2013 foi um ano
tristezas e alegrias para o continente africano: o Mali elegeu em julho um novo
Presidente. No Congo destaque para a capitulação dos rebeldes do M23. E a
África do Sul disse adeus a Nelson Mandela.
África do Sul:
Nigéria vence campeonato africano de futebol
O Estádio FNB de
Joanesburgo – o denominado Soccer-City ("cidade do futebol"): é aqui
que – no dia 10 de fevereiro de 2013 – se realiza a final do CAN 2013, a Copa
Africana das Nações. Nesse jogo a Nigéria bateu o Burkina Faso por 1:0,
sagrando-se pela terceira vez campeã africana. O golo decisivo é marcado aos 40
minutos da primeira parte, pelo meio-campista nigeriano Sunday Mba que se
mostra feliz com a vitória, agradecendo a todos os jogadores pelos esforços
investidos e lembrando que "todos eles rezaram pela Nigéria e Deus ouviu
as orações."
Quénia: eleições
Nesse dia as filas
de espera junto às assembleias de voto são enormes, e o ambiente é tenso. Desde
o início do ato eleitoral, as previsões apontam para uma vitória do candidato
Uhuru Kenyatta.
Kenyatta não tem
apenas apoiantes: muita gente acusa-o de – durante a campanha para as últimas
eleições há cinco anos – ter incitado ao uso de violência contra os apoiantes
dos seus rivais. Uhuru Kenyatta e o seu designado vice, William Ruto, são por
isso alvos de um processo por crimes contra a Humanidade, perante o Tribunal
Penal Internacional, o TPI, em Haia.
Quatro dias depois
das eleições é divulgado o resultado oficial do pleito no Quénia: Kenyatta é o
vencedor, com uma margem mínima, não necessitando de se sujeitar a uma segunda
volta.
Palavras do novo
Presidente: "Meus compatriotas, celebramos hoje o triunfo da democracia,
da paz e da unidade nacional. Apesar da resistência de muitos, por esse mundo
fora, conseguimos comprovar a nossa maturidade política, que superou todas as expetativas."
Em setembro,
Kenyatta envereda definitivamente pela via da confrontação com o TPI: o
parlamento queniano decide suspender o contrato de cooperação com o Tribunal de
Haia.
O processo contra o
Presidente queniano, porém, continua, uma vez que não é possível cancelá-lo
retroativamente. Em fevereiro de 2014 deverá começar o processo, na sede do
TPI, em Haia.
Nigéria: estado de emergência depois dos atentados do grupo islamista Boko Haram
Nigéria: estado de emergência depois dos atentados do grupo islamista Boko Haram
Depois de atentados
do do grupo islamista Boko Haram em várias localidades do norte da Nigéria,
Goodluck Jonathan, o presidente nigeriano, envia o exército para uma ofensiva
contra o Boko Haram. Em três das regiões mais afetadas é proclamado o estado de
emergência.
O porta-voz do partido governamental nigeriano, Abdullahi Jallo, explica, de modo explícito, a posição do Presidente: "O Presidente não vai aceitar a violência. Sublinhe-se: não vai aceitar, que o inimigo tome um centímetro que seja deste país!"
A ofensiva militar não surte muito efeito: em julho são mortos, pelo menos, 27 alunos e professores, num atentado contra um colégio na cidade de Potiskum. Outros atos de violência se sucedem: no início de dezembro, por exemplo, o Boko Haram ataca com 500 combatentes uma base aérea na cidade de Maiduguri.
O porta-voz do partido governamental nigeriano, Abdullahi Jallo, explica, de modo explícito, a posição do Presidente: "O Presidente não vai aceitar a violência. Sublinhe-se: não vai aceitar, que o inimigo tome um centímetro que seja deste país!"
A ofensiva militar não surte muito efeito: em julho são mortos, pelo menos, 27 alunos e professores, num atentado contra um colégio na cidade de Potiskum. Outros atos de violência se sucedem: no início de dezembro, por exemplo, o Boko Haram ataca com 500 combatentes uma base aérea na cidade de Maiduguri.
Em entrevista à DW,
um morador de Maiduguri mostra-se indignado com a falta de segurança na sua
cidade: "Estamos a ver que o governo não tem soluções para o grave
problema da falta de segurança. O governo tem que fazer o seu trabalho de forma
competente, não basta declarar o estado de emergência e ordenar um recolher
obrigatório noturno!"
Mali: ano de eleições, esperança e caos
Mali: ano de eleições, esperança e caos
O caos no Mali
começara em março de 2012, altura em que o presidente Amadou Toumani Touré
(conhecido como "ATT") foi deposto, na sequência de um golpe militar.
Em janeiro de 2013, a França decide intervir militarmente. Com a ajuda dos
franceses as tropas oficiais malianas conseguem reprimir as forças rebeldes
islamistas e afetas a grupos separatistas tuaregues, tornando assim possível a
realização de eleições presidenciais, no mês de julho. Nessas eleições, o
antigo chefe do governo, Ibrahim Boubacar Keϊta (conhecido como
"IBK"), é eleito novo Presidente do Mali.
Foram estas as palavras proferidas pelo novo Presidente maliano durante da sua tomada de posse, em setembro: "Juro, perante Deus e perante a população maliana, defender a República com toda a lealdade e exercer as minhas funções no respeito pelos supremos interesses da Nação, em preservar a democracia e defender a unidade nacional, assim como a integridade do território nacional."
Mas no final deste ano de 2013, as tensões no Mali voltam a aumentar. E acontecem mesmo novos confrontos armados entre o exército e rebeldes tuaregues. Os confrontos culminam com o anúncio dos rebeldes de que deixariam de respeitar o acordo de cessar fogo, assinado em julho.
Quénia: terroristas armados atacam centro comercial em Nairobi
Foram estas as palavras proferidas pelo novo Presidente maliano durante da sua tomada de posse, em setembro: "Juro, perante Deus e perante a população maliana, defender a República com toda a lealdade e exercer as minhas funções no respeito pelos supremos interesses da Nação, em preservar a democracia e defender a unidade nacional, assim como a integridade do território nacional."
Mas no final deste ano de 2013, as tensões no Mali voltam a aumentar. E acontecem mesmo novos confrontos armados entre o exército e rebeldes tuaregues. Os confrontos culminam com o anúncio dos rebeldes de que deixariam de respeitar o acordo de cessar fogo, assinado em julho.
Quénia: terroristas armados atacam centro comercial em Nairobi
Terroristas somalis
atacam o centro comercial de Westgate na capital do Quénia, Nairobi. Os
atacantes ficam entrincheirados no interior do edifício, com vários reféns. As
milícias islamistas Al-Shabaab, provenientes da Somália, reivindicam e
justificam o ataque e a tomada de reféns: "O que os quenianos estão a
presenciar no centro comercial de Westgate é um ato de justiça que pretende
vingar os atos criminosos que o exército queniano comete na Somália."
Não foi a primeira vez que terroristas somalis atacaram no Quénia, país que decidira participar com soldados na missão internacional de pacificação da Somália.
O Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, exprimiu as suas sentidas condolências aos familiares das vítimas do ataque: "Os meus sentimentos e os sentimentos de toda a Nação estão com as famílias das vítimas às quais quero apresentar os meus sentidos pêsames. Peço a Deus que nos dê consolo, neste momento difícil. Conheço bem a vossa dor, pois eu também perdi um parente próximo neste ataque terrorista."
Quatro dias depois do ataque soldados quenianos recuperam o controlo sobre o edifício e abatem cinco dos sequestradores. O balanço do atentado é cruel: 67 mortos e mais de 300 feridos.
Zimbabué: eleições parlamentares e presidenciais
Não foi a primeira vez que terroristas somalis atacaram no Quénia, país que decidira participar com soldados na missão internacional de pacificação da Somália.
O Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, exprimiu as suas sentidas condolências aos familiares das vítimas do ataque: "Os meus sentimentos e os sentimentos de toda a Nação estão com as famílias das vítimas às quais quero apresentar os meus sentidos pêsames. Peço a Deus que nos dê consolo, neste momento difícil. Conheço bem a vossa dor, pois eu também perdi um parente próximo neste ataque terrorista."
Quatro dias depois do ataque soldados quenianos recuperam o controlo sobre o edifício e abatem cinco dos sequestradores. O balanço do atentado é cruel: 67 mortos e mais de 300 feridos.
Zimbabué: eleições parlamentares e presidenciais
Nas eleições
presidenciais de 2008 o candidato da oposição, Morgan Tsvangirai, tinha ficado
à frente de Robert Mugabe, na primeira ronda, o que daria direito a uma segunda
volta. Mas essa segunda volta não chegou a realizar-se, porque Mugabe iniciou
uma campanha de violência, e Tsvangirai retirou-se da corrida, com medo de uma
escalada da violência.
Em 2013, Mugabe anuncia aceitar o resultado das próximas eleições, qualquer que seja o resultado: "Quando se entra num processo de competição, pode sempre haver dois tipos de desfecho: ou se vence ou se perde! Em caso de derrota é certo que temos que admitir essa derrota perante os nossos adversários. E é isso que vamos fazer. Vamos aceitar as regras do jogo."
O resultado oficial das eleições é explícito: o partido de Mugabe vence com 61 por cento. O Zanu-PF conquista dois terços dos assentos parlamentares. Robert Mugabe de 89 anos de idade consegue assim reforçar a sua base de poder em 2013 e poderá mesmo proceder a alterações à constituição, sem aprovação da oposição.
Em 2013, Mugabe anuncia aceitar o resultado das próximas eleições, qualquer que seja o resultado: "Quando se entra num processo de competição, pode sempre haver dois tipos de desfecho: ou se vence ou se perde! Em caso de derrota é certo que temos que admitir essa derrota perante os nossos adversários. E é isso que vamos fazer. Vamos aceitar as regras do jogo."
O resultado oficial das eleições é explícito: o partido de Mugabe vence com 61 por cento. O Zanu-PF conquista dois terços dos assentos parlamentares. Robert Mugabe de 89 anos de idade consegue assim reforçar a sua base de poder em 2013 e poderá mesmo proceder a alterações à constituição, sem aprovação da oposição.
Moçambique: o ano
de 2013 marcou o regresso à violência
Muita tensão entre
os antigos movimentos beligerantes FRELIMO e RENAMO: em outubro, os dirigentes
da RENAMO decidem, nomeadamente, suspender o tratado de paz, assinado em 1992.
O Governo da FRELIMO é acusada de autoritarismo e de querer controlar todo o país.
Desde abril que se registam detenções arbitrárias de oposicionistas. A RENAMO
reage com ataques contra forças de segurança, sobretudo ao longo da estrada
nacional EN1.
José Mucote,
diretor da Rádio Save, uma rádio parceira da DW, descreve a situação que se
vive nesta que é a mais importante artéria do país: "Existe um clima de
medo da população, não apenas ao longo da estrada nacional. As pessoas têm medo
de um retorno à guerra."
Quando as forças de segurança resolvem atacar a base da RENAMO de Satunjira na Gorongosa, a RENAMO resolve retirar-se do Acordo Geral de Paz assinado em Roma no ano de 1992. Moçambique corre o risco de reviver um dos mais obscuros capítulos da sua história: a guerra civil entre as tropas do Governo da FRELIMO e os rebeldes da RENAMO, uma guerra que terá custado a vida a quase um milhão de moçambicanos.
Itália: o naufrágio de Lampedusa
Quando as forças de segurança resolvem atacar a base da RENAMO de Satunjira na Gorongosa, a RENAMO resolve retirar-se do Acordo Geral de Paz assinado em Roma no ano de 1992. Moçambique corre o risco de reviver um dos mais obscuros capítulos da sua história: a guerra civil entre as tropas do Governo da FRELIMO e os rebeldes da RENAMO, uma guerra que terá custado a vida a quase um milhão de moçambicanos.
Itália: o naufrágio de Lampedusa
No dia 3 de outubro
de 2013,um barco com mais de 500 refugiados africanos a bordo afunda-se no
mediterrâneo. 390 pessoas morrem afogadas. O barco vinha da Líbia, cheio de
pessoas, sobretudo oriundas da Somália e da Eritreia, à procura de melhores
condições de vida. Lágrimas e revolta: é essa a reação na Europa à tragédia.
O Papa Francisco também não ficou indiferente: "Quero evocar o elevado número de vítimas desta tragédia que aconteceu no mar de Lampedusa: só tenho uma palavra para descrever o que aconteceu: vergonha."
Segundo os observadores, as autoridades europeias não são eficientes para tratar do fluxo constante de imigrantes clandestinos que tentam chegar à Europa. O padre católico Abba Musse, da Eritreia, é de opinião que a Europa dever mudar de política para combater as redes de tráfico de seres humanos: "Se os países europeus querem lutar contra os traficantes, só há uma hipótese: têm que abrir as suas portas aos refugiados, para que possam entrar na Europa de forma legal."
República Democrática do Congo: a vitória sobre os rebeldes do M23
O Papa Francisco também não ficou indiferente: "Quero evocar o elevado número de vítimas desta tragédia que aconteceu no mar de Lampedusa: só tenho uma palavra para descrever o que aconteceu: vergonha."
Segundo os observadores, as autoridades europeias não são eficientes para tratar do fluxo constante de imigrantes clandestinos que tentam chegar à Europa. O padre católico Abba Musse, da Eritreia, é de opinião que a Europa dever mudar de política para combater as redes de tráfico de seres humanos: "Se os países europeus querem lutar contra os traficantes, só há uma hipótese: têm que abrir as suas portas aos refugiados, para que possam entrar na Europa de forma legal."
República Democrática do Congo: a vitória sobre os rebeldes do M23
Depois de uma
decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o diplomata alemão Martin
Kobler, que chefia a missão da ONU na RDC, dá ordens a 3.000 capacetes azuis,
para que desmantelem os rebeldes do grupo M23. "Estamos aqui no Congo para
proteger os cidadãos", disse Kobler. "Atuamos com todos os meios
disponíveis ao lado do exército oficial congolês."
Os rebeldes sofrem uma derrota e tudo indica que ela será duradoira. A 5 de novembro o M23 apresenta a sua capitulação.
República Centro-Africana: mais um foco de instabilidade em África
Os rebeldes sofrem uma derrota e tudo indica que ela será duradoira. A 5 de novembro o M23 apresenta a sua capitulação.
República Centro-Africana: mais um foco de instabilidade em África
Em março, a Séléka,
uma aliança de vários grupos rebeldes, inicia o golpe contra o governo de
Bangui. O dirigente rebelde Michel Djotodia é declarado Presidente de
transição. Mas a população cada vez mais sofre com o caos em que o país
mergulha. O conflito entre muçulmanos e cristãos intensifica-se. Sucedem-se
casos de assaltos, pilhagens e violações, muitas vezes perpetrados por membros
do próprio Séléka.
Andreas Mehler, do
Instituto Leibnitz, de Hamburgo, descreve a situação: "É uma autêntica
catástrofe: na República Centro-Africana há muita gente subnutrida, a
assistência médica também desmoronou, as crianças deixaram de frequentar
escolas. Cerca de 1,6 milhões dos 4,6 milhões habitantes do país precisam de
ajuda de emergência."
Os Estados Unidos da América e a França chamam a atenção de que poderá acontecer um genocídio. O Conselho de Segurança da ONU decide que é necessária uma intervenção internacional. Em dezembro, a França envia mil soldados e inicia uma ofensiva com o objetivo de desarmar os rebeldes.
2013: o ano do adeus a Mandela
Os Estados Unidos da América e a França chamam a atenção de que poderá acontecer um genocídio. O Conselho de Segurança da ONU decide que é necessária uma intervenção internacional. Em dezembro, a França envia mil soldados e inicia uma ofensiva com o objetivo de desarmar os rebeldes.
2013: o ano do adeus a Mandela
"O nosso
querido Nelson Rolihlahla Mandela, o nosso Presidente, fundador da nossa nação
democrática, desapareceu. Faleceu na paz na companhia da sua família, por volta
das 20h50 do dia 5 de dezembro", anunciou Jacob Zuma, o Presidente
sul-africano, muito comovido, a morte de Nelson Mandela.
Nelson Mandela
lutou praticamente durante toda a sua vida contra o "apartheid", a
separação das raças na África do Sul. Lutou contra a injustiça e a favor da
liberdade. Como estudante lutou contra o regime de segregação racial, foi
prisioneiro político durante 27 anos. Em 1990 recuperou a liberdade. Em 1994 é
eleito Presidente.
A 15 de Dezembro é, finalmente, enterrado em Qunu, sua aldeia natal. As ceremónias do adeus a "Madiba" contam com a presença de cerca de 100 chefes de Estado e de Governo.
O ano de 2013 foi, também, o ano do adeus a Nelson Mandela.
A 15 de Dezembro é, finalmente, enterrado em Qunu, sua aldeia natal. As ceremónias do adeus a "Madiba" contam com a presença de cerca de 100 chefes de Estado e de Governo.
O ano de 2013 foi, também, o ano do adeus a Nelson Mandela.
Deutsche Welle - Autoria Madelaine
Meier - Edição António Cascais / Johannes Beck
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