Deutsche Welle
Ministério das
Relações Exteriores de Angola anunciou que a Comissão dos Direitos Humanos da
União Africana considerou improcedente a queixa-crime de David Mendes (à
direita, na foto) contra o Estado angolano.
O Ministério das
Relações Exteriores de Angola pôs a circular um comunicado dando a conhecer que
a Comissão dos Direitos Humanos da União Africana (UA) considerou improcedente
a queixa-crime apresentada pelo advogado David Mendes contra o Estado angolano,
por alegada perseguição política que colocava em risco a sua vida, desde que
anunciou a sua candidatura às eleições gerais de 2012.
Esta queixa foi
apresentada depois de David Mendes introduzir uma outra queixa-crime junto da
Procuradoria-Geral da República contra o chefe de Estado angolano, José Eduardo
dos Santos, por alegadamente possuir diversas contas bancárias no exterior, com
montantes obtidos de forma ilícita.
Segundo o ministério encarregue da diplomacia angolana, a comissão da UA faz notar que o queixoso não prestou quaisquer provas em apoio às suas acusações e, enquanto proeminente advogado em Angola, devia apresentar provas concretas e demonstrar de forma suficiente que as suas alegações estavam devidamente fundamentadas.
Comunicado é
manipulador, diz David Mendes
Contactado pela DW
África, o político e advogado David Mendes rebate o comunicado do governo
angolano, alegando haver uma deturpação da decisão da comissão da UA, com
objectivo de descredibilizar a sua imagem. "Podem ter faltado alguns
elementos, porque faltou coordenação para que todos os elementos existentes
pudessem sustentar a acusação", afirma o advogado, explicando, no entanto,
que "não é verdade que não há provas". "Há insuficiência de
provas: são duas coisas diferentes".
"Os elementos
de provas que possuímos não estavam na posse dos nossos companheiros da
Comissão de Direitos Humanos", explica o político.
David Mendes afirma tratar-se de um comunicado que visa manipular a opinião pública, com o principal propósito de transmitir a ideia de que as denúncias de corrupção contra o presidente José Eduardo dos Santos "nao têm qualquer fundamento".
"Estamos a reagir a este comunicado manipulado feito pelo ministério para enganar a opinião pública, para que pessoas menos atentas pensem que se está a relacionar com o processo que estamos a desencadear contra o presidente ds República", afirma o advogado.
AJPD questiona:
Porquê publicitar este caso?
A Associação
Justiça, Paz e Democracia (AJPD), ligada à defesa dos direitos humanos, já
reagiu ao comunicado do governo de Luanda. A diretora da associação, Lúcia da
Silveira, afirma ser normal que a União Africana considere improcedente este
processo, como também pode vir a condenar o Estado angolano em outros processos
ainda em curso naquele organismo.
"Da mesma
forma que a comissão decidiu que não havia matéria para seguir com o caso,
podia ter decidido que havia. Assim como noutros casos que foram apresentados à
comissão e que ainda estão por decidir", afirma. "É normal, não
entendo o porquê de tanto alarido", considera Lúcia da Silveira.
A ativista cívica da AJPD estranha que o governo angolano esteja a publicitar este assunto, quando não o fez na altura em que foi condenado pela União Africana por ter expulso de forma ilegal alguns gambianos que residiam em Angola. "Admiro-me pelo facto de o governo angolano não ter publicitado uma condenação por parte da comissão em relação a este caso. E agora fazem publicidade deste caso específico."
"Claramente há
uma intenção de denegrir a imagem de David Mendes", conclui a ativista.
A DW África contatou, sem sucesso, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros e o gabinete do ministro Gorge Chicoty.
Autoria: Nelson Sul
D’Angola - Edição: Maria João Pinto / António Rocha
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