem no bom
caminho, mas já em privado, escreve o El País, fontes comunitárias assumem que
o resgate à Grécia "não funciona" e prevêem uma nova reestruturação
da dívida como pede a instituição liderada pela francesa Christine Lagarde. E
dizem que também os resgates de Portugal e da Irlanda deixam
muitas dúvidas.
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