Tiago Mota Saraiva – Jornal i, opinião
Domingo fará um ano
que uma das maiores manifestações de contestação à "troika e aos
troikistas" - formulação utilizada pelos subscritores da sua convocatória
- saiu às ruas um pouco por todo o país. Os mais simpáticos dizem que o 15S
derrotou as alterações à TSU, mesmo que alguns dos donos do país as
contestassem. Outros dizem que foi uma válvula de escape que libertou uma parte
da pressão. Não partilhando de nenhuma destas visões e sem retirar o mérito de
ter sido um gigantesco sinal político, não creio que seja momento de
comemorações.
O 15 de Setembro
afirmou o que ficou ainda mais claro a 2 de Março. Existe uma ruptura insanável
entre quem nos governa e o povo. Cavaco convocou o Conselho de Estado para
cerrar fileiras, Relvas inventou umas quantas notícias e Seguro, em entrevista
na televisão, tentou capitalizar para si o sucesso da manifestação desviando as
suas reivindicações. Mas na realidade o que ficou na cabeça de todos é que uma
extraordinária manifestação política não cumpriu os seus objectivos mínimos.
Apesar da intensa
campanha governamental que ocupa os órgãos de comunicação social, sabemos que
vivemos pior. Sabemos que mais gente perdeu o trabalho, a casa, os filhos
(emigrados), os avós (pouco tratados nos hospitais públicos). Pode haver dúvidas
sobre o que podemos, mas nada fazer é uma loucura.
Com a crise a ser
adoçada até ao dia das eleições autárquicas (quão longe vai o "que se
lixem as eleições" de Passos Coelho), o OE2014 tornará públicos em Outubro
os novos cortes combinados com a troika e que Portas esconde desde Fevereiro. A
convocatória da CGTP para dia 19/10 e o início de construção de uma nova grande
manifestação para dia 26/10 (data provisória) - anunciada pelo Que Se Lixe a
Troika - dizem respeito a todos. Só é inevitável o que deixarmos acontecer.
Escreve ao sábado
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