sábado, 14 de setembro de 2013

Portugal: 15 DE SETEMBRO DE 2012

 

Tiago Mota Saraiva – Jornal i, opinião
 
Domingo fará um ano que uma das maiores manifestações de contestação à "troika e aos troikistas" - formulação utilizada pelos subscritores da sua convocatória - saiu às ruas um pouco por todo o país. Os mais simpáticos dizem que o 15S derrotou as alterações à TSU, mesmo que alguns dos donos do país as contestassem. Outros dizem que foi uma válvula de escape que libertou uma parte da pressão. Não partilhando de nenhuma destas visões e sem retirar o mérito de ter sido um gigantesco sinal político, não creio que seja momento de comemorações.
 
O 15 de Setembro afirmou o que ficou ainda mais claro a 2 de Março. Existe uma ruptura insanável entre quem nos governa e o povo. Cavaco convocou o Conselho de Estado para cerrar fileiras, Relvas inventou umas quantas notícias e Seguro, em entrevista na televisão, tentou capitalizar para si o sucesso da manifestação desviando as suas reivindicações. Mas na realidade o que ficou na cabeça de todos é que uma extraordinária manifestação política não cumpriu os seus objectivos mínimos.
 
Apesar da intensa campanha governamental que ocupa os órgãos de comunicação social, sabemos que vivemos pior. Sabemos que mais gente perdeu o trabalho, a casa, os filhos (emigrados), os avós (pouco tratados nos hospitais públicos). Pode haver dúvidas sobre o que podemos, mas nada fazer é uma loucura.
 
Com a crise a ser adoçada até ao dia das eleições autárquicas (quão longe vai o "que se lixem as eleições" de Passos Coelho), o OE2014 tornará públicos em Outubro os novos cortes combinados com a troika e que Portas esconde desde Fevereiro. A convocatória da CGTP para dia 19/10 e o início de construção de uma nova grande manifestação para dia 26/10 (data provisória) - anunciada pelo Que Se Lixe a Troika - dizem respeito a todos. Só é inevitável o que deixarmos acontecer.
 
Escreve ao sábado
 
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