domingo, 22 de setembro de 2013

Brasil: PÃO E CIRCO NO PAÍS DA PALHAÇADA

 


Alessandro Lyra Braga – Debates Culturais
 
O Brasil foi, é e sempre será o país mais surrealista e hipócrita da face da Terra. Aqui, nem sempre se plantando tudo dá, mas sempre tudo termina bem para uns e para a maioria, se não termina bem, pelo menos sempre sobra distração. Distraindo o povo com festas, a festa nos bastidores de nossa política não acabará nunca, pensa nossa elite. Um grande exemplo disso foi a decisão final sobre os embargos infringentes, que teve menos destaque da mais poderosa e medíocre emissora brasileira de TV do que o questionável festival de rock (que teve mais de outros ritmos do que de rock). O povo via várias chamadas durante o dia para os shows, enquanto o Brasil sofria mais uma sangria em sua deplorável história política.
 
Quem me sugeriu escrever sobre este tema foi um amigo meio esquisito. Ele acredita que ainda vale à pena ser honesto e decente no Brasil. Logicamente que ele sofre de constante depressão, ainda mais porque trabalha no mundo jornalístico e percebe muito bem o que fazem com o nosso povo. Embora, estou certo disso, o povo goste de ser enganado.
 
Um dia desses, divulguei num grupo do Facebook, um artigo publicado aqui neste portal e fui absurdamente hostilizado por uma horda de esquerdizóides fundamentalistas, do tipo que conhecíamos no passado como petistas xiitas. Eles defenderam que não houve Mensalão, acusando o PSDB de ser a origem de todas as mazelas brasileiras. FHC, para eles, é o próprio Diabo! Eles não aceitam que houve gastos em excessos com as obras para a Copa do Mundo e para os jogos olímpicos aqui no Rio de Janeiro. Eles acham que é mentira que as obras para a transposição do Rio São Francisco estejam paradas e em muitos trechos já estando tudo destruído antes mesmo de inaugurar. Eles acham natural o governo dar dinheiro para Cuba reformar seus aeroportos, estando os nossos aos pedaços. Eles acham natural o governo perdoar dívida de país africano governado por ditador, que esbanja dinheiro por aí, sem se importar com seu povo faminto. E ainda acham que foi um gesto nobre do Lula fazer aliança com o Maluf para eleger o Haddad à prefeitura de São Paulo. Enfim, eles acham a vida uma festa.
 
Analisando mais, vemos como é curioso que o PT tenha se empenhado tanto em trazer a Copa do Mundo para o Brasil, justamente para que ela aconteça meses antes de uma complicada eleição presidencial. Pessoalmente, acredito que muita coisa acontecerá nos bastidores do mundo político e futebolístico, e, consequentemente, acredito que o Brasil será campeão da Copa, fazendo o povo entender que cada centavo gasto valeu à pena. Alguém duvida disso?
 
Outra forma de distrair a todos com que está acontecendo agora em nosso país, com a economia indo para o beleléu, é a CPI da espionagem americana. Os Estados Unidos espionam o mundo inteiro há décadas e todo mundo sabe disso. Só agora, quando alguns documentos secretos dos americanos vazou para a imprensa, é que nosso governo resolveu se revoltar? E Dilma deixar de ir aos Estados Unidos teve que tipo de resultado? Na verdade, nenhum. Ou melhor, deixou-se de gastar milhões de dólares na viagem, onde a imensa comitiva provavelmente ficaria em caríssimos hotéis cinco estrelas, com altas diárias e vista grossa da alfândega ao regressar ao país. Além disso, o Obama foi poupado de reencontrar nossa presidente, tão desprovida de atributos de beleza e de simpatia. Tem até uma piada rodando pelo Facebook onde a Dilma pergunta ao Obama que se eles estavam realmente a espionando, então qual seria a marca da calcinha dela, e o Obama responde “Zorba”. É ou não é muito pão e muito circo?
 
A prática de dar pão e circo ao povo, ou seja, alimento e distração para que ninguém reclame do que ocorre nas mais altas esferas do poder, surgiu no Império Romano, que graças a esta prática, teve uma duração imensa. Como Vinícius de Moraes, rogo ao “senhor das esferas” que isto não aconteça conosco, que este partido não se perpetue no poder como tanto deseja. Nós, brasileiros, podemos até sermos bobos, mas não somos maus o bastante para merecer isto!
 
*Alessandro Lyra Braga é carioca, por engano. De formação é historiador e publicitário, radialista por acidente e jornalista por necessidade de informação. Vive vários dilemas religiosos, filosóficos e sociológicos. Ama o questionamento.
 
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1 comentário:

Unknown disse...

Tão claro quanto a água que o pseudo intelectual aí, não faz ideia, nem de longe, do que está falando.
Só mais um por aí. História e Publicidade é a pior combinação. Indico um pouco de ciência política e muito filosofia.

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