Alessandro Lyra Braga – Debates Culturais
O
Brasil foi, é e sempre será o país mais surrealista e hipócrita da face da
Terra. Aqui, nem sempre se plantando tudo dá, mas sempre tudo termina bem para
uns e para a maioria, se não termina bem, pelo menos sempre sobra distração.
Distraindo o povo com festas, a festa nos bastidores de nossa política não
acabará nunca, pensa nossa elite. Um grande exemplo disso foi a decisão final
sobre os embargos infringentes, que teve menos destaque da mais poderosa e
medíocre emissora brasileira de TV do que o questionável festival de rock (que
teve mais de outros ritmos do que de rock). O povo via várias chamadas durante
o dia para os shows, enquanto o Brasil sofria mais uma sangria em sua
deplorável história política.
Quem me sugeriu
escrever sobre este tema foi um amigo meio esquisito. Ele acredita que ainda
vale à pena ser honesto e decente no Brasil. Logicamente que ele sofre de
constante depressão, ainda mais porque trabalha no mundo jornalístico e percebe
muito bem o que fazem com o nosso povo. Embora, estou certo disso, o povo goste
de ser enganado.
Um dia desses,
divulguei num grupo do Facebook, um artigo publicado aqui neste portal e fui
absurdamente hostilizado por uma horda de esquerdizóides fundamentalistas, do
tipo que conhecíamos no passado como petistas xiitas. Eles defenderam que não
houve Mensalão, acusando o PSDB de ser a origem de todas as mazelas
brasileiras. FHC, para eles, é o próprio Diabo! Eles não aceitam que houve
gastos em excessos com as obras para a Copa do Mundo e para os jogos olímpicos
aqui no Rio de Janeiro. Eles acham que é mentira que as obras para a
transposição do Rio São Francisco estejam paradas e em muitos trechos já
estando tudo destruído antes mesmo de inaugurar. Eles acham natural o governo
dar dinheiro para Cuba reformar seus aeroportos, estando os nossos aos pedaços.
Eles acham natural o governo perdoar dívida de país africano governado por
ditador, que esbanja dinheiro por aí, sem se importar com seu povo faminto. E
ainda acham que foi um gesto nobre do Lula fazer aliança com o Maluf para eleger
o Haddad à prefeitura de São Paulo. Enfim, eles acham a vida uma festa.
Analisando mais,
vemos como é curioso que o PT tenha se empenhado tanto em trazer a Copa do
Mundo para o Brasil, justamente para que ela aconteça meses antes de uma
complicada eleição presidencial. Pessoalmente, acredito que muita coisa
acontecerá nos bastidores do mundo político e futebolístico, e,
consequentemente, acredito que o Brasil será campeão da Copa, fazendo o povo
entender que cada centavo gasto valeu à pena. Alguém duvida disso?
Outra forma de
distrair a todos com que está acontecendo agora em nosso país, com a economia
indo para o beleléu, é a CPI da espionagem americana. Os Estados Unidos
espionam o mundo inteiro há décadas e todo mundo sabe disso. Só agora, quando
alguns documentos secretos dos americanos vazou para a imprensa, é que nosso
governo resolveu se revoltar? E Dilma deixar de ir aos Estados Unidos teve que
tipo de resultado? Na verdade, nenhum. Ou melhor, deixou-se de gastar milhões
de dólares na viagem, onde a imensa comitiva provavelmente ficaria em
caríssimos hotéis cinco estrelas, com altas diárias e vista grossa da alfândega
ao regressar ao país. Além disso, o Obama foi poupado de reencontrar nossa
presidente, tão desprovida de atributos de beleza e de simpatia. Tem até uma
piada rodando pelo Facebook onde a Dilma pergunta ao Obama que se eles estavam
realmente a espionando, então qual seria a marca da calcinha dela, e o Obama
responde “Zorba”. É ou não é muito pão e muito circo?
A prática de dar
pão e circo ao povo, ou seja, alimento e distração para que ninguém reclame do
que ocorre nas mais altas esferas do poder, surgiu no Império Romano, que
graças a esta prática, teve uma duração imensa. Como Vinícius de Moraes, rogo
ao “senhor das esferas” que isto não aconteça conosco, que este partido não se
perpetue no poder como tanto deseja. Nós, brasileiros, podemos até sermos
bobos, mas não somos maus o bastante para merecer isto!
*Alessandro Lyra
Braga é carioca, por engano. De formação é historiador e publicitário,
radialista por acidente e jornalista por necessidade de informação. Vive vários
dilemas religiosos, filosóficos e sociológicos. Ama o questionamento.
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Debates Culturais
1 comentário:
Tão claro quanto a água que o pseudo intelectual aí, não faz ideia, nem de longe, do que está falando.
Só mais um por aí. História e Publicidade é a pior combinação. Indico um pouco de ciência política e muito filosofia.
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